Capítulo II

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 “Só vemos o que queremos ver e acreditamos no que queremos acreditar.”

(Dexter)



- Quando seu pai disse que te daria um carro de presente, eu tenho certeza que ele pensava em algo como um Logan da Renault, ou quem sabe um Fiat Uno... – O carro de Gina era um Impala 67 com motor turbinado.

Nós tínhamos perdido a hora e estávamos atrasadas.

– Mas você tinha que escolher esse carro velho? – eu perguntei enquanto me jogava no banco do carona.

- Primeiro: – ela estava com uma boina com as cores da Jamaica na cabeça – Ele não é velho, é estiloso. – Ela sentou atrás do volante e passou o cinto. – E segundo: Eu sou fã de “SPN”, e isso é minha homenagem aos meus tchutchucos. – Ela pisou no acelerador e corremos pela rodovia principal, dentro do limite permitido, até ela estacionar na garagem da Universidade.

Nós estudávamos na Demper College - como metade da cidade por sinal - mas hoje exclusivamente, parece que todos se atrasaram. As aulas começam ás 07h00min, levando a tolerância em consideração para realmente dar início à aula, então os professores começam a lecionar por volta de 07h15min da manhã. Mas já eram 07h23min, segundo o meu relógio, e tinha mais gente que o comum no elevador.

- O transtorno obsessivo-compulsivo, também conhecido como TOC ou distúrbio obsessivo-compulsivo, também conhecido como DOC, é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos e compulsivos no qual o indivíduo tem comportamentos considerados estranhos para a sociedade ou para a própria pessoa; Normalmente trata-se de ideias exageradas e irracionais de saúde, higiene, organização, simetria, perfeição, ou manias e "rituais" que são incontroláveis ou dificilmente controláveis. – O professor fez cara feia para mim ao ver- me esgueirando- me pela porta da sala.

Eu me encolhi em uma cadeira no fundo da sala.

A aula foi polêmica e professor criou um debate, sendo que um lado deveria defender a tese e o outro deveria se opor. Foi intenso e barulhento, mas foi bastante inspirador para que eu continue na ideia de pesquisar sobre aqueles adolescentes.

- Devemos levar em consideração o que a paciente pensa. – Prof. Choimg disse e eu anotei na beirada da folha do meu caderno.

A turma é geralmente tranquila, mas hoje particularmente, eles tiraram o dia para azucrinar com a porcaria da aula e o professor Choimg ainda discute com eles.

Isso é péssimo.

- O que vocês viram hoje, foi simplesmente que mesmo quando acreditamos em uma coisa, conseguimos argumentar claramente contra ela, basta apenas que a conheçamos suficientemente. – Anotado.

A turma se retirou aos poucos da sala. Ajeitei a tira da minha mochila no ombro e já estava com a mão na porta quando o professor Choimg chamou- me.

- Guilhermina, poderia ficar mais alguns minutos? – Ele era um homem baixo e calvo, usava óculos fundo de garrafa, mas era um gênio na psicologia.

- Claro! – sentei-me nas primeiras fileiras.

- Eu vi no seu histórico que você pretende fazer uma pesquisa, baseada na teoria de que existe um ativador para crianças e adolescentes deturparem o próprio caráter. – Ele sentou na minha frente, a coluna ereta e olhar frio.

Estava me examinando?

- Sim... – eu respondi com calma e fazendo movimentos controlados e não bruscos. – Eu quero entende- los, para então poder ajuda- los.

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