Sonhar é o combustível que move os sonhadores, mas para Pete, um modelo em ascensão, o seu maior sonho veio acompanhado do seu pior pesadelo. Traição.
Depois de sofrer mais uma decepção amorosa, ele resolve voltar à Tailândia e tentar recomeçar do z...
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Ele me encarava atentamente enquanto aguardava uma resposta, mas meu cérebro ainda tentava processar o fato dele realmente estar ali e pisquei algumas vezes antes de responder:
— S-sim, estou. — consigo dizer com dificuldade.
Sorrio sem jeito tentando não parecer desesperado, porque é isso que estou no momento, desesperado ao ponto de não saber se saio correndo ou apenas desmaio ou saio correndo e depois desmaio.
— Você vai levar esse? — pergunta apontando pro shampoo nas minhas mãos. Por que ele parece tão relaxado?
— Oh! Não, não.
Respondo me virando bruscamente para devolver o produto na prateleira, mas congelo no minuto seguinte quando sinto seu corpo se aproximar do meu e sua mão tocar de leve a minha, enquanto ele fala num tom polido próximo ao meu ouvido e seu cheiro invade meus sentidos.
— Tudo bem, eu vou levar. — engulo seco quando sinto seu hálito quente soprar meu ouvido e seu olhar recair sobre mim.
Que inferno! Com tantos outros iguais porque ele tem que pegar justo o que estou guardando?
— Você está de ressaca? — ele só pode está fazendo isso de propósito.
Por que ele continua perguntando e perguntando as coisas? Já não basta eu me torturar mentalmente, ele ainda tem que fazer isso? Se bem que... preciso sondar se ele vai me processar, talvez se eu for legal, ele não faça isso, certo? Errado, por que estou querendo me enganar assim? Eu estou muito ferrado e o destino parece ser meu pior inimigo no momento.
— Um pouco. — respondo num tom quase inaudível, mas no fundo queria gritar que estou morrendo, que não lembro de quase nada e qualquer buraco seria o suficiente pra eu me enterrar.
Sinto ele se afastar e solto o ar discretamente antes de me virar para encará-lo.
Sinceramente, devo estar passando por algum tipo de provação, porque não tem como manter a sanidade perto desse homem e a maneira como ele estava vestido, não ajudava em nada na minha concentração. Sua calça preta levemente justa ao corpo, possuía alguns rasgos na altura do joelho e sua regata igualmente preta deixava amostra uma pequena tatuagem nas costelas. Nos pés ele usava um tênis bicolor — preto e branco — e na cabeça um boné preto com a aba virada para trás.
— O que houve com você? — pergunto quando noto seu estado um tanto...caótico.
Ele suspirou levantando o braço que estava ensanguentado para verificar o ferimento e balançou a cabeça em negativa, fazendo uma careta engraçada.
— Fui atropelado. — disse dando de ombros.
— Você conseguiu ver quem era? — pergunto.
Ok, talvez, só talvez minha curiosidade seja maior que minha vergonha. Vejo ele concordar com a cabeça, soltando outro longo suspiro.
