Born to Die

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No último ano, fui uma menina trouxa, e então uma bruxa. Uma Black, Rosier... Gaunt. Fui humilhada e, depois, temida. Machuquei. Fui machucada. E agora, finalmente, sei de onde vim. Todas as perguntas que tinha foram respondidas, e para minha infelicidade não havia como mudar o passado. Eu nasci de sacrifícios. Uma maldição. E eu fui salva por um sacrifício de amor: da minha mãe biológica. Que eu jamais iria conhecer. A mulher que se infiltrou entre comensais, que deu a sua vida pela causa em que acreditava. Essa era minha mãe. E como eu a honraria? Como eu seria capaz de honrar minhas raízes quando meu próprio nascimento foi manchado por sangue?

Eu não dormi. Em momento algum. Alternava entre o horror de meu nascimento, e um alívio estranho de finalmente saber. Quem eu sou, de onde vim, como meus pais adotivos estão. De onde vinham as dores que agora sei serem consequência do feitiço para selar minha magia feito pela minha mãe. Saber tudo, pela primeira vez desde que me entendo por gente. Era peculiar a sensação. Amarga. Doce, pelas palavras de Sirius e o colar agora pendurado no meu pescoço.

Eu vi o amanhecer chegar lentamente, e minhas colegas reviraram em suas camas. Levantei cedo até demais, e tomei um banho demorado. Eu não me afogaria em autopiedade. Não tenho culpa dos sacrifícios, não tenho culpa da mancha negra em meu nascimento. Minha mãe morreu por mim, e eu não desonraria isso mergulhando em lágrimas por algo que não pode ser mudado. Meu cabelo se seca rápido, e fico encarando meu reflexo ao escová-lo. Apesar de todos acontecimentos, eu havia ganhado um pouco de peso saudável. Durante todos esses acontecimentos, sempre tive meus amigos. E agora tenho, plenamente, Draco. Preciso contar para ele. Mas... devo? Afinal, os pais dele são comensais. Mas eu não duvidava dele, nem por um segundo.

Coloco meu uniforme, o colar que Draco me deu, e desço para a sala comunal. Estava completamente vazia. Sento perto da lareira já acesa, sabe se lá como, e olho para o fogo. Sempre queimando. A sala começou a se encher com os minutos de passando, lentamente. Após um tempo, Draco, que também acordava cedo, apareceu. Ele andou até meu lado com um sorriso. Estava abertamente sorrindo. E então sentou-se do meu lado, me deu um beijo e colocou a mão em volta do meu ombro.

Eu conseguia sentir os olhares. Inveja, choque, confusão...

-Bom dia, Lily. Dormiu bem?

Uma pergunta tão casual. Como eu contaria para ele? Como ele reagiria? E, pior: o quê ele pensaria de mim?

- Na verdade não consegui dormir.

- Sei de um remédio muito bom para insônia, posso te...

- Bom dia queridos amigos! - diz Zabini, se aproximando com Nott e Charlie.

Draco solta uma risada sincera pelo timing, e também sorrio. O clima não combinava em nada com os meus pensamentos. Distração. Negação. Fases normais do luto, eu acho.

- Deveríamos fazer outra festa hoje, vai ter a última prova do torneio... - diz Nott, enquanto Charlie deita a cabeça no ombro dele.

- Nem temos sonserinos competindo - eu disse, e Zabini sorriu.

- Mas temos muito que comemorar. Sabia que você é a primeira namorada do Draquinho? Eu estava começando a desconfiar que ele era...

- Eu ainda posso te machucar, Zabini - Draco disse

Pansy e Hannah chegaram no sofá, e Pansy não parecia com raiva.

- Parabéns pelo namoro. Agora, temos coisas mais importantes para falar.

- Tipo o que? - perguntou Charlie, sonolenta - Perdeu sua escova de cabelo? É o quê parece.

- Vai se ferrar, Charlie. Não, a coisa importante é que precisamos descobrir quem é o pai da Lily

Sonserina: Born to Die (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora