” O amor é formado de uma só alma, habitando em dois corpos.”
(Aristóteles)
Recebi uma ligação terrível, de perturbar a mente de qualquer são. Algum residente falou aos policiais que viu quando Jon ateou fogo no lugar. Claro que eu surtei, queria poder mandar meu telefone a mais de um quilômetro de distância, mas foi tão complicado comprar um smartphone que controlei a vontade de destruí- lo. De maneira nenhuma eu acreditei naquilo, mas para piorar a situação encontraram os restos mortais da Sr.ª Friedman e do guarda.
Fiquei chocada.
Não sendo pouco todo o absurdo acontecendo lá fora, dentro de casa o Jon estava tendo algum tipo de mal súbito, entretanto, antes disso ele veio com uma conversa estranha de que queria falar comigo, e cogitei a possibilidade de ele confessar que tinha sido ele, todavia – feliz ou infelizmente – ele já estava apagado no chão.
Entrei em pânico, não sabia o que fazer. Me senti até mesmo culpada por ter imaginado que ele talvez fosse realmente o culpado por aquela fornalha gigante em que o reformatório se transformou. Segurei seu rosto entre minhas mãos e chamei pelo seu nome algumas vezes. Fechei meus olhos, não queria que nada acontecesse a ele.
Então ele abriu os olhos.
Aquele não estava sendo o melhor dia, mas eu tinha certeza que com Jon na minha vida a tendência era piorar. O resto do dia foi mais tranquilo, o assunto incêndio estava temporariamente trancado no fundo de nossas cabeças. Depois da janta assistimos a três filmes. E Jon e eu tivemos um momento estranho.
Com a cabeça no travesseiro a única coisa que eu tinha em mente era aquele surto que ele teve. Foi algo bem incomum, mas a conversa que tivemos antes de eu vim deitar ficou martelando na minha cabeça. Virei de frente com meu guarda- roupa, queria dormir, queria esquecer de toda aquela confusão por apenas uma noite.
Com os olhos fechados, vi o sorriso dele, aquele que de tão raro deveria ser emoldurado em uma foto 10x15cm. Por mais que eu tentasse não pensar neles, seus olhos cor de ouro pareciam brilhar atrás das minhas pálpebras.
Ele queria saber o que mais eu tinha notado de diferente nele, para falar a verdade...
Abri os olhos, de repente me dando conta de como ele ás vezes parecia muito mais apto a conversar, e como ás vezes realmente parecia mais sedutor. Uma quantidade de observações se acumularam na minha mente, fazendo um verdadeiro trânsito nos labirintos do meu cérebro. Eu vi diversas possibilidades.
- Mais que inferno! - disse sendo tomada por um pânico crescente.
Me vi fazendo uma análise sobre o Jon. De alguma forma ele tinha deixado de ser meu paciente 01 para um alguém com quem me importo... Enfim, usei as técnicas que aprendi com o Professor Billy Choimg. Sentei na mesa de computador, peguei um caderno e uma caneta e comecei a escrever todas as coisas que poderiam ser sintomas, inclusive as pontadas na cabeça e o desmaio.
- Não é possível! - eu coloquei as duas mãos sobre a minha boca, mas queira realmente ter gritado.
***
- Bom dia! - Gina me cumprimentou, mas eu nem olhei para ela e fui direto para o banheiro.
- Oi! - ele disse e eu gritei.
- Meu deus! Quer me matar do coração garoto?! - coloquei a mão no peito que estava pulando mais do que milho no óleo quente.
- Você que sai entrando no banheiro e eu que tenho culpa? - ele disse com a boca cheia de espuma branca por causa do creme dental.
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Meu Segredo
Fiksi UmumQuando Guilhermina resolveu que sua tese seria estudar a mente de jovens deliquentes, ela não imaginou que conheceria o herdeiro da família mais rica da cidade, e pior, que teria que lidar com algo muito mais intenso do que a mente de Jon Canavarro...