Beauxbatons era a escola que, se minha mãe visse, com certeza escolheria para mim. As meninas eram encantadoras, e os meninos mais ainda. Usavam um azul claro, costurado em um uniforme que parecia ter saído de uma edição da Cosmopolitan. A elegância deles era visível, com movimentos calculados e delicados que maravilhavam todos no salão pela beleza.
Resumidamente, eram lindos. Mas pareciam ser apenas isso. Já a comitiva de Durmstrang me impressionou mais. Eram do Norte, claramente, usavam peles pesadas em seus casacos e faziam truques impressionantes com fogo. Ao lado do diretor, estava Viktor Krum. No trem, Vince tinha me falado várias coisas sobre sobre ele, e inclusive mostrado uma foto do Profeta Diário. Era um jogador de Quadribol mundialmente famoso, e também parecia ser o melhor da sua área. Sua aparência também era considerável.
"Mas você nem gosta de Quadribol", Sam havia comentado na cabine, cansada dos longos minutos em que Vince falou sobre ele.
"Mas eu gosto de homens bonitos", Vince tinha rebatido e arrancado uma risada minha.
Ao lembrar da nossa conversa, me toquei que não havia falado com eles desde que cheguei. Achei que teria a oportunidade, mas assim que o jantar terminou fomos mandados para as nossas comunais. Eu fui junto com os veteranos, e Charlie passou o caminho me dando um resumo não solicitado sobre a Sonserina.
- Você está na melhor casa, sabe? Tenho quase certeza que a comunal dos corvinos cheira a poeira de livro, dos lufanos deve ser erva-daninha ou algo assim...
- E a dos grifinórios?
- Com certeza é gato molhado.
Dou uma risada, mesmo que não goste de piadas ofensivas, e percebo que eu estava começando a gostar dela. Seu jeito era despreocupado e aparentemente fácil de lidar, e conversar com ela não era fardo algum. Depois de um tempo, chegamos nas Masmorras, e não me incomodei nem um pouco pela localização. Quando falaram a senha que abriu a porta, eu tive a primeira visão da sala comunal da Sonserina. Dois sofás de couro preto se posicionavam ao lado da lareira, perto de poltronas de aparência confortável, janelas altas com vista para o fundo do lago deixavam a sala com uma luz esverdeada, e o lugar inteiro era ricamente decorado com tecido, prata e até esmeraldas. Até os livros pareciam ser caros.
- Bem-vinda ao nosso mundo.
Charlie deu um sorriso, e me arrastou até um quadro de avisos. Lá, o nome dos alunos novos estava escrito de acordo com os dormitórios designados. Finalmente achei o meu, e li o nome das minhas colegas de quarto.
- E você teve a sorte de estar comigo!
Charlie comentou, parecendo verdadeiramente satisfeita. Já uma menina com o nariz franzido e empinado, após ler o quadro, esbarrou propositalmente em mim e comentou com uma loira ao seu lado.
- Parece que a sangue ruim ficou no nosso quarto...
Se eu tivesse esperado que Charlie fosse me defender, eu teria me decepcionado. Ela apenas cruzou os braços e me encarou, como se quisesse saber qual seria minha reação.
- Com licença, você está falando de mim?
A menina pareceu surpresa que eu não tivesse simplesmente aceitado o insulto. Então ela deu uma risadinha e inclinou a cabeça de forma claramente sarcástica para me responder.
- Oh. Além de suja você é surda? Pobrezinha!
Sorrio cinicamente e me aproximo dela o suficiente para que apenas ela me escute. Eu não iria causar uma cena no meu primeiro dia, muito menos perder a elegância para entrar em uma briga física. Minha mãe jamais aprovaria.
- A próxima vez que você me irritar, nem toda magia dessa sala vai conseguir te soltar de mim - sussurro, e ela tenta se afastar mas seguro seu braço firme - E eu adoraria te mostrar como lidamos com ratos como você no mundo dos trouxas.
Ela puxa seu braço de volta com força, e o ódio com que me encarava era quase palpável. Disputando espaço em seu olhar com o ódio, estava a incredulidade. Pela a expressão dela, ela não era acostumada a ser contrariada ou rebatida. O quê significa que provavelmente ela tinha algum status aqui dentro, ou que meus colegas de casa achavam o bullying algo normal. Charlie estava com a sobrancelha arqueada, e antes que a menina me rebatesse, ela me puxa e leva até o nosso quarto.
- E você acabou de conhecer Pansy Parkinson. E devo mencionar que você foi bem burra.
Entramos no quarto e, assim como o resto da comunal, era lindo. Quatro camas de casal estavam forradas com lençóis de seda verde e cobertores de aparência confortável. As camas eram de madeira escura, assim como os baús aos seus pés e as mesas de cabeceira dos lados. Na parede onde ficava a porta do banheiro, tinha uma penteadeira com um espelho adornado e uma cadeira estofada. Na parede oposta, quatro armários pequenos estavam lado a lado. O luxo era algo que eu conhecia bem, por isso fez com que eu me sentisse em casa.
- Os armários são encantados. O seu é o do canto direito, já que chegou por último, e só você pode abri-lo.
Faço como ela disse e vejo que minhas coisas já estavam perfeitamente organizadas lá. Meu gato estava dormindo preguiçosamente em cima de uma cama que provavelmente seria a minha. Sento na cama, cansada, e decido que poderia socializar com Charlie no dia seguinte. Pego minhas coisas para tomar um banho, e ao caminhar para o banheiro, Charlie segura meu braço.
- Apenas... tome cuidado. Conheço Pansy desde criança, e sei que ela vai retaliar.
- Então deixe que venha.
Sorrio com falsa confiança e entro no banheiro. Era de mármore, e tinha uma banheira espaçosa. Sonserina realmente era a comunal mais luxuosa, mesmo que fosse a Casa mais venenosa. Depois de encher e colocar um pouco de espuma, deito na banheira e penso no dia que eu tive. Eu não queria ir para uma Casa preconceituosa, porque eu não tinha esse preconceito. E não queria que pensassem que eu era como eles.
Não tinha parado na Casa ideal, e com certeza teria muitos inimigos aqui. Mas Charlie gostava de mim para me aconselhar, e eu tinha conhecido pessoas ótimas nas outras Casas. E no momento, ser popular não era a minha prioridade. Estudar e ultrapassar meus colegas era. Me pergunto o quê minha mãe estaria fazendo no momento, e como ela reagiria se soubesse da ameaça que fiz hoje. Não era verdadeira, mas Pansy não precisava saber disso.
Eu não iria machucar ela se ela não me machucasse. Fui criada para apenas relevar e manter a minha imagem, porém minha mãe nunca conseguiu me ensinar à relevar. Se Pansy queria guerra, e ela provavelmente queria, era isso que ela teria. Posso estar em desvantagem aqui dentro, mas não ligo. Se for para cair, prefiro cair trazendo alguém comigo. De preferência a pessoa que causou isso tudo.
Talvez eu fosse uma Sonserina no fim das contas.
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Sonserina: Born to Die (Completa)
FanficLily Walton é uma órfã, adotada por um casal bilionário e sem pista nenhuma de quem realmente é. Ela não acreditava em magia. Assim como não acreditava em destino. Mas quando uma mulher misteriosa a leva para a uma escola de magia e bruxaria chamada...