Você e ele... O que tá rolando?

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Ainda estou em choque com tudo o que aconteceu mas não posso perder o foco, já era madrugada quando terminei de arrumar a minha mochila, tinha tomado uma decisão ao lado de Christopher enquanto conversamos sobre o que aconteceu.

— O que você achou?

— Era uma câmera minúscula mas não tinha nada na gravação... só que Hwang tinha um irmão.

— Viu só? Você descobriu algo que possivelmente ele não queria que você soubesse, mas porque? O que será que o irmão dele tem de tão especial?

— Eu preciso saber mais, preciso de mais provas. — Me movo pela sala de Christopher de um lado para o outro quase perfurando o seu chão. — Preciso de algo!

— Talvez eu... eu tenha algo que possa ajudar você.

— Você tem? — Meus olhos se arregalam.

Christopher tira o seu celular do bolso e eu corro para o seu lado, percebo que o seu protetor de tela ainda era uma foto que tiramos no refeitório da empresa onde ele e minha mãe trabalham. Ele desliza o dedo atrás da galeria de fotos e procura por algo, meus nervos estão a beira de um colapso.

— Eu queria mostrar naquele dia em que você e eu brigamos mas... você sabe. — Ele abre a imagem e tudo o que eu vejo são palavras e números, minha sobrancelha se ergue e ele percebe a grande interrogação na minha testa — Achei isso em um pedaço de lataria velha, estava no depósito.

— De onde isso veio?

— Yoona me mandou levar a caixa e guardá-la no depósito, eu perguntei o que tinha ali dentro mesmo não sendo muito profissional e ela disse suspirou dizendo "Um pedaço de lataria que caiu da aeronave no dia em que mataram o meu filho." Então eu pensei que você fosse ficar feliz e de bem comigo então bisbilhotei a caixa e tirei uma foto.

Quartel Lee's setor 98 Torre 2003

Era o que dizia naquela lataria, mas o que diabos era aquilo?

— Mas como vou achar esse lugar? Como vou saber em que direção devo ir? A aeronave parecia ter vindo do sul... — Estava frustrada, me sento no sofá novamente e minhas mãos agarram os meus cabelos,  me sinto a beira de um surto novamente.

— Raven eu sei que pode não parecer muito casa mas isso deve ajudar de alguma forma... — Ele disse se abaixando em minha frente e tocando o meu joelho, sinto cócegas no estômago quando isso acontece. — Eu sei que fiz pouco caso disso mas eu quero ajudar você, principalmente agora que tentaram machucar você.

— Eu não quero que se meta nisso, não quero que se machuque, você é a pessoa mais importante que tenho por perto e não posso perder isso também.

Os seus olhos encontram os meus quando termino de falar e ele parece entender minha intenção de lhe proteger.

— Raven eu... eu faço de tudo por você, não posso arriscar deixar que algo lhe aconteça, eu sei que me ama e quer me ver seguro mas eu só vou estar seguro se você também estiver.

Depois da nossa conversa, Christopher arrumou a sua mochila e me guiou até a minha casa para que eu pudesse arrumar a minha, mas durante o caminho de volta tudo parecia perfeitamente normal, os corpos que jurei estarem sem vidas já não estavam mas ali e também não tinha rastros de pegadas, veículo ou qualquer outra coisa. Aeronave, devem ter sido retirados daqui por cima.

— Escuta eu preciso... preciso avisar ao Minho.

Por que? Primeiro que Minho disse que queria me ajudar, segundo que ele me beijou e eu ainda não sei o motivo, nunca fui beijada antes e agora que aconteceu gostaria de saber o motivo, terceiro, eu por algum motivo estou... Sentindo a sua falta.

— O Minho? — Christopher me pergunta e eu assinto que sim, estamos caminhando para longe da minha casa ainda sem direção alguma. — Você e ele... O que tá rolando?

— Rolando? Não tá rolando nada, somos só amigos.

— E ele estava no seu quarto por qual motivo?

— Isso não é da sua conta, sabia? Você sabe onde ele mora? Ou tem algum número de telefone que possamos ligar?

Ele suspirou e tirou o seu celular do bolso logo procurando algo.

— Tenho o endereço. — Ele virou a tela do celular para que eu pudesse ver e eu assenti, agora ele parecia emburrado com alguma coisa e eu tenho quase certeza que é porque quero que Minho vá conosco, eu não o culpo, ele é protetor comigo e me trata como irmã mais nova assim como eu o vejo como um irmão para mim. Nós dois continuamos andando lado a lado e em silencio, aquilo estava me matando, eu quero falar com ele mas ele estava chateado e poderia apenas querer que eu o deixasse em paz por um tempo, mas agora que as palavras simplesmente saem da minha boca sem controle algum eu falo.

— Eu sei que você quer me proteger de tudo mas o Minho, ele não é uma pessoa ruim apesar de ser irritante. 

— Não é com isso... Esquece, que tal nós só caminharmos em silencio?  

Eu engulo minha curiosidade e assinto mais uma vez, nós voltamos a caminhar em silencio e lado a lado, existia uma pequena distância instalada entre mim e Christopher agora que me deixava desconfortável, uma barreira completamente invisível que me vazia querer engolir a língua só para conter a vontade que eu tinha de berra com ele.

— Chegamos. — Ele avisou apontando para a casa simples em nossa frente, era realmente bem, bem simples, até parecia que ninguém pisava ali a anos.

— Tem certeza de que ele mora ai?

— É o endereço que ele colocou na fixa.

Subo a calçada e Christopher me acompanha, nós passamos pela grama seca e subimos os três primeiros degraus da escada da sua varanda, as luzes estavam todas apagadas e não havia o menor sinal de alguém morando naquele lugar. Meu punho se aproxima da porta e eu bato três vezes.

— Acho que esse endereço não é o certo... — Resmungo para Christopher e o ouço rir.

— Ou você só não tem o costume de andar nessa parte da cidade mesmo.

Meus olhos se reviram ao ouvir seu comentário e ouço passos do lado de dentro, a porta finalmente se abre e Minho aparece completamente suado como quem havia acabado de correr uma maratona com os cabelos grudados na testa, e ele também estava sem blusa... 

— O que faz aqui? — Eu o ouço perguntar mas não consigo responder porque meus olhos ainda estão presos no seu maldito abdômen definido e eu não consigo me concentrar em outra coisa. — Meus olhos estão aqui Raven. — Seu indicador toca o meu queixo e ele ergue o meu rosto para que eu o veja finalmente. — O que veio fazer aqui, amor?

Meu estomago se revira e tenho vontade de amolecer, cair no chão e escorregar pela escada ate o gramado e sumir. 

Heaven & Hell | Lee KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora