O Pedófilo

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Albus encontrava-se indo em direção às masmorras, onde os demais Sonserinos deveriam estar. Ele entrou na sala comunal e ninguém se situava por lá. Ele franziu rapidamente as sobrancelhas e seguiu para o dormitório.

Para a surpresa de Albus, todos os alunos situavam-se sentados em roda. Não tendo muito o que fazer — até porque a passagem em direção às camas estava bloqueada — o garoto sentou-se ao lado de Hocly Murray, um garoto da mesma idade de Albus.

— O que todos estão fazendo? — Albus cochichou para Hocly.

— Verdade ou desafio, uma brincadeira trouxa. — ele respondeu sem tirar os olhos do jogo.

A varinha de algum Sonseriano girava no ar, selecionando dois alunos para fazer e responder as perguntas feitas.

— Andrew e Lauren — Hocly anunciou.

— Verdade ou desafio, Lauren? — Andrew indagou.

— Desafio. — Lauren respondeu confiante.

Andrew parecia pensar no que perguntar para Lauren que, por sua vez, não demonstrava nada senão paciência.

— Te desafio a não rir no Rictusempra.

Murmuros tomaram o controle da sala. Os comentários eram tão grandes que tiveram que lançar um feitiço — ou uma poção, não se é possível dizer pois a fumaça era tanta — para fazer os alunos se calarem.

— Aceito. — Lauren se levantou e seus braços penderam para o lado de seu corpo.

Andrew levantou-se e gritou:

— Rictusempra!

Uma fumaça lilás jorrou da varinha do menino, assim atingindo o peitoral da garota. Esta por sua vez não demonstrou sentir nada; ela nem sequer se mexera. A única coisa que falava eram seus olhos, que piscavam calmamente.

Os alunos vaiaram de alegria e empurraram Andrew para fora do roda, junto com mais cinco alunos, que aparentemente eram os que se cediam desistindo de suas perguntas ou os que fracassavam, como Andrew fizera e a varinha voltou a gira. Felizmente — ou infelizmente, segundo Albus — caiu em Scorpius e em Hocly.

— Verdade ou desafio, Scorpius?

— Desafio — Scorpius respondeu e deu uma piscadela para Albus, que corou.

Hocly passou cerca de um minuto em silêncio — ou o tempo preciso para Albus recuperar-se do rubor em sua face, como quiser chamar —, pensando no que perguntar quando falou:

— Te desafio a beijar Belly, a quartanista.

O quarto todo ficou em silêncio olhando para Scorpius. Albus sentiu seu coração palpitar fortemente.

O Malfoy seguiu para a diagonal esquerda de Albus e murmurou alguma coisa para a garota, que balançou a cabeça positivamente e deu um sorrisinho tímido. Scorpius rapidamente deixou um selinho na bochecha da garota, que parecia surpresa mesmo depois dos murmúrios em seu ouvido. Grande parte dos alunos protestavam contra Scorpius pois eles não queriam que o beijo fosse na bochecha. O Malfoy por outro lado, respondia calmamente: "Não especificou o local, beijo onde quiser".

Depois do comentário feito, vaias e risadas foram compartilhadas. Todos pareciam alegres, menos Albus. Ver Scorpius beijar até mesmo aquela quartanista despertou em si uma onda de... Ciúmes? Ódio? Tristeza? Pode escolher. O garoto seguiu para a sua cama, onde enterrou a face no travesseiro e fingiu dormir quando, na verdade, pensava no desafio de Scorpius. Por que ele foi tão burro? Se ele tivesse escolhido desafio...; Albus obrigou-se a parar de pensar tais asneiras.

— × —

Albus e Scorpius seguiam para a aula de feitiços. O silêncio era constrangedor e o Potter já não conseguia guardar para si mesmo o desejo ardente de sugar todas as respostas de Scorpius quando ele perguntasse sobre o ocorrido na noite anterior.

— Scorps, você beijou aquela menina por beijar ou beijou porque gosta dela?

Scorpius parou e molhou os lábios.

— Bom, beijei só por beijar. Era um desafio, afinal. — ele tornou a andar e parou. — Por quê?

— Curiosidade — Albus estalou a língua e eles voltaram a andar.

— Estão me chamando de pedófilo até agora. Juro que não aguento mais isso! Se Minerva souber disso... Se meu pai souber disso... — Scorpius estremeu e se recompôs.

Albus rira.

— Preciso te falar uma coisa. — Scorpius pediu. — Ontem eu falei sobre o meu sonho para McGonagall...

— Isso de novo não, Scorps! — Albus choramingou.

— Eu preciso falar isso. Isso está...

— Te consumindo. Há. Que patético. — Albus riu e Scorpius o empurrou contra a parede. — E-era brincadeira — ele deu um sorrisinho e desviou o olhar. Embora estivesse com medo, o Potter conseguia se divertir. Algo em Scorpius o fazia feliz. De repente a expressão carrancuda de Scorpius desapareceu em uma gargalhada.

— Agora você me escuta — ele continuou a rir febrilmente enquanto Albus o olhava severo. De repente o Malfoy se recompôs. — Eu falei com McGonagall sobre o sonho e ela falou que era melhor papai me falar o resto.

Albus arqueou a sobrancelha, como se perguntasse que resto?

— Bem, é isso que eu quero descobrir. — Scorpius suspirou e apoiou uma mão na pilastra. — Às vezes eu me pergunto como você me aguenta. — ele riu sozinho.

— Eu também me pergunto. — Albus brincou e eles andaram de lado em rumo à sala de aula.

🚂: In another Dimension | Albus × ScorpiusOnde histórias criam vida. Descubra agora