O Armário de Vassouras

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Estávamos caminhando o mais silenciosamente possível, mas o barulho familiar da Madame Norra se aproximando fez nossos olhos se arregalarem. Amaldiçoando internamente a minha sorte (ou a visível falta dela), olhei ao redor procurando algum esconderijo. Minha atual detenção com Filtch ainda estava na metade, mais uma e eu iria perder o resto de estabilidade mental que eu tinha. Blásio, que parecia tão disposto quanto eu a não entrar em encrenca, apontou freneticamente para uma porta de madeira. Sabendo que qualquer coisa atrás daquela porta seria melhor que dar de cara com Filtch e Norra, entramos correndo.

E a porta se fechou atrás de nós. Era um pequeno armário cheio de vassouras velhas, provavelmente as que a escola fornecia para as práticas de vôo. Mal cabia duas pessoas, e a poeria era o suficiente para me fazer espirrar por uma semana. Blásio provavelmente percebeu isso porque, assim que os passos do Filtch ficaram mais próximos, senti o impulso de espirrar e ele tapou minha boca imediatamente. Com uma mistura de alívio, vergonha e uma mão de obstáculo, o ímpeto de espirrar foi superado. Filtch estava diminuindo a velocidade, o barulho dos seus sapatos contra o piso de pedra aumentando gradativamente. Com medo de ser pega, peguei a minha varinha e decidi lançar um feitiço que havia praticado sozinha no chalé ao longo das férias. Seria o suficiente para Filtch não ouvir um ruído sequer atrás da porta, e então esperaríamos uns minutos e seguiriamos para a comunal. Dei um breve aceno apontando para a porta e murmurei rápido:

- Abaffiato.

Depois de uns instantes, escutei aliviada Filtch parando, resmungando pela perspectiva frustrada de pegar alunos para punir, e seguindo em frente.

- Pronto, agora é só esperarmos um pouquinho para que ele se afaste mais.

- Estou começando achar que andar com você é um convite para a detenção.

Blásio parecia impaciente, e ele tinha motivos que até eu precisava reconhecer. Aparentemente, seus passeios noturnos para a cozinha eram frequentes, e ele parecia nunca ter chegado perto de ser pego. Além disso, o armário estava abafado e desconfortável. Passar minutos ou horas comendo e conversando na cozinha era uma coisa. Já na nossa situação, praticamente espremidos numa sala empoeirada e escura, era outra bem menos agradável. Depois de um tempo olhei o relógio e decidimos que 10 minutos era o suficiente.

Então eu estendi a mão e girei a maçaneta. E nada aconteceu.

Girei com força mais algumas vezes, mas a porta parecia estar trancada. Mas como? Não havia chave do lado de fora, e muito menos no de dentro. Blásio, irritado, tentou a vez na maçaneta e depois de várias tentativas frustadas ele chutou a porta. Que não mexeu um milímetro com o impacto. Foi então que eu me lembrei de algo.

No chalé, as primeiras tentativas de magia. O Lumus que poderia ter cegado alguém. O Diffindo que cortou cinco árvores. E no colégio o Estupefaça que machucou Pansy mais do quê deveria. Minha magia ainda era muita para domar, e a sensação falsa de controle me deixou descuidada. Cometi o erro de fazer um feitiço em um momento de nervosismo que amplificou a magia, sem me concentrar o suficiente para isso.

Eu não havia selado apenas o barulho da sala. Eu havia selado a sala inteira.

E Blásio pareceu perceber minha cara de culpa, mesmo com a pouca luz do ambiente.

- O quê diabos você fez, Walton?

- Eu... bem, acho que eu acidentalmente tranquei a gente aqui com o meu Abaffiato.

- Isso é impossível. Você não tranca nada com esse feitiço, não é essa a função. - ele descartou minha confissão com um aceno de mão, e voltou a olhar para a porta - Deve estar fechada por fora.

Antes que eu falasse algo sobre as várias falhas nesse raciocínio que ele achou, Zabini pegou sua varinha e apontou para a maçaneta.

- Alohomora.

Sonserina: Born to Die (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora