Mockingbird

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Quando acordei, meu quarto estava cheio de sacolas. Levantei, atônita, e ao perceber que não estava sonhando, fui olhar dentro delas. Sacolas da Chanel, com o vestido e cardigan que desejei ter comprado ontem, o livro da Jane Austen e em cima da minha mesa o conjunto de colar e brinco. Todas as coisas que desejei ontem estavam embaladas para presente ali, no meu quarto. Somente uma pessoa poderia ter feito isso, e eu não sabia o quê pensar. Ele havia comprado tudo. E havia deixado no meu quarto. Ele provavelmente deduziu que eu não tinha dinheiro trouxa, e prestou atenção em mim o tempo todo. Meus olhos se encheram de lágrimas por um instante.

Dizer que eu estava surpresa era pouco. O gesto e o esforço de Draco pesavam em minha cabeça. Saber que ele esteve aqui no meu quarto também, de uma forma que eu não deveria... Meus pensamentos eram confusos como minhas emoções, e eu teria afogado neles se não fossem as batidas na porta e a voz receosa de Jinx.

- Senhorita Black, o almoço será servido em breve.

Olho para o relógio e vejo que eu havia dormido até 11h. Tomo um banho rápido e me arrumo, e quando desço todos já estão na mesa. Draco não olhava para mim diretamente, Lucius parecia furioso e Narcissa bebericava uma taça de vinho. Me sentei de frente para Draco, e a tensão poderia ser cortada por uma faca.

- Fiquei sabendo que é extremamente próxima de... Potter - começou Lucius, cuspindo o nome de Harry com um desprezo inegável.

Olhei para Draco, que ainda encarava seu prato.

- É estranho que Draco não tenha mencionado nada sobre isso, ou sobre suas amizades em geral. Ele costumava responder todas minhas perguntas, e agora preciso ouvir dos Parkinson.

- Pode me perguntar diretamente, senhor Malfoy.

- Apenas me preocupo que esteja se... associando com as pessoas erradas - ele diz, com um sorriso frio.

- Jura? Bem, não há necessidade. Consigo escolher as amizades certas - devolvo seu sorriso.

- Bem, então está conversado, certo querido? - Narcissa diz, em uma óbvia tentativa de desviar o assunto se vira para Draco - Seus amigos vão chegar em breve, isso não é ótimo?

- Sim, mãe - Draco fala pela primeira vez desde que sentei na mesa.

Jinx, a elfa, equilibra um bolo e uma bandeija de biscoitos com magia até a mesa. Porém, no momento em que ela os coloca, Lucius empurra a cadeira para trás e um dos biscoitos cai no seu colo.

- Elfa estúpida - ele diz com ódio, e com sua bengala bate em seu braço.

A elfa não se move ou revida, mas seus olhos se enchem de lágrimas. Ele ergue a bengala para um segundo golpe quando me levanto e a seguro. Ele me olha, surpreso e com os olhos cheios de fúria, e a puxa da minha mão com tanta força que consigo sentir a madeira arranhar minha mão.

- Como ousa....

- Querido, acho que já a puniu o suficiente. Lilian, vá para o seu quarto, sim? - Narcissa me pede, ou melhor, manda, sem tirar os olhos de seu marido enraivecido.

Quando vejo Jinx voltando para a cozinha, subo as escadas em direção ao meu quarto. Ainda consigo ouvir a conversa de Lucius com Tia Cissa. "Selvagem", "Prepotente" e outras ofensas que não me afetavam em nada. Respiro fundo, sabendo que pelo menos eu veria a Charlie em breve. Eu não havia falado um décimo do que gostaria para Lucius, e se ele continuasse se mostrando desprezível, eu não aguentaria por muito tempo. Enquanto a conversa se afasta, organizo tudo que Draco havia me dado. Ele havia me tratado com frieza antes, mas algo pareceu mudar na... biblioteca.

"Você não consegue abrir a porta?" ele me perguntou com uma expressão extremamente curiosa. Eu deveria ter conseguido? Era uma porta encantada, afinal, para abrir ao toque dos Black e Malfoy. Que não abriu para mim. Será que...?

Sonserina: Born to Die (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora