O chifre está crescendo na cabeça de quem?

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Capítulo 4



Jungwon estava desenhando com seus lápis coloridos quando ouviu vozes vindo da sala da casa. Ele tinha apenas oito anos naquela época, era um garotinho pequeno e bastante tímido, por isso não teve coragem de ir até lá. Ele apenas levantou e espiou pela fresta entreaberta da porta enquanto seu irmão mais velho recebia seu melhor amigo, a irmã mais nova dele e seus pais. Jungwon conhecia muito bem aquelas pessoas, aquele garoto sempre vinha em sua casa para brincar com seu irmão e ele também queria interagir com eles, mas morria de vergonha.

Naquele dia, no entanto, um daqueles homens o pegou no flagra espiando pela porta. Ele o chamou para se juntar a eles e o trouxe pela mão até a sala. Jungwon estava tão tímido que se escondeu rapidamente atrás do irmão, as bochechas rosadas reluzindo e o pequeno coração batendo acelerado.

— Você gostaria de ir ao parque conosco? — um daqueles homens perguntou.

Meia hora mais tarde, os seis estavam no Central Park. Jungwon, assim como o irmão mais velho, não costumava ir a lugares assim, sua mãe tinha certa fobia por germes e bactérias e os proibia de brincar na rua. Foi com muita insistência que aqueles dois homens conseguiram carregá-los, e estar assim ao ar livre era uma experiência tão nova quanto era assustadora.

Parecia que os Park vinham ao parque sempre, eles tinham carregado uma cesta com comidas, uma toalhinha xadrez vermelha e uma bola de futebol. Jay, o mais velho, chamou os outros dois para brincar junto de sua irmãzinha, e logo eles estavam chutando aquela bola para todos os cantos. E conforme os minutos iam se passando, mais Jungwon se sentia confortável e menos se sentia envergonhado. Fácil assim ele fez novos amigos.

Em certo ponto, Jay chutou a bola com muita força e ela rolou para longe, no meio de várias árvores. Jungwon era quem estava mais próximo, então ele correu para buscá-la. No entanto, quando se embrenhou pelas árvores, não conseguiu encontrá-la. Ele olhou de um lado para o outro e logo se deu conta de que estava sozinho ali, preso naquele local denso e um pouco escuro. Seu corpo congelou no mesmo instante, a respiração acelerou e sentiu vontade de chorar. Ele queria chamar por sua mãe, mas sabia que ela não podia ouvi-lo.

Naquele instante, passos apressados correram em sua direção e logo alguém havia tocado no topo de sua cabeça. Quando olhou para cima, viu Jay sorrindo para ele.

— Desculpe, eu chutei muito longe — ele mostrou a bola que tinha resgatado — Você está bem?

O mais novo assentiu e limpou as lágrimas que tinham se formado com a manga da roupa.

— Venha — Jay bateu em suas costas — Suba aqui, eu vou te levar de volta.

Jungwon estava um pouco tímido, mas ao mesmo tempo se sentia protegido, então aceitou subir nas costas dele. Quando estava confortável ali, seu coração se acalmou.

— Na próxima vez, chame o meu nome — pediu — Eu venho te ajudar no mesmo instante. Quando você estiver comigo, nada de ruim vai te acontecer.

Ao ouvir aquelas palavras, o coração de Jungwon bateu acelerado e ele se agarrou ainda mais ao outro. Jay deu um sorrisinho e caminhou devagar, carregando-o de encontro aos demais.

Olhando para o desenho em suas mãos, o agora adolescente Jungwon se lembrava dessa como a primeira lembrança forte que tinha com aquela pessoa. Ele não sabia dizer se foi ali que se apaixonou, mas daquele dia em diante, Jay se tornou seu porto seguro.

E então aquilo aconteceu.

Assim como se fosse ontem, Jungwon se lembrava dele chorando desesperadamente em frente à sua cama no hospital.

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