Sonserina: Born to Die (Completa)

Midnight Snack

- Merlin, vocês são idênticas...

Eu a olhei com uma mistura de curiosidade e preocupação. Pelo cabelo loiro, com uma mecha escura e adornada por jóias, essa deve ser a senhora Malfoy. Ela era exatamente o quê eu esperava de uma mulher da elite bruxa. Toda sua aparência parecia estar milimetricamente calculada, a postura rígida e nariz fino naturalmente empinado. No entanto, a serenidade das suas roupas não combinava com a nítida confusão e choque no seu rosto. Afinal, ela havia me chamado de Tatianna.

- Eu... sinto muito, senhora Malfoy. Mas temo que esteja me confundindo com outra pessoa. Me chamo Lílian. É um prazer conhecê-la.

Draco desviou o olhar da sua mãe para me encarar surpreso. Provavelmente não esperava a polidez que saiu da minha boca. Mas, até agora, a Senhora Malfoy não me deu motivo nenhum para tratá-la com nada além da educação que me foi ensinada. Eu separava carinhosamente o meu lado rude e grosseiro para idiotas como ele e Parkinson.

- Oi mãe... - ele finalmente disse de forma acuada, porém nitidamente aliviado. Como só ela estava na sala, pelo visto eu não iria conhecer o famoso senhor Malfoy agora.

E eu não tinha pressa. Se ele era capaz de fazer uma pessoa arrogante como o Malfoy abaixar a cabeça mesmo sem nem estar presente, não era alguém que eu ansiava conhecer. Muito menos por ter criado um filho preconceituoso e mimado como meu não tão querido colega de Casa. Eu sempre acreditei que a influência dos pais só atingia os filhos até uma certa idade. Depois disso, já eram perfeitamente capazes de pensar e agir por conta própria ao invés de usarem suas famílias como justificativa. Mas antes que eu julgasse silenciosamente o Draco de novo, Dumbledore nos indicou assentos perto da sua mesa. A senhora Malfoy continuou em silêncio, com as sobrancelhas finas e bem feitas levemente franzidas. O clima desconfortável foi interrompido por Dumbledore, inabalável como sempre.

- Senhorita Walton, temo que estava certa sobre a impossibilidade de contatar seus pais. Como deve perceber, eles não se encontram. Mas assim que eu terminar de conversar com a Senhora Malfoy e Draco, gostaria que me encontrasse aqui para discutirmos as... circunstâncias.

Ele sabia. De alguma forma, ele sabia que eu tinha conhecimento, embora pouco, da situação dos meus pais. Levantei-me atônita para dar privacidade a eles, já que sinceramente não dava a mínima para o sermão que Draco levaria, e finalmente mais tarde eu poderia tirar minhas dúvidas sobre o sonho que tive com meus pais e descobrir como consertar tudo. Estava me sentindo até um pouco mais leve, se alguém poderia me ajudar a entender o quê aconteceu, esse alguém era Dumbledore. Por mais que eu não gostasse de seu rosto sempre sereno demais e o hábito de esconder pequenas coisas, eu admito que ele parecia ser o bruxo mais poderoso desse lugar.  Mas antes que eu desse um passo em direção à saída, a Senhora Malfoy ergueu a voz pela primeira vez.

- Fique.

Foi o suficiente para que eu permanecesse parada, mais pela surpresa e cordialidade do quê pela obediência. Não era minha mãe, afinal. Draco me olhava procurando respostas, mas nem eu as tinha. O quê ela poderia querer comigo?

- Senhora Malfoy, eu sinto muito pelo inconveniente mas eu não forcei seu filho a fazer nada. Na verdade, ele m...

Ela não precisou me interromper com palavras, porque seu olhar já dizia que não era nisso quê estava interessada. Me calei e me sentei novamente, esperando que a mulher misteriosa encerrasse a tensão ao dizer de uma vez o quê diabos queria comigo.

- Sinto muito pela minha reação ao vê-la pela primeira vez. O choque do momento impediu um raciocínio correto. Claro que você não seria a Tatianna, eu mesma a enterrei.

- Bom, fico feliz que o mal entendido tenha se resolvido. Com licença, irei me retirar para que a senhora tenha mais privacidade com seu filho.

- Não terminei, Lilian. - a Senhora Malfoy disse, com a expressão voltando a ser controlada, mesmo que a surpresa ainda fosse visível debaixo da máscara polida.