Capítulo XXXI - Parte I

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 "Todos os meus dias são um adeus."

(François Chateaubriand)



- Me diga que você sabe fazer ligação direta? - berrei ao me jogar dentro do carro.

Megan entrou pela porta do motorista, o sorriso na sua boca me fez sentir alívio, o que era absurdamente incrível.

- Gata, eu não fui parar naquele reformatório à toa. - piscou um de seus olhos para mim, e por um segundo, pude perceber toda a beleza genuína que havia por trás de tanto esteriótipo de "mulherão" que ela carregava.

A loira arrancou o painel do carro, puxou um tanto de fios lá de dentro, achei até legal ver como eram coloridos. Antes que me desse conta, ela já estava roendo alguns. Sua explicação rápida — e embolada por estar ainda com um fio nos dentes — era de que só daquele jeito poderíamos realmente fazer a tal ligação. E aqueles foram os três minutos mais longos da minha vida, porém, quando ela torceu os fios e o motor deu sinal, a alegria encheu meu peito.

- E aí, pronta para salvar uns gatinhos?!

Sorri satisfeita. Nunca estive tão certa sobre algo na minha vida, quanto estava certa do que devíamos fazer naquele instante.

- Vamos de uma vez.

Mal tinha terminado de falar e o carro já estava cantando pneu. Ao menos nisso o infeliz do Worren nos tinha ajudado, porque não teríamos outra chance de escapar. Os tiros cessaram repentinamente, todavia os helicópteros ainda estavam lá. O galpão se tornava maior e maior a cada segundo. Nós íamos em linha reta, diretamente na direção do galpão.

- Você vai nos matar. - avisei para o caso dela não estar percebendo que estávamos em alta velocidade e indo de encontro com as costas do galpão.

- Nem pensar que esse será o dia em que Megan Drammer morrerá, ainda mais em um lugar tão patético e cheio de mato.

O carro derrapou levantando uma densa camada de poeira. E a parede do galpão ficou a pouco mais que meio metro de nós. Naquele instante prendi a respiração, porque, tudo aquilo mais lembrava a uma cena de filme de ação do que a droga da minha realidade. Eles surgiram, lindos e únicos, como eram e como deviam ser. Tinham o olhar feroz, e o caminhar firme, mas apenas o sorriso dele tinha aquele brilho que me enfeitiçou desde o primeiro instante.

- Obrigado pela carona, moças! - Mickey sorriu.

Entraram de qualquer modo e Megan acelerou com o carro, porém, sabíamos que não seria nada fácil nos livrar dos nossos "amigos voadores".

- Para onde? - a loira perguntou sem jamais tirar os olhos da estrada.

- Para casa. - Mickey.

- Para mansão. - Leon.

- Para fora de vista. - McVoy.

- Certo! Só posso dirigir para um lugar e temos que decidir logo, quanto tempo acham que eles vão levar para começar a atirar em nós outra vez?

- Se formos para casa, nos seguirão e nos matarão. - Leon apertava o ombro baleado.

- E se formos para a mansão dá no mesmo e ainda colocamos a Mama em perigo. - McVoy gritou.

- Então, Sr. Sabichão, nos diga na excelência dos pensamentos avançados, como faremos para sairmos de vista, antes de morrer tentando fazer isto? - Mickey também gritou.

- Ok! Já chega. - virei-me para o banco de trás onde eles estavam — Vocês querem morrer, bastam descer do carro. - fiz uma pequena pausa e olhei-os — Agora, se pretendem sobreviver a isso, vamos ter quer chegar a um consenso e dizer logo a Megan para onde seguir e sair logo dessa maldita estrada, onde somos um alvo fácil.

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