Aquele, parado do outro lado da porta, aparentava ser bem jovem e comportava um sorriso simpático nos lábios, daqueles que alcança os olhos e os faz brilhar em intensidade. Seus cabelos, castanho e curto, estavam bem alinhados e suas vestes, impecáveis de tão limpas e bem passadas. No entanto, o que me fez franzir o cenho na sua direção, foi o buquê de rosas lavanda que ele sustentava na frente do corpo.
— Pete Suthayn? — perguntou em tom baixo, e por um instante, me questionei se suas bochechas não doíam, pelo fato dele nem ao menos diminuir a largura de seu sorriso. Assenti em resposta a sua pergunta, tendo ele me estendendo um termo de recebimento para assinar.
— Esse telefone ficou mudo? Pete? Você tá ouvindo essa velha? — Certo vovó está ao telefone.
Balancei levemente a cabeça em concordância, assinando no local indicado e recebendo o buquê em mãos, devolvendo-lhe o termo e contemplando-o se despedir em uma meia reverência, sumido no corredor, enquanto cantarolava alguma música desconhecida para mim.
Voltei minha atenção para o celular, arrumando-o na orelha, ao mesmo tempo que tentava me concentrar na barulheira do outro lado da linha, fechando a porta e levando as rosas para sentir seu aroma único, antes de falar:
— Desculpa vovó, eu... o que a senhora estava falando? — perguntei, buscando o cartão que veio acompanhado do buquê.
Desviei meu olhar na direção da cozinha, onde Pol reunia seu material de trabalho e colocava na pasta pacientemente, trocando um olhar rápido comigo, em uma tentativa de entender o que estava acontecendo, ao que lhe lancei apenas um encolher de ombros, demonstrando que também me encontrava em dúvida, mas sorri ao escorregar minha visão, novamente, para o cartão e contemplando o nome do remetente: Vegas.
— Ah, você tá aí, meu filho, achei que o telefone estava com defeito...
— Desculpa, vovó... hummm... do que a senhora estava falando? — perguntei novamente, tentando ignorar minha curiosidade sobre o conteúdo escrito naquele cartão, enquanto o segurava entre os dedos.
— Sim, estava perguntando quando você vem nos visitar? O velho ranzinza do seu avô pergunta todos os dias por isso. — comunicou a última parte em tom de cumplicidade, mas ainda assim, ao longe, pude ouvir a voz do vovô, lhe dando uma espécie de sermão por ela tê-lo chamado de ranzinza, o que me fez sorrir.
— Espero que logo vovó, só tenho mais algumas pendências pra resolver e poderei finalmente tirar uns dias pra visitar vocês. — falei com sinceridade, pelo menos, esses eram meus planos.
— Não ligue pras cobranças desse velho gagá, ele tá sempre dizendo que quer te vê antes de morrer... tão dramático. — vovó fez uma voz engraçada, e podia imaginar ela revirando os olhos, me arrancando uma risada baixa.
Amava a cumplicidade dos meus avós, eles estavam sempre se provocando com coisas bobas, que, no fundo, não passava da maneira deles de demostrar o amor que sentiam um pelo outro.
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Only You↬VegasPete
Fiksi PenggemarSonhar é o combustível que move os sonhadores, mas para Pete, um modelo em ascensão, o seu maior sonho veio acompanhado do seu pior pesadelo. Traição. Depois de sofrer mais uma decepção amorosa, ele resolve voltar à Tailândia e tentar recomeçar do z...