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Winter's pov:

Rolo na cama a noite inteira. O vento bate nos campos abertos que circundam o prédio, jogando detritos contra a janela. Todos os pequenos barulhos, do bater das janelas ao rangido das molas da minha cama, fazem-me acordar assustada.

Por volta das seis horas, desisto. Arrasto-me para fora da cama e percorro o corredor em busca de um banho quente. Estou seguindo para a cozinha quando escuto alguém batendo na porta da frente. Abro e encontro Jong Seong postado na soleira.

Ele está de jeans, camisa xadrez vintage com as mangas dobradas até o cotovelo, óculos escuros e um boné. Por fora, parece ser um típico rapaz coreano. Mas eu não me deixo enganar, e uma injeção de adrenalina é a confirmação.

— Kim Minjeong — diz Jong Seong em um tom condescendente. Ele se curva e sorri, e sinto o cheiro de álcool no hálito dele. — Você vem me causando muitos problemas recentemente.

— O que está fazendo aqui?

Ele dirige o olhar por trás de mim, examinando o apartamento.

— O que você acha que estou fazendo? Quero conversar. Não posso entrar?

— Minha tia está dormindo. Não quero acordá-la.

— Não conheci sua tia.

Há algo no seu jeito de falar que eriça os pelos na minha nuca.

— Desculpe, você precisa de alguma coisa?

O sorriso é meio relaxado, meio de escárnio.

— Você não gosta de mim, não é, Kim Minjeong?

Em resposta, cruzo os braços sobre o peito. Tivemos a mesma conversa há cerca de dois anos e eu pensei que ele já tivesse entendido isso.

Jong Seong cambaleia um passo para trás com a mão apertada contra o coração.

— Puxa. Eu estou aqui Minjeong, em um último esforço para convencê-la de que sou um cara legal e que você pode confiar em mim. Não me desaponte.

— Escute, Jong Seong, tem uns assuntos que eu preciso...

Ele dá um soco na parede, com força suficiente para soltar algumas lascas de tinta.

— Eu não acabei! — Diz de forma ininteligível e em um tom agitado. De repente, ele joga a cabeça para trás e ri suavemente. Curva-se, coloca a mão ensanguentada entre os joelhos e geme. — Aposto dez dólares como vou me arrepender disso mais tarde.

A presença de Jong Seong me deixa arrepiada. Lembro-me de alguns meses antes, quando realmente achei que sua presença na faculdade não me causaria problemas. Fico pensando por que fui tão idiota.

Estou considerando a hipótese de fechar a porta e trancá-la quando Jong Seong arranca os óculos escuros, deixando à mostra olhos vermelhos. Pigarreia, e a voz vem clara.

— Vim aqui porque queria lhe contar que deveríamos acampar no próximo fim de semana. Você, eu, Yzhuo e Aeri. Vai ser a oportunidade perfeita para relaxarmos da faculdade — Cada palavra que sai da sua boca parece estranha e cuidadosamente ensaiada.

— Sinto muito, tenho outros planos.

— Deixe-me fazê-la mudar de ideia. Vou planejar toda a viagem. Arranjo as barracas, a comida. Vou mostrar a você que sou um cara legal. Vou fazer você se divertir.

— Acho que você deve ir embora.

Jong Seong apoia a mão no batente da porta, inclinando-se na minha direção.

— Resposta errada.

Por um momento fugaz, o estupor embaçado de seus olhos desaparece, coberto por algo perverso e sinistro. Involuntariamente, dou um passo para trás. Tenho quase certeza de que Jong Seong é capaz de matar. Tenho quase certeza de que é o culpado pela morte de Eun.

Dark Prelude - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora