Preciso de você

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“O tempo é o melhor remédio para corações feridos.”

                      
Marília
                    
Eu iria demitir Maraisa ao ver que ela infringiu uma das regras que mais prezo em minha lista. Ela é desajeitada, me irrita mais que as outras mulheres que contratei, gosta de me retrucar e ainda traz pessoas para a minha casa sem autorização.
                    
Esses são motivos suficientes para não gostar de alguém assim, mas tem algo que me chama a atenção nela. Não é só a sua beleza que insisto em ignorar, mas apesar de falar palavras duras, vejo que Maraisa faz de tudo para não se abalar, e isso é uma boa virtude, já que não é fácil alguém conviver sob o mesmo teto que eu, principalmente sendo em minha propriedade, onde controlo tudo.
                      
Confesso também que fiquei um pouco mexida com a história do pai de Laura abandoná-las. Ela soou sincera ao me dizer aquelas palavras, fazendo com que eu não tomasse uma medida drástica e a demitisse. Apesar de tudo não sou uma pessoa tão má como aparento.

Já estava no Vero Italian Restaurant esperando Tomás, que estava atrasado, como de costume. Apesar de marcar comigo algo há cerca de uma semana, o homem continuava com velhos hábitos.

Depois de esperar mais de trinta minutos ele chegou já falando o que eu esperava: 
                      
— Não tenho muito tempo, Marília.

— E qual a novidade? — debochei, como de praxe.

— Irei organizar um pequeno jantar na minha mansão principal, e sua presença é obrigatória. Neste sábado, que fique claro.

— Obrigatória?

— Isso mesmo. — falou com convicção. — Vim lhe dizer também que você precisa levar uma acompanhante.

— Como é?! Você só pode estar brincando com a minha cara! — revirei os olhos, já com uma raiva tremenda por ele envolver terceiros em minha ida.

Tomás permanecia com o semblante rabugento que me acostumei a ver, tal semblante que também terei daqui uns tempos do jeito que anda a minha vida.

— Não estou brincando, Marília. Todas as pessoas que estarão presentes são casadas ou trarão algum par, e você não é diferente.

— Sou sim. Não me encaixo em nenhuma das opções!

— Deixe de ser rabugenta!

— Olha quem fala. — dei de ombros, sabendo que não adiantaria argumentar contra ele.

— Você não tem jeito... — pigarreou. — Faça isso por mim. Você sabe que algumas reuniões são importantes, e você é a mulher que projetará minha nova mansão.

— Outro erro! Você sabe que desde que... — cessei a fala, ainda me dói relembrar o que aconteceu, principalmente com a minha filha. — Eu...

— Entendo, filha. Cada pessoa lida diferente com a dor. Só estou pedindo para que traga uma pessoa, tenho certeza de que há alguém em sua mente. Você é uma mulher bonita, e várias mulheres estão aos seus pés.

— Se estão, não as vejo, e nem quero. Não preciso, aliás.

— Ah, deixe disso. Vai falar que nunca mais fez amor após Helena partir?
                      
O encarei por longos segundos, e até mesmo ele havia ficado um pouco desconcertado após falar algo assim.

— Não. 
                      
— Você sente saudades dela?

— Também não. — fui fria, como de costume.

The Lost - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora