MATHIAS SAVÓIA
A manhã começou como tantas outras: confusa, preguiçosa e, claro, com a sensação de que havia algo importante que eu estava esquecendo. O celular vibrou na mesa ao lado da cama, insistente e irritante, mas a preguiça era uma companheira difícil de ignorar. Entretanto, o corpo ao meu lado, enroscado em mim como se fosse uma extensão do meu, me trouxe à realidade.
Droga
Abri os olhos com dificuldade, tentando me livrar do torpor que ainda me dominava. A primeira coisa que vi foi uma massa de cabelos castanhos espalhada pelo meu peito, e logo senti as pernas dela entrelaçadas nas minhas. Ela estava profundamente adormecida, apesar do incessante toque do meu celular.
O corpo quente dela pressionado contra o meu não ajudava na minha determinação de atender a chamada, mas o nome de Matteo na tela não me deu escolha. Me estiquei, sentindo cada músculo protestar enquanto pegava o aparelho. Não sei como a mulher ao meu lado ainda não havia acordado com aquele barulho infernal.
— Fala, inferno — respondi com voz arrastada, ainda ponderando se deveria desligar na cara dele e voltar a dormir.
— Porra! Finalmente, caralho. Onde você está? — a voz de Matteo foi um jato de água fria. A frase "problema à vista" brilhou na minha mente como um neon irritante. Olhei ao redor, tentando reunir qualquer indício de onde eu estava.
— Em um quarto de hotel, eu acho — murmurei, ainda sem muita convicção.
— Ótimo — Matteo ironizou. — Então hoje é um belo dia para nossa mãe arrancar suas bolas, e as minhas de brinde.
Aquela frase me trouxe de volta à realidade de forma abrupta. As memórias da noite passada começaram a se organizar em minha mente de forma fragmentada, mas suficiente para me lembrar do compromisso importante que eu estava prestes a perder.
— São onze e meia da manhã, porra! — Matteo continuou, a voz misturando raiva e preocupação. — Você tem quinze minutos pra chegar até a casa de Sebastian.
Senti um calafrio na espinha. A celebração memorial da família... Eu havia prometido a minha mãe que estaria lá no café da manhã. Estou ferrado.
— Eu chego aí em cinco — menti descaradamente, desligando a chamada e me levantando da cama em um movimento brusco. O lençol escorregou, revelando minha nudez, e eu mal tive tempo de registrar a mulher me observando com um olhar sedutor.
— Onde você pensa que vai, antes de me chupar?— ela perguntou de forma manhosa, provocando um sorriso involuntário no canto da minha boca.
Puta que pariu. Mas que tipo de cavaleiro eu sou se não beijar a terra que conquistei? A tentação estava ali, oferecida, e o tempo, embora escasso, poderia esperar alguns minutos. Não resisti.
— Farei isso com o maior prazer, mia bella.
•
Chegar à casa de Sebastian, como prometido, em cinco minutos? Isso foi tão realista quanto uma nota de três euros. Quando finalmente cheguei, os olhares de reprovação já estavam me esperando. Minha mãe foi a primeira a me interceptar, os olhos duros e severos, que não deixavam espaço para desculpas.
— Você está atrasado! Muito atrasado. — ela disparou, e eu só pude sorrir em resposta.
— Desculpe, bela senhora. Eu estava resolvendo algumas pendências! — dei o meu melhor sorriso encantador, mas tudo que consegui foi um revirar de olhos da parte dela. Não ajudou que meus primos começaram a rir como idiotas.
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O Cretino - Nova Era 7 - Conto
RomanceVol.7 Nova Era - Série da Máfia Mathias Savóia, o sétimo herdeiro da família, vive para o caos e o prazer, sem interesse em casamento ou filhos. Forçado por um acordo da família, ele deve abandonar suas noites sombrias para se casar com Emma Bianch...