Sob o céu estrelado

194 14 0
                                    

Quando acordei, havia uma pequena sereiana me encarando atrás do vidro. Eu ainda não havia me acostumado com a vista para o fundo do lago, mas ontem esqueci de fechar as cortinas de veludo pesado que me protegiam dessa vista... peculiar. Minhas colegas de quarto ainda estavam dormindo, com exceção de Hannah, que estava escrevendo em seu pequeno caderno (que todas sabíamos ser seu diário, mas ela nunca admitiria).

- Aposto que você fica escrevendo "Senhora Hannah Abbot" com corações nesse negócio.

- Eu ainda posso te machucar, Walton - ela fala com raiva, mas não consegue esconder um pequeno sorriso.

Ela joga uma almofada em mim e rio um pouco da sua mira questionável. Dou a língua para ela de forma extremamente madura. Entro no nosso banheiro, sentindo o frio do mármore formigar sob meus pés, por estar descalça. Tomo um banho quente sem pressa, e depois de me arrumar volto para ajeitar minha bolsa. Hoje eu precisava entregar alguns pergaminhos, então pego uma mochila dessa vez. Era uma leve, da Louis Vuitton. Havia um pequeno chaveiro de ouro, em forma de cadeado, com as iniciais ... da minha mãe. Sinto um aperto no coração. Por algumas horas, senti o alívio de não pensar no quê havia acontecido. Meu consolo, no entanto, era saber que somente eu sentia essa dor. Provavelmente meus pais estavam tomando café juntos essa hora, abraçados e felizes. A parte mais escura da minha mente sussurrava que eles talvez estavam até melhores sem mim, mas eu não a ouviria.

Quando abaixo para fazer carinho na Nyx, que dormia encolhida dentro da minha pantufa, sinto minha saia afrouxar um pouco. Ando até o espelho da nossa penteadeira, e levanto um pouco a camisa para ver minha cintura. Eu havia perdido peso nos últimos dias, uma quantidade considerável. Hannah, que havia parado de escrever no diário, me observa.

- Você precisa comer, Lilian.

Meu primeiro instinto é responder algo como "Não diga, Yaxley" mas ela parecia genuinamente preocupada. Mais uma sonserina cujos sentimentos em relação a mim eu ainda não compreendia. Será que eles poderiam decidir logo entre ódio e amizade?

- Eu... não consigo - falo, honestamente.

De todos os pensamentos que tive nos últimos dias, nenhum deles foi sobre me alimentar. Eu odiava admitir, mas Hannah estava certa.

Não falamos mais nada, apenas fiquei fazendo carinho na Nyx enquanto Charlie e Pansy acordavam e se arrumavam. Após meia hora, já estávamos todas prontas e saímos para tomar café. Sentei ao lado de Charlie, como de costume, e Hannah surpreendentemente sentou do meu lado. Ela começou a botar pãezinhos no meu prato.

- O quê você est... - comecei a falar, mas Hannah Yaxley simplesmente enfiou um pedaço de pão na minha boca.

Enquanto eu mastiguei, em choque, Nott tentou segurar uma risada (e falhou miseravelmente). Decidi não brigar dessa vez, e apenas aceitei sua ajuda meio... agressiva. Draco chegou logo depois com Zabini, e então nos olhamos. Lembranças de ontem voltaram para minha cabeça, e depois de um instante desviei meu olhar para o meu prato, que de repente parecia muito interessante. Ele deu um dos seus sorrisos convencidos, mas felizmente nenhum de nossos colegas pareceu desvendar o motivo. Depois que terminei a quantidade absurda de comida, Hannah ameaçou colocar mais no meu prato.

- Não ouse.

Decidi então sair do salão para andar um pouco antes da primeira aula. Era de Poções, e eu queria digerir meu café da manhã antes de precisar esmagar lagartas vulcânicas. Sem falar que a cara de desgosto do Snape sempre deixava meu estômago inquieto. Estava quase virando o corredor quando Malfoy me alcançou.

- Não conseguiu ficar longe? - falo com um sorriso irônico.

- Não conseguiu me olhar hoje? - ele retruca fazendo com quê eu revire os olhos, resultando em mais uma das suas risadas arrogantes.

Sonserina: Born to Die (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora