Capítulo V

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Você pode dizer que sou um sonhador, mas eu não sou o único.

(John Lennon)

- Como é? - Gina não acreditou na história que eu acabara de contar. Eu sempre fui tão certinha em tudo e agora simplesmente ter beijado o Jon, me fez parecer uma alienígena.

Eu passei os dedos pelas pontas do meu cabelo, ainda relembrando aquele beijo. Fora rápido e inesperado, mas eu ainda podia sentir uma vibração percorrer meus lábios apenas com a sua simples lembrança.

- Você é que está precisando de um aconselhamento médico. - Ela explodiu jogando uma almofada sobre mim. - O que estava passando pela sua cabeça? - ela andava em círculos na minha frente.

- Eu... - tentei me explicar, mas eu não tinha o que dizer então me calei outra vez.

Gina retirou os óculos e apertou a ponte do nariz, estava esgotada pelo excesso de trabalhos extracurriculares. E estava muito chateada comigo. Eu entendo a reação dela, a droga do beijo que eu dei nele estragou tudo. Era a única chance eu ela tinha para conseguir entrar na UT e agora essa oportunidade tinha ido por água abaixo. E era tudo minha culpa.

- Talvez eu possa conversar com ele... - eu apertava as pontas do meu cabelo freneticamente, queria ter pensado antes de simplesmente agarra- lo.

Eu estraguei tudo.

- E vai dizer o quê para ele?! - ela cruzou os braços. "- Olha, foi mal. É que eu escorreguei e cai de boca... Na sua boca." - ela disse com uma voz aguda demais.

- Eu não sei o quê vou dizer exatamente, mas eu vou dar um jeito. - eu disse duramente. - Prometo!

Gina ficou em silêncio diante das minhas palavras decididas e logo em seguida se jogou em meus braços. Ela não chorou e nem eu, apenas ficamos abraçadas no meio da sala. Eu pensando o que eu faria para reaver o pouco da confiança do Jon, e ela estava somente deixando as emoções se acalmarem.

- Vamos comer, eu pedi no japonês hoje. - ela me soltou e saiu rapidinho na direção da cozinha.

Comemos sem muita conversa, o assunto "JON" era restrito e pairava entre nós. Eu lavei a louça e ela guardou, tínhamos esse trato desde que começamos a morar juntas. Uma semana eu lavo e ela guarda, e na outra semana ela lava e eu guardo, e até hoje tem servido muito bem.

Depois de um banho demorado e quente, fui direto para a minha cama. Eu ainda não sabia por que eu tive aquele súbito impulso de beija- lo. Eu sacudia a cabeça tentando fazer meus pensamentos se assentarem, mas minha mente estava turbulenta como um mar revolto. Mas eu não queria ficar remoendo aqueles pensamentos durante a noite toda, agarrei- me ao meu travesseiro e fechei os olhos com força para ver se o sono resolvia chegar.

***

"Come on, come on. Jump a litlle higher. Come on, come on. If you feel a litlle lighter. Come on,come on. We were once. Upon a time in love.

Accidentally in love."

Meu despertador tocou no último volume. Acordar não foi uma tarefa fácil no dia seguinte, minha cabeça ainda estava uma bagunça, mas - para a minha alegria - era sábado, ou seja, sem faculdade e sem Le Gaton. Mas os problemas não poderiam esperar. Eu levantei, melhor, me arrastei para fora da cama.

- Eu só preciso de um banho. - eu respondi ao olhar incriminador de Gina.

Banho. Café. Café.

Meu SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora