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Winter's pov:

Volto para casa um pouco depois das nove. Viro a chave na fechadura, agarro a maçaneta e empurro a porta com o quadril. Liguei para minha tia algumas horas antes do jantar. Ela estava no escritório, resolvendo alguns problemas, e não sabia muito bem quando chegaria. Eu espero encontrar o apartamento silencioso, escuro e frio.

Eu estou entrando na sala de estar para ligar o aquecedor quando escuto um farfalhar de tecido e um rangido baixo do outro lado do cômodo.

— Minjeong! — Diz minha tia, jogando para o lado um cobertor e ajeitando-se para ficar sentada no sofá. — O que está acontecendo?

Uma de minhas mãos está sobre o coração, e a outra está espalmada na parede, na qual me apoio.

— Você me assustou.

— Eu adormeci. Se tivesse ouvido você entrar, teria dito alguma coisa. — Ela afasta o cabelo do rosto e pisca sonolenta. — Que horas são?

Desabo na poltrona mais próxima e tento recuperar a frequência cardíaca normal. Minha imaginação havia enxergado um par de olhos cruéis por baixo de um capuz preto. Sinto uma vontade avassaladora de contar tudo para minha tia, do momento em que aquele cara pulou diante do meu carro até a sensação de que estou sendo perseguida. Precisamos de novas fechaduras nas portas. E parece lógico envolver a polícia.

— Então, você se divertiu? — Pergunta Taeyeon, interrompendo minha sequência de pensamentos. — Como está Yzhuo?

Forço um sorriso.

— Sim, me diverti. E Ningning está muito bem, ainda mais agora que conheceu uma garota.

Minha tia sorri ironicamente.

— Que bom que ela está aproveitando a juventude. Caso contrário, não poderia fazer o que sabe de melhor, e posso apenas imaginar como seria decepcionante para ela.

— Para com isso — Digo, sorrindo. — Vou preparar um chocolate quente. — Fico de pé e aponto para a cozinha, por cima do ombro. — Quer?

— Acho uma ótima ideia. Vou acender o fogo.

Depois de uma rápida ida à cozinha para preparar as bebidas, voltamos para a sala. Sento-me no braço do sofá e lhe entrego a caneca.

— Você sabe quando meus pais se apaixonaram? — Pergunto, esforçando-me para empregar um tom casual.

Sempre há a possibilidade, ao falar de meus pais, de começarmos a chorar, algo que eu pretendo evitar.

Minha tia acomoda-se no sofá e pousa os pés na mesa de centro.

— Não. Quando conheci seu pai, ele e minha irmã já namoravam há um bom tempo.

Não era essa a resposta que eu esperava.

— Eles eram felizes, né? Lembro que aparentavam ser sempre que estavam juntos.

— Com certeza — Ela ri. — Sempre que encontrava minha irmã, ela não parava de dizer o quão perfeito era o relacionamento com seu pai. E claro, ele não tinha medo de demonstrar o quanto a amava.

Minha tia dá batidinhas ao lado dela no sofá, e eu me aconchego ali, descansando a cabeça em seu ombro.

— Sinto falta deles — falo.

— Eu também.

— Tenho medo de esquecer como eles eram. Não como eles são nos retratos, mas quando morávamos juntos, sábado de manhã, preparando o café da manhã.

Minha tia entrelaça os dedos dela nos meus.

— Você sempre foi muito parecida com sua mãe. Desde pequena.

Dark Prelude - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora