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Winter's pov:

Uma chuva fria cai durante todo o sábado, e eu fico sentada próximo à janela, observando as poças na rua aumentarem de tamanho. Eu tenho uma cópia de Hamlet no colo, uma caneta apoiada sobre a orelha e uma caneca vazia de chocolate quente aos pés.

Minha tia saiu para beber com alguns amigos há quase trinta minutos. Embora eu tenha ensaiado diversas maneiras de contar sobre meu encontro com Jimin, acabei deixando que ela passasse pela porta sem lhe dizer nada. Digo a mim mesma que não é um problema. Eu tenho 21 anos e posso decidir quando e por que sair de casa, mas a verdade é que eu deveria ter contado a ela que ia sair. Perfeito. Agora eu vou desfilar por aí com minha culpa a noite inteira.

Quando o relógio de parede no corredor soa anunciando 18h30, fico satisfeita em deixar o livro de lado e vou correndo para o quarto. Passei a maior parte do dia envolvida com trabalhos da faculdade e tarefas domésticas, e isso ajudou minha cabeça a não pensar sobre o encontro à noite. Mas agora que faltam apenas os minutos finais, a ansiedade supera tudo. Não importa se eu quero ou não pensar no assunto, Jimin e eu temos questões mal resolvidas. Nós não voltamos a conversar sobre o nosso beijo. Mais cedo ou mais tarde, isso vai precisar de um desfecho.

Vou para a frente do espelho e começo a me examinar. A maquiagem é mínima, apenas uma leve camada de rímel. Os lábios bem que precisam de um pouco de gloss. Lambo o lábio inferior, que ganha um brilho úmido. Isso me faz pensar mais sobre o beijo com Jimin e, involuntariamente, sinto uma onda de calor. Se um beijo é capaz de provocar isso, imagino como será se as coisas avançarem. Meu reflexo no espelho sorri.

"Não é nada demais", digo a mim mesma enquanto passo a mãos nos cabelos. Fico pensando no que Jimin tem em mente. Jantar? Cinema?

Visto uma calça jeans justa e sapatos. Como o clima está frio, coloco um sueter por cima da minha camisa justa. Ajeito o cabelo e então escuto meu celular tocar; uma mensagem de Jimin avisando que está me esperando lá embaixo.

Dou mais uma olhada no espelho do corredor e então saio do apartamento, indo até o térreo, um jaguar preto está parado na calçada. Jimin corre na chuva até a entrada do prédio, vestida com uma calça escura, botas e uma das suas inconfundíveis jaquetas jeans.

— Carro novo? — Pergunto. Ela me dá um sorriso misterioso.

— As coisas estão indo muito bem no Moonlight, então resolvi fazer uma comprinha.

— Ainda não entendo como você conseguiu um negócio daquele porte — digo, esperando que ela pegue a deixa.

— Apenas investi no empreendimento certo.

A resposta vem com naturalidade, e eu decido que provavelmente isso quer dizer que ela não quer explorar o tema. Infelizmente, quando o assunto é esconder o passado, Jimin não me parece uma amadora.

Pergunto a mim mesma se ela está escondendo algo. Mas detectar mentiras não é um dos meus pontos fortes. Eu não tenho muita experiência. Normalmente eu me cerco de pessoas em que eu confio... Normalmente.

\[...]

Durante o trajeto, eu imaginei que Jimin me levaria para o Moonlight, mas para minha surpresa ela estaciona o Jeep atrás de um Fliperama. Quando chegamos na frente da fila, o caixa pousa os olhos primeiro em Jimin e depois em mim. E continua nesse lá e cá, como se estivesse tentando entender algo.

— E aí? — Diz Jimin, e coloca três notas de wons sobre o balcão.

O caixa transfere o olhar atento para mim. Percebo que eu não consigo parar de fitar as tatuagens que cobrem todos os centímetros possíveis de seu antebraço direito. Ele arqueia uma sobrancelha e diz:

Dark Prelude - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora