Sonhar é o combustível que move os sonhadores, mas para Pete, um modelo em ascensão, o seu maior sonho veio acompanhado do seu pior pesadelo. Traição.
Depois de sofrer mais uma decepção amorosa, ele resolve voltar à Tailândia e tentar recomeçar do z...
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— Pensei que você fosse dançar pra mim.
Provoquei Vegas, mas a grande verdade era que está envolvido em seus braços era tudo o que realmente precisava. O carinho que ele deixava na minha cabeça enquanto seus braços me aninhavam, faziam meu coração dançar alegremente em meu peito. Ele havia falado sobre a dança, no entanto, me arrastou até uma das colunas e escorregou até chão, me colocando a sua frente, tentando me deixar o mais confortável possível.
Ele não respondeu, invés disso, apenas enlaçou sua mão na minha, guiando-a até seus lábios e depositando um beijo demorado, primeiro no nó dos dedos, depois, no interior da palma, fazendo uma trilha até meu pulso. O toque quente de seus lábios contra minha pele, causou um frisson no meu interior e não consegui evitar fechar os olhos e deixar escapar um grunhido baixo.
— Não é isso que você quer, é? — neguei com a cabeça, enquanto me aninhavam um pouco mais em seu corpo, sentindo suas mãos me apertarem com um pouco mais de força. — Você tá bem? Quero dizer... com toda a situação do seu ex?
— Você quer saber se fiquei balançado com a presença dele? — perguntei, mas me mantive no lugar, o calor do seu corpo era bom demais para ousar sair. Uma de suas mãos repousou na minha bochecha e apenas fechei os olhos para receber o carinho. Um curto tempo depois, ele murmurou um sim como resposta. — Não... é estranho? — perguntei sinceramente, só então me afastando até conseguir observar seu rosto.
— Não, não é. — respondeu em tom que transparecia sua sinceridade, levando sua mão para segurar meu queixo, enquanto seu olhar passeava pelo meu rosto, parando por um longo segundo em minha boca. — Admiro sua coragem, Pete. — confessou, seus olhos se encontrando com os meus.
— Se você realmente me conhecesse, não diria isso. — resmunguei, desviando do seu olhar e voltando a deitar em seu peito. Não queria o encarar, não quando uma ficha que estava presa em algum lugar, começava a rolar desesperadamente montanha a baixo.
Algo dentro de mim havia mudado desde que vi Brian e John aos beijos naquela sala, talvez minha percepção da vida e das minhas escolhas, não sabia ao certo, a única certeza era que mudara. Depois dessa noite, mais uma vez alguma coisa se moveu no meu interior. Um pensamento. Um pensamento que por longos anos tentei trancafiar em algum cômodo escuro da minha mente e sempre que ele tentava escapar, tornava a colocá-lo lá, mas que agora não tinha mais como fugir, ele estava parado bem na minha frente.
— Fui um completo estúpido. — declarei em meio a um sorriso contido. Vegas se remexeu um pouco, conseguia sentir seu olhar sobre mim, mas me mantive no lugar. — Ser modelo não foi apenas por um sonho. — as palavras saltaram da minha boca de maneira melancólica e arrastada, consequência do nó que se formava na minha garganta. — Só queria que meus pais... queria que eles vissem o que me tornei, que mesmo sem eles, sobrevivi. Isso é tão patético.
Era realmente patético. Chegava a ser ridículo como eu parecia mendigar a atenção de pessoas que muito provavelmente nem lembravam da minha existência. Era horrível procurar respostas de perguntas que nem ao menos conhecia. Não que detestasse a passarela, realmente sonhava em ser modelo, mas não seria justo dizer que foi o sonho a minha maior motivação para continuar tentando, mesmo depois de tantos incidentes.
