Sonserina: Born to Die (Completa)

Pirraça, o Poltergeist

História da Magia era tão chato em Hogwarts quanto era nos estudos com Snape. Quando comecei a estudar, achei interessante o contexto da história dos bruxos, assim como foi bom aprender sobre os eventos principais como conflitos e guerras. E eu até gostava de ler sobre, era uma boa pausa das atividades práticas e exaustivas. Mas a diferença dos meus estudos no chalé e aqui foi que, quando peguei no sono no meio de uma explicação entediante, não foi a voz desapontada e ácida de Snape que me acordou. Foi um cutucão forte do Diogo.

- Por que diabos você me acordou? - sussurro irritada, passando a mão no meu braço que havia sido seu alvo.

Depois de todas as matérias cansativas, parecia impossível me concentrar na última aula do dia, por mais que eu me considerasse uma aluna dedicada. Ainda mais quando era ministrada por um fantasma translúcido e monótono, que parecia gostar da própria matéria tanto quanto seus alunos. Ou menos.

- Porque você estava babando nas minhas anotações! Será que pode pelo menos fingir interesse? Tadinho do professor... - ele respondeu baixo.

Olho em volta e me sinto um pouco culpada por ter dormido despreocupada durante a maior parte da aula. A maioria da sala parecia preferir tortura física do que estar aqui, e a única pessoa que anotava tudo atentamente como se História da Magia fosse o conteúdo mais fascinante do universo era Diogo. Na verdade, ele era a única pessoa que anotava aí qualquer coisa nos pergaminhos, ao invés de desenhar gnomos com roupa social como Zabini estava fazendo.

Decido copiar as anotações dele para pelo menos aprender o mínimo, e ele parece satisfeito com a minha atitude. Binns havia passado uma quantidade impressionante de conteúdo em poucos minutos, e quase me arrependo do cochilo. Quase, porque foi de fato muito revigorante.  O resto da aula passa rápido, e somos liberados rapidamente. Diogo anda comigo até o Salão, enquanto conversamos pelo caminho.

- Está gostando daqui? - pergunto, genuinamente interessada.

- Sim. É um pouco frio demais para o meu gosto, mas está sendo incrível. Minha sala comunal é do lado da cozinha. - ele comenta satisfeito, de forma compreensível. Afinal, era uma localização difícil de superar.

- Isso já me parece uma grande vantagem.

Dou um sorriso e continuamos conversando sobre a vida dele no Brasil. Ele havia mudado para Hogwarts em um tipo de intercâmbio, e ficaria aqui por um ano. Descobri que era comum essa prática, com alunos interessados em Herbologia, por exemplo, passando alguns meses no Brasil pela riqueza da flora.

Diogo era muito simpático, e sua escola, Castelobruxo, parecia ser muito interessante. Ele comentou algo sobre uma floresta repleta de animais mágicos e não-mágicos, além de algumas criaturas travessas, que pareciam ser tão ruins quanto o Pirraça. E só de pensar no Pirraça, o Poltergeist aparece do nada como de costume e quase nos mata de susto. Nossos livros caem no chão, misturando nossos pergaminhos e penas e arrancando um suspiro de frustração meu. O fantasma olha para a bagunça, rindo, mostra a língua e vai embora. Eu juro que se eu pudesse bater nele...

- Vocês querer ajuda? Meu nome é Kai.

Olho para cima e vejo um menino aparentemente de Durmstrang nos olhando. Tinha um sotaque forte e cometia uns erros ocasionais de gramática. Me perguntei se era assim eu eu soava quando estava falando outras línguas. Ele era loiro, e tinha as bochechas meio rosadas pelo frio. Sua aparência alta e forte poderia ser intimidante, mas era completamente anulada pelo sorriso gentil e adorável que ele exibia no momento. Eu estava prestes à aceitar a ajuda, quando Diogo, que parecia um pimentão, pigarreou.

- Erm... não, não. Obrigada. Tudo sob controle.

O menino de Durmstrang pareceu confuso por um momento, mas apenas sorriu novamente e foi embora, provavelmente se perguntando o quê havia feito de errado para gerar essa reação. Olho para Diogo com as sobrancelhas arqueadas, um sorriso presunçoso se estampando no meu rosto enquanto ele ficava mais vermelho.