Winter's pov:
Lá fora, o clima mudou e agora está frio e chuvoso. Os postes emitem uma luz pálida e lúgubre que não faz muito efeito diante da neblina espessa que toma conta das ruas. Saio correndo da Bookshop, feliz por ter consultado a previsão do tempo mais cedo e carregado o guarda-chuva. Enquanto passo diante da vitrine das lojas, vejo multidões reunidas nos bares.
Eu estou a alguns quarteirões do ponto de ônibus quando aquela sensação gelada desce pela minha nuca. Senti isso na noite em que tive certeza de que alguém ficou espionando pela minha janela, no Yongsan Park e novamente antes de sair da biblioteca. Abaixo-me, fingindo amarrar os sapatos e observo à minha volta disfarçadamente. As calçadas dos dois lados da rua estão vazias.
O sinal de pedestres abre, e atravesso a rua. Andando mais rápido, coloco a bolsa nas costas e torço para que o ônibus não atrase. Verifico se estou sendo seguida a cada segundo.
Escuto o ronco do ônibus, e logo em seguida ele vira a esquina, aparecendo no meio da neblina. Diminui a velocidade até se aproximar da calçada e eu entro, rumo à minha casa. Eu sou a única passageira.
Depois de escolher um assento algumas fileiras atrás do motorista, escorrego no banco para não ser vista. Ele puxa a alavanca para fechar a porta e o ônibus ganha a rua. Eu estou a ponto de soltar um suspiro de alívio quando recebo uma mensagem de texto.
Ningning: Onde você tá?
Eu: Gwanak-gu. E você?
Ningning: Eu também. Festa com Aeri. Te passo o endereço e podemos nos encontrar.
Eu: O que você está fazendo em Gwanak-gu?!
Não espero pela resposta. Ligo. Falar é mais rápido. E é urgente.
— Bem? O que me diz? — Pergunta Ningning. — Está com disposição de encarar uma festa?
— Não posso acreditar que você veio para uma festa com Aeri! — Um pensamento desanimador passa pela minha cabeça. — Ela sabe que você está comigo ao telefone?
— Para poder ir até aí matar você? Não, sinto muito. Entendo sua preocupação em relação a Jong Seong, mas não acredito que Aeri faça parte disso. Ei! — Ningning grita ao fundo — Essa bebida é minha! Minjeong? Não estou exatamente no melhor momento para conversar. O tempo urge.
— Onde você está?
— Peraí... Tudo bem, o prédio do outro lado da rua tem o número trezentos e sessenta. A rua é Highsmith, tenho quase certeza.
— Chegarei aí o mais rápido possível. Mas não vou ficar. Vou para casa e você vai comigo. Pare o ônibus! — grito para o motorista.
Ele pisa no freio. Sou jogada contra o assento à minha frente.
— Você poderia me dizer como chego à Highsmith? — Pergunto assim que chego ao final do corredor.
Ele aponta para fora da janela do lado direito do ônibus.
— É a oeste daqui.
Ando apenas alguns quarteirões antes de constatar que o motorista de ônibus não foi muito específico na sua explicação.
Um som arrastado atravessa a névoa. Uma mulher usando roupas escuras aparece à vista. Os olhos são como passas, pequeninos, reluzentes e escuros, e estreitam-se enquanto se aproximam de mim numa avaliação quase predatória.
— O que temos aqui? — Ela exclama, deixando à mostra um sorriso nada amigável. Dou um discreto passo para trás e aperto a alça da bolsa.
— Olá — falo, limpando a garganta e tentando parecer amigável. — A senhora poderia me dizer se falta muito para chegar à Highsmith Street?
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Dark Prelude - WinRina
FanfictionEm Seul - Coréia do Sul, sem que o restante da humanidade saiba, desenrola-se uma intensa guerra, entre caídos e celestiais. Vivendo às sombras da sociedade, ninguém deseja mais que esse conflito chegue ao fim do que Yoo Jimin, alguém que carrega co...