Tortura

2.4K 282 237
                                    

Maraisa

As crianças se assustaram após o barulho do tiro. Meu coração estava a mil por hora.

Olhei para Marília, e ela estava de pé, sem nenhum ferimento aparente.

Graças a Deus!

Marília olhou para os lados, observando logo depois onde a bala se alojou. O tiro foi na direção do sofá, e não de nós três.

Quando fui me abaixar, Marília me segurou, me dizendo com os olhos para eu ficar de pé.

— Mãe, eu tô com medo. Que barulho alto foi esse?

Marília refutou por alguns segundos, mas se abaixou ficando do tamanho do filho. Logo depois me olhou de uma forma diferente. Ela parecia estar com alguma ideia em mente, só que Ricelly estava com a arma em punhos, e qualquer movimento em falso seria arriscado demais.

Disfarçadamente Marília destampou os ouvidos do filho e disse:

— Lembra da passagem secreta, Léo? Nós costumávamos brincar com a sua irmã naquele local. Faz parte do jogo encontrá-la.

Fez que sim com a cabeça.

— Lá é seguro. Quando eu falar, preciso que vá...

— Saia daí agora e para de cochichar com o menino! — gritou a interrompendo e Léo se alarmou, mas Marília novamente tapou seus ouvidos e se levantou.

— Juliano, vasculhe a mansão, e marque os pontos que há objetos de mais valor, como combinamos ontem. — disse ao seu capanga, que nos observava de longe.

— Sim, chefe.

{...}

Todos nós estávamos apreensivos.

Ricelly passeava na sala de estar, mexia em alguns objetos e sorria na maioria das vezes.

— Irei lucrar demais. Essa vadia me trouxe a uma mina de ouro.

Marília deu um passo à frente, mas segurei seu braço.

— Não faça isso! Deixe ele falar! — disse, tentando conter de alguma forma Marília, para que ela não reagisse às suas provocações. Isso seria o fim para nós.

— Bom... já que Juliano e Iago estão demorando, vejo que nessa mansão há coisas de muito valor. Faremos uma festa...

No que Ricelly virou levemente o corpo, eis que Marília se jogou em cima dele, o derrubando.

Eles se engalfinharam, mas o revólver ainda estava em uma das mãos do homem, e Marília tentava retirá-la a todo custo.

— Corra para o meu quarto e usa a senha, Léo! Rápido! — Marília gritou.

Entendi a ideia dela e saí correndo com as duas crianças rapidamente. Depois que passamos o corredor retirei a venda de ambos. Tentei olhar para trás, mas o que ouvi em seguida...

Um tiro foi disparado, e de soslaio percebi Marília caindo para o lado, se contorcendo e com muita dor aparente.

— Vá, Maraisa! — ela disse, com grande dificuldade.

Quando dei por mim estava com as duas crianças correndo pela mansão...

{...}

— O que foi aquele barulho, Maraisa?

— Onde é a sala secreta que sua mãe disse? — perguntei esbaforida enquanto corríamos, ignorando a pergunta de Léo. O importante era ficarmos a salvo o quanto antes.

— É dentro do quarto dela.

Merda!

É na direção oposta que estávamos.

The Lost - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora