Sonhar é o combustível que move os sonhadores, mas para Pete, um modelo em ascensão, o seu maior sonho veio acompanhado do seu pior pesadelo. Traição.
Depois de sofrer mais uma decepção amorosa, ele resolve voltar à Tailândia e tentar recomeçar do z...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Sentado ao lado de uma enorme janela de vidro em uma cafeteria próximo ao grande MahaNakhon — o maior arranha-céu de Bangkok — tive minha atenção capturada por um jovem rapaz que cantava animado enquanto tocava seu violão azul. Uma pequena multidão se formava ao seu redor e seu sorriso se ampliava sempre que recebia uma reação positiva dos presentes. Um simples gesto que para ele se tornava grandioso.
Isso me fez perceber o quanto a pressa da vida nos faz perder detalhes importantes ao nosso redor. Como quando acontece as pequenas mudanças no clima antes da estação realmente mudar ou como o senhor sentado na praça sorrir para seus amigos de longa data antes de jogar sua última peça de dominó sentindo como se tivesse ganho o maior prêmio do mundo ou ainda quando uma criança inocente apenas quer brincar, porque pra ela nada é mais importante do que isso, ou... quando não notamos a dor, o medo e tantos outros sentimentos naqueles que nos rodeiam. A pressa nos faz ver o belo no superficial e a grandeza em atitudes mesquinhas. Talvez seja a pressa que nos faz idealizar a perfeição, porque no fundo, não queremos perder tempo descobrindo o imperfeito e se adaptando a ele.
— Hum.
O som da cadeira a minha frente sendo arrastada seguido do murmúrio de Vegas, me fez sair do transe que estava submerso a um bom tempo e o encarar com um sorriso contido, tomando em mãos o cardápio que ele estendia na minha direção.
— Você está bem? — ele perguntou com cautela enquanto se arrumava na cadeira.
— Hurum... só que é estranho ver as coisas em outras perspectivas. — ele me encarou confuso franzido o cenho em uma tentativa de encontrar um significado para aquelas palavras e não conseguindo se virou na direção da janela balançando a cabeça em negativa enquanto um bico se formava em seus lábios.
Seus olhos passeavam entre as pessoas que passavam pela calçada da cafeteria e as demais no outro lado da rua. Um sorriso nasceu no canto da sua boca ao mesmo tempo que ele levou uma das mão até seus fios compridos os jogando para trás enquanto direcionava seu olhar na minha direção.
Vegas tem uma beleza surreal, difícil de não ser notada, mas em igual proporção a tristeza e o cansaço subsistem em seu olhar. Esse é o seu pequeno detalhe ou um deles.
— Já decidiram o que vão pedir? — uma jovem garçonete perguntou em um tom beirando a monotonia quando se aproximou da nossa mesa.
Ela tinha os cabelos longos presos no topo da cabeça, vestia um uniforme em tons azul marinho, uma maquiagem clara, o suficiente apenas para destacar seus traços, e algumas bijuterias que passariam despercebidas se não fosse o brilho excessivo de algumas pedras. Segurava em uma das mãos um bloco de notas e noutra uma caneta já no ponto para tomar nota do pedido. Sua postura no geral indicava o tédio, o corpo apoiado em a das pernas, os ombros caídos e seu olhar que parecia vagar em qualquer lugar, menos naquele ambiente, mas ao olhar na direção de Vegas um sorriso brotou em seu rosto, se tornando patético ver as tentativas dela de chamar sua atenção.
