Capítulo XVI - Parte II

7.2K 641 111
                                    

 “A paixão sem a razão é cega, a razão sem a paixão é inativa.”

(Baruch Spinoza)





Aquele era o melhor clube da cidade e era exatamente por isso que era secreto e só entrava a alta sociedade. Toda aquela fachada de uma cafeteria velha e com apenas um funcionário que vestia- se com roupas esfarrapadas era para disfarçar o que realmente rolava bem debaixo dela.

O clube ficava a pouco mais de cinco metros do chão da cafeteria, e atrás da porta de chumbo um mundo de multicolorido, fumaça de gelo seco e música alta nos convidava a entrar de cabeça.

Guilhermina andava como uma criança que ia ao parque pela primeira vez. Seus olhos escaneavam tudo que podia, tudo que estava dentro do seu alcance periférico. Em sua boca um sorriso surpreso e encantado brilhava na mesma cor das luzes da boate. Várias vezes tive que segurar seu pulso para que soubesse que eu estava indo em outra direção.

- Que lugar é esse? - quis saber logo que estacamos no bar do lugar.

Sorri de lado. Naquela noite ensinaria a ela o verdadeiro significado de ser jovem e poder curtir como se não houvesse um amanhã. O barman nos atendeu, pedi duas doses de Tequila.

- Saúde e se divirta. - virei minha dose toda de uma vez e deixei que a queimação conhecida espalhasse a sensação de amortecimento.

Ela teve que tomar aquela doses com três goles, e em todos eles fez uma cara tão esquisita que não resisti de fazer uma foto daquele momento. Claro que ela tentou tomar o celular da minha mão e depois ficou me ameaçando. Nem liguei, gostava de vê- la tão solta, tão natural, tão...

- Vamos dançar. - segurei em sua mão e arrastei-a para o meio da balada.

- Sou péssima dançarina. - disse na ponta do meu ouvido.

- É só relaxar e deixar a música te guiar. - disse já colocando minha mão em sua cintura.

Uma música no estilo hip- hop começou a tocar em um ritmo nem tão rápido. Comecei a me movimentar perto dela a fim de que entrasse no ritmo. Ela me olhava com aqueles olhos perfeitos e eu precisava fingir que não estava prestes a toma- la em meus braços e beija- la da forma mais lasciva que pudesse. Consegui me manter firme e antes da música acabar ela já estava bem mais solta. Suas mãos estavam penduradas nos meus ombros e as minhas agarradas a sua cintura.

Um garçom passou com uns drinks em uma bandeja que reluzia as luzes coloridas acima de nós. Pegamos duas doses cada um, daquela vez ela virou suas doses de uma só vez. Sorri e fiz sinal de positivo para ela. Não estava tentando embebeda- la, mas queria que se soltasse, que esquecesse do resto do mundo, dos problemas, do Jon, do Jay e quem sabe até do próprio nome. Ela precisava “VIVER”.

- Nossa! - começou a rir – provavelmente era efeito das bebidas no seu sangue. - Parece que estou em uma roda gigante a trezentos quilômetros por hora. - riu de novo.

- Se estamos em uma roda gigante, então se prepare, pois ainda não chegamos no topo. - disse acompanhando- a no riso fácil.

Guilhermina. - a voz do Jay ressoou em um eco distante e fraco na minha cabeça.

Guilhermina. - a voz do Jon pareceu ainda mais longe e fraca que a do outro imbecil.

- O que há, não sou boa companhia? - Mesmo estando levemente bêbada conseguiu perceber que estava tenso.

- Só preciso de um bom uísque e sem gelo. - disse e peguei em sua mão, carregando- a para perto do bar de novo.

Fiz um sinal por rapaz que rapidamente nos atendeu, e logo dois copos com um líquido âmbar estavam na nossa frente. Peguei meu copo e fiz uma breve reverência para ela e era a minha vez de virar tudo de uma só vez. Ela não me acompanhou, bebericou a bebida como se fosse um copo de água com sal.

Meu SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora