Quando chegamos, o meu peito parece ser tomado por uma onda monstruosa de dor, as minhas mãos estão completamente suadas e os meus olhos se enchem de lágrimas mas não as deixo caírem, eu tenho que ser forte, por ele e por mim.
— Essa era a sua...
— Sim, nós morávamos aqui. — digo e passo por baixo da faixa policial que proibia a entrada de qualquer um não oficial.
Todas as minhas lembranças e histórias então agora em destroços debaixo dos meus pés como um monte de poeira. A casa inteira havia sido destruída, não havia nada além de destroços e corações partidos. Eu sinto a raiva dentro de mim crescendo mais uma vez como uma avalanche, eu quero gritar e colocar tudo isso para fora mas não posso, não ainda.
— Raven... — eu ouço e sinto Minho se aproximando, meu corpo consegue senti-lo mesmo ainda à metros de distância.
— Não se aproxime! — eu sei o que ele quer fazer, ele quer me consolar mas não pode sem se machucar, os meus joelhos sedem e eu vou ao chão com o punho sobre o peito. Tudo invade a minha mente de um vez só e a minha garganta dói por todas as lágrimas que estou segurando. As minhas narinas se dilatam enquanto eu luto para tomar de volta o controle do meu corpo mas era como uma briga com um ser superior, eu não era nada além de uma humana miserável que perdeu o único irmão que tinha, o único capaz de me entender completamente.
Eu pareço tão fraca, o que tem de errado comigo? Por que estou à beira de um ataque de pânico? Eu não sou assim, eu consigo aguentar de tudo, eu sou muito mais resistente do que isso.
— Raven? Você está bem? — a voz de Minho me causa arrepios, ele dá a volta em mim e se abaixo em minha frente ainda mantendo distância. — Você está pálida.
— Eu estou bem! — eu odeio isso, odeio parecer fraca, frágil e indefesa.
Eu obrigo as minhas pernas a se firmarem no chão e ergo os meus joelhos para me por de pé, o controle do meu corpo ainda era meu e isso era bom, os meus olhos se abrem e eu vejo Minho em minha frente com o olhar... preocupado? Suas sobrancelhas estavam juntas e os seus lábios entreabertos, sua feição era de compaixão.
— Estou bem. — eu repito mais uma vez, mais para mim mesma do que para ele.
— Os seus poderes... eles estavam... — Minho se perde em meio às suas palavras, eu não entendo o que ele queria dizer, meu corpo inteiro ainda está formigando. — eles estavam fluindo, tipo, saindo pelo seu corpo, irradiando, eu vi.
— O que? — minhas sobrancelha se ergue e ele aponta para mim com as duas mãos num gesto confuso, as palavras pareciam ter fugido de sua boca porque ele não conseguia explicar.
— Você projetou os seus poderes. — ele diz, com as duas sobrancelhas para cima tentando dizer aquilo da forma mais óbvia possível. — Eu senti como se você estivesse perto o suficiente para... para me matar.
— Eu nunca mataria você. — deixo escapar como se não conseguisse controlar a minha boca e ele parece espantado ou totalmente pego de surpresa. — Vamos, estou aqui atrás de pistas e não de conversa fiada.
Eu desvio o caminho de Minho e me atento as tralhas ao chão, ainda haviam alguns objetos de decoração que Yoona gostava, não sei como ela não os levou daqui. Procurar no meio dos destroço mais tudo o que eu acho são lembranças passadas, Minho também estava de olho no chão assim como eu, chutando algumas coisas, levantando outras. O meu corpo trava quando eu acho um objeto pequeno, tão pequeno que qualquer outra pessoa com problemas de visão não o enxergaria.
Me abaixo e pego o objeto em minhas mãos, parecia uma câmera em miniatura.
— Achou algo? — Minho gritou para mim e eu assenti confirmando, aquilo poderia ser de qualquer um policial ou investigar que esteve ali no passado, mas por garantia eu levarei comigo para abrir em meu computador. — O que é isso aí? Uma barata?
Meus olhos se reviram.
— Uma câmera, idiota. — ele encolhe os ombros — Vou analisar em minha casa quando chegar.
— Tem certeza? Não é melhor deixar aí onde você achou? Pode ser da polícia. — Minho estava relutante e o meu semblante completamente confuso — S-suas mães são da polícia, talvez você deva avisar que achou e dizer para algum vir buscar.
— Qual o seu problema? — o peito dele sobe e desce rapidamente e eu me aproximo — Acha que eu vim até aqui para deixar qualquer coisinha passar diante dos meus olhos? — ele encolhe os ombros mais uma vez — eu não pedi para você vir comigo, você se meteu aqui, se está com medo então vai embora.
— Com medo? Estou preocupado com a sua segurança e se isso não for das suas mães ou de qualquer outro policial, o que você vai fazer?
— Vou caçar todas as pistas possíveis que me levem até o maldito assassino do meu irmão e matá-lo lentamente. — Minho engole em seco, era nítido para mim o seu coração batendo acelerado dentro do peito, as pequenas vibrações faziam o seu tórax subir.
— Você está obcecada com a vingança!
Novamente eu estou à beira de perder o controle do meu corpo e Minho parece notar isso, ele se afasta dando passos lentos para trás e eu engulo minha saliva que parecia cheia de pregos afiados.
— Eu não quero machucar você, vai embora.
— Você tá projetando. — ele avisa, então eu olho para as minhas mãos, para os meus braços e pernas, era como se o meu poder estivesse prestes a atingir dimensões maiores e ele crescia cada vez mais. — Raven, você tem que controlar isso!
— N-não estou conseguindo.
As ondas iam em direção a Minho e ele sabia, estava vendo, mas preferiu não se mover de onde estava.
— Você conseguiu da primeira vez, você consegue mais uma! — ele grita, talvez estivesse ficando com medo, medo de mim e do meu poder. — Raven, eu não vou sair daqui.
— Você deveria! — eu grito desta vez, as minhas mãos escurecem, era um tom roxo quase preto subindo pelos meus braços, me sinto dormente.
— Raven! — Minho grita de volta, eu sentia a sua respiração ofegante como se estivesse dentro de mim. — Ravennn!!!
Um imenso arrepio toma conta do meu corpo e eu sinto o meu peito se comprimir, tenho vontade de chorar quando caio no chão ralando as minhas duas mãos. O que estava acontecendo comigo?
Minho se aproxima de mim e me ajuda a levantar do chão.
— Você tá bem? — tenho vontade de rir quando ele pergunta, quem estava prestes a perder a vida a poucos segundo atrás era ele, eu assinto que sim com a cabeça e o vejo ergue a mão em minha direção lentamente, parecia receoso. Seus dedos gélidos tocam a minha bochecha e afastam os cabelos que caiam sobre o meu rosto os alojando atrás da minha orelha, meu coração se acelera no mesmo instante e minhas bochechas pegam fogo.
O que estão achando da fic? comentem aqui pra eu saber.
O que será que a Raven vai achar na câmera?
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Heaven & Hell | Lee Know
Fantasy60 anos antes, aquele mundo seria tratado com completa estranheza por todos, as leis já não eram mais as mesmas, empatia já não fazia parte daquela humanidade e aos poucos a pequena chama de amor se apagava no peito de cada um. Mas para outros, o am...