As minhas mães me odeiam, eu sinto isso, agora esse sentimento parece mais forte, eu nunca faria aquilo de propósito. Quando cheguei em casa depois do meu treinamento constrangedor com Minho, Nancy não me deu boa noite ou muito menos olhou na minha cara, acho que pela primeira vez... senti que não fazia parte daquela família. Elas eram boas pessoas, trabalhavam fazendo o bem e combatendo pessoas como eu. Eu não merecia estar ali, não merecia aquele teto sobre a minha cabeça e todos os anos de cuidado que elas dedicaram a mim.
Quando Yoona apareceu logo depois, ela sentou-se ao meu lado na minha cama, suspirou como se os pulmões estivessem carregados de angústia e tocou a minha mão com toda delicadeza do mundo, ela não tinha medo de mim.
— A sua mãe só precisa de um tempo, ela ficou bem assustada como que aconteceu e... ainda está se recuperando.
— Eu quase a matei, pode dizer mamãe, eu sei bem o que eu fiz mas não foi de propósito, eu nunca machucaria nenhuma de vocês daquele jeito, nunca. — os meus olhos ardem quando as lágrimas se formam e rolam por minhas bochechas. — Eu estava tendo um pesadelo terrível onde me forçavam a matar um... sei lá, uma espécie de macaco e eu ficava apavorada quando o animal tentava me atacar, eu parecia ser parte de uma experiência — eu fungo enquanto mais lágrimas escorrem pelo meu rosto — as pessoas ao redor pareciam tão fascinadas comigo...
— Eu sinto muito meu amor... — mamãe me puxa para um abraço e eu agradeço muito por senti-la daquela forma. — sinto muito mesmo, mas quero que saiba que nunca deixaríamos algo assim te acontecer.
— Eu sei... — assinto quando ela se afasta e enxugo o meu rosto.
— Tem uma coisa que eu queria perguntar a você... — ela enrola o máximo que consegue e um sorriso cresce em seus lábios — eu vi você na sala de treinamento... — as minhas bochechas se esquentam e os meus olhos se arregalam — Você gosta dele?
— O que? Dele quem? Não gosto de ninguém! — as palavras simplesmente voam, saem tão rápido que nem o meu cérebro consegue terminar de formular.
— Não precisa ficar nervosa, isso é normal.
— Eu não gosto de ninguém, tá bom? o Minho se ofereceu para me... — paro de falar antes que deixe escapar qualquer coisa que não deveria ser dita — ele só estava me mostrando uns golpes que viu na televisão.
— Sabe que não gosto de você naquela área, não é? — eu assinto. — Não quero ver você lá novamente, pode ser? — eu concordo mais uma vez e ela sorrir — Ótimo, agora eu vou lá falar com a sua mãe, não se preocupe, logo as coisas vão voltar a ser o que eram.
Eu sabia bem que aquela sua última frase era uma grande mentira, nada nunca voltaria a ser como era antes, Jeongin foi morto por um cretino que nunca sequer foi investigado, não está preso e nem pagando pelo seu crime e eu quase matei a minha mãe! Nada nunca voltaria a ser como era, como ela podia mentir assim na minha cara? Eu odeio tanto isso, ainda me tratam como se eu fosse uma criança.
Na manhã seguinte eu estava novamente na sala de treino rodopiando por todo espaço com uma barra de ferro em mãos, ninguém poderia me parar, não enquanto o meu irmão fosse vingado, não enquanto eu não pudesse ficar em paz.
— Bu! — viro-me rapidamente quando alguém chega por trás e lhe bato com a barra no estômago mas ele parece não sentir, juro que bati com bastante força pelo susto. — Au... — ele diz resmungando e colocando a mão sobre o abdômen — Tenho ordens para não deixá-la continuar seu treino, mocinha.
— Mocinha? — minha sobrancelha se arqueia e ele sorrir de canto.
— Isso mesmo, mocinha, você não pode mais subir aqui, recebi ordens diretas. — só podia ser Yoona, ontem ela estava com um papo esquisito sobre eu gostar de Minho e aposto que ela faria qualquer coisa pra descobrir se aquela bobagem é verdade, o que obviamente não é! — Alô?
— Some daqui e eu não acabo com você. — digo me virando de costas para Minho, bato com a barra de ferro no chão tentando voltar para o meu treino mas num piscar de olhos ele chutou a minha barra para cima e a aparou com uma mão. — Que diabos? O que você ainda quer?
— Você é tão irritadinha... — eu o odeio, eu o odeio tanto. Quem ele pensa que é?
— Repete...
Me viro em sua direção e ele sorrir ainda mais largo girando a barra de ferro entre os dedos como se não fosse nenhum pouco pesada.
— Quer que eu repita? Por acaso a minha voz é música para os seus ouvidos, mocinha?— Num pulo rápido eu o prenso sobre a parede com a barra de ferro entre o seu peito e o cretino continua a sorrir.
— Me deixe em paz! Eu não sei o que diabos você quer atrás de mim mas eu não tenho nenhum interesse em você. — eu quase grito e finalmente o vejo parar de sorrir e arquear as duas sobrancelhas.
— Você acha que eu estou interessado em você? — ele rir, rir tão alto que o meu estômago se revira.
Eu odeio ser levada na brincadeira, não suporto quando não levam as minhas palavras a sério. Com os meus poderes agora ativados, toco a sua mão que estava segurando a barra impedido-a de imprensar o seu tórax e ele extremasse. Meu maxilar se aperta enquanto o sinto entrar em minhas veias, meus olhos estão piscando suavemente enquanto ele está fazendo força para se livrar do meu toque.
— Me leve a sério da próxima vez que eu falar com você. — digo, ele cai de joelhos no chão tentando recuperar o ar que havia escapado dos seus pulmões e eu pego a barra de ferro novamente, caminho para o centro da sala de treino e volto a minha atenção para o que havia começado, o meu treino, preciso estar pronta para quando estiver cara a cara com o assassino do meu irmão, eu acabarei com ele na primeira oportunidade que tiver.
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Heaven & Hell | Lee Know
Fantasy60 anos antes, aquele mundo seria tratado com completa estranheza por todos, as leis já não eram mais as mesmas, empatia já não fazia parte daquela humanidade e aos poucos a pequena chama de amor se apagava no peito de cada um. Mas para outros, o am...