Três anos depois...
A chuva batendo de forma rítmica contra o vidro da janela soa como um daqueles momentos de paz profunda. O homem deitado sobre meu peito e ressonando baixinho, enquanto tem seus cabelos repousando de maneira quase artística em seu lindo rosto, me diz que essa paz finalmente é possível.
Sempre tive minhas próprias visões sobre o amor, mas por muito tempo achei que não era digno dele. Conhecer Pete, no entanto, contrapôs todas as minhas crenças. Sua doçura e ingenuidade, também suas paranóias, me fizeram enxergar além. Em superfície, Pete é como um salão enfeitado para a maior e mais brilhante festa. Por dentro, ele é como um cofre secreto que muitos se recusam abrir, perdendo a chance de encontrar o mais belo tesouro. Ele é lindo, porém muito mais do que apenas isso. E, de verdade, sou grato por ninguém ter tentado decodificá-lo antes. Contudo, sou presunçoso o suficiente para acreditar que mesmo se tivessem tentado, seriam todas tentativas falhas, porque Pete nasceu para mim assim como nasci para ele. Não importa em quantas versões contém nossas histórias, nossos caminhos sempre estarão ligados e assim como na lenda de Akai Ito, nosso laço nunca se quebra.
Já se passaram três anos desde que Pete me pediu em namoro, naquele mesmo terraço onde desabafamos nossas dores um para o outro, e nesse período muitas coisas mudaram. Primeiro que finalmente deixei um pouco do meu orgulho de lado e aceitei a proposta de Tay para ir trabalhar com ele na agência. Pete leva todo o crédito por me mostrar que se deixar ser cuidado às vezes, não desqualifica quem somos. Macau retornou em definitivo para Tailândia após alguns meses extra na França e também trabalha na agência, se mostrando ser um profissional e tanto. Me orgulho muito do homem que meu irmão se tornou e de como ele também me ensinou valiosas lições. Eu e Macau passamos um tempo na mansão com nosso pai, mas confesso que no começo foi difícil. Olhar para o velho Theerapanyakul me rendia inúmeras lembranças desagradáveis e dolorosas, mas existia uma sensação quase palpável de que era isso que eu deveria fazer: permanecer ali e cuidar dele. Fugir para o apartamento do Pete ao final de cada dia era o que tornava tudo mais leve e suportável.
Algo que realmente nunca imaginei foi meu pai se encantar com meu namorado. Confesso que a primeira vez que Pete nos visitou na mansão, em uma tentativa bem sucedida de fugir de Khun, senti vontade de empurrá-lo porta afora e levá-lo para qualquer outro lugar longe dali. Até tentei, mas meu pai surgiu no mesmo instante e tudo se encaminhou para outra direção. Os dois ficaram horas sentados na varanda conversando assuntos aleatórios enquanto jogavam xadrez. Foi nesse exato momento que descobri que Pete costumava jogar com o avô quando era mais novo e que era mestre naquilo. Foram tantos xeque mate que perdi as contas e nunca vi meu pai sorrir tanto. As outras visitas foram todas a convite dele.
Três meses antes de completarmos dois anos de namoro, Pete e eu decidimos morar juntos. Na época ele lutava para finalizar seus últimos contratos para finalmente se dedicar apenas a agência e os novos agenciados. Com Tawan, que pareceu-me ser muito receptivo na vez que nos vimos em seu casamento, responsável por criar uma rede de network internacional e Tay focado em encontrar novos modelos, tudo estava fluindo para a agência e consequentemente para aqueles ligados a ela. Era nítido o quanto todo esse sucesso animava Pete, mas também o deixou sobrecarregado.
Quando finalmente encerrou seus contratos, podemos viajar para ilha de chumphon e pude conhecer seus avós, que me trataram como um neto querido. A maneira como eles me deixaram confortável foi essencial para que pudesse cumprir o que vinha planejando desde de antes da viagem. Quando os pedi, de joelhos, a benção para me casar com Pete pude perceber o brilho em seus olhos. A alegria estampada em cada ruga. Prestei todo meu respeito e eles me confiaram a felicidade do seu bem mais precioso. Pete chorou bastante dizendo freneticamente que sim, enquanto me ajoelhava em frente a ele com apenas o mar e a lua como testemunha. Meu coração nunca trabalhou tanto para me manter vivo e não me infartar ao mesmo tempo.
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Only You↬VegasPete
FanfictionSonhar é o combustível que move os sonhadores, mas para Pete, um modelo em ascensão, o seu maior sonho veio acompanhado do seu pior pesadelo. Traição. Depois de sofrer mais uma decepção amorosa, ele resolve voltar à Tailândia e tentar recomeçar do z...