Capítulo XVII - Parte II

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 “O amor deveria perdoar todos os pecados, menos um pecado contra o amor. O amor verdadeiro deveria ter perdão para todas as vidas, menos para as vidas sem amor.”

(Oscar Wilde)





Ela não estava bem. Sua pele estava com uma coloração meio pálida, meio amarelada. Pensei seriamente em levá- la ao médico, mas a Mama me convenceu que era uma ressaca e que provavelmente ela nunca tivesse bebido tanto, então era normal ficar muito mal, e que logo ela estaria bem, só precisava de um pouco de descanso, muito líquido e algumas aspirinas.

Coloquei- a dentro da banheira, e a convenci de me deixar cuida- la. Logo que concordou, me apressei antes que mudasse de ideia. Enchi a banheira com água bem quente, coloquei bastante sabão para que fizesse muita espuma. Peguei a esponja fofa e rosa que havia e comecei a esfregar suas mãos delicadamente. Ela manteve os olhos fechados enquanto eu me demorava em lavar cada pedacinho do seu corpo com todo o cuidado do mundo. Lavei também seus longos cabelos, sem pressa, apenas alisando- os e espalhando primeiro o shampoo e depois o condicionador.

Mina parecia mesmo constrangida, continuei a lhe dar banho. Apesar de a água estar bastante quente, ela tremia e seus músculos estavam tenso. Não estava reparando no seu corpo – que era lindo e eu já sabia -, só queria cuidar dela e sabia que o problema não era a ressaca, era o tal segredo que a consumia. Assoviei uma música – a primeira que me veio a mente -, ela continuou com os olhos fechados, porém quando cheguei no refrão da música vi seus lábios se unirem em um biquinho formidável e me acompanhar na melodia da música “Listen to your heart” da Roxette. Nunca teria pensando que aquela música fosse me fazer algum favor – porque o Noah era fã número daquela mulher e aquela era a música favorita dele – depois de tantas enxaquecas por conta dela.

Peguei uma toalha limpa e seca, e envolvi todo o seu corpo nela. Levei- a para o meu quarto e coloquei- a na minha cama. Revirei meu guarda- roupa até encontrar uma blusa bem grande e larga que passei por sua cabeça de uma vez e ela até ajudou passando os braços.

- Prontinho. - disse sorrindo um pouco. Queria que tudo que havia acontecido da madrugada até aquela manhã soasse o mais natural possível.

Mina sorriu com os lábios esbranquiçados, o que me lembrou que ainda não havia lhe dado nada para comer. Corri no outro quarto e peguei a bandeja com tudo que a Mama havia lhe preparado. Logo que ela viu a bandeja fez cara de nojo.

- Vamos lá, precisa se alimentar. - continuou com o rosto virado para a parede – Você me deixou cuidar de você, lembra? - me olhou com o canto do olho e então sacudiu a cabeça.

Era a primeira vez que eu a via tão diminuta, tão vulnerável.

Ofereci um copo com água e a aspirina. Ela pegou e engoliu de uma só vez. Sorri, ao menos ela estava aceitando o que lhe estava oferecendo. No entanto, queria mais. O desejo queimava dentro do meu peito, ainda ansiava por aquele beijo de amor.

- Você é o idiota mais filho- da- mãe, cretino de uma figa, maldito e convencido que eu já conheci. - sua voz era um chiado, e apesar do fato que ela estava me xingando, fiquei feliz em ouvir o som da sua voz outra vez.

- Você também é uma graça. - respondi sorrindo.

Sorriu de volta e mordeu um biscoitinho de água e sal.

- Apesar que eu gosto mais quando você está tentando me seduzir. - me sentei perto dela ainda segurando a bandeja.

- Nunca tentei te seduzir, você é um mentiroso. - disse rindo e com a boca cheia.

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