Capítulo 7

159 17 13
                                    

MATHIAS SAVÓIA

Olho para Emma como se ela tivesse perdido a cabeça.

— Tá maluca? Por que quer isso?— ela permanece impassível, os olhos fixos nos meus, sem ceder um milímetro. Cada dia que passa, fico mais convencido de que minha noiva não é como qualquer outra mulher que já conheci.

A maioria delas mataria para estar no lugar dela, morando no condomínio dos Savóia, cercada de luxo e poder. Mas Emma... Emma é diferente. Não consigo entender. Não é só sua teimosia ou esse desejo de privacidade quase obsessivo. É o fato de que, de alguma forma, essa mulher me intriga. E isso me incomoda.

— Eu quero privacidade, Mathias. Não estou dizendo que sua família invadirá isso, mas quero construir minha própria vida, ter o máximo possível de uma vida comum.

Reviro os olhos.

— A troco de quê aceitou se casar com um membro da família mais estranha da Europa?

Estou genuinamente curioso. Emma não parece ser uma dessas meninas interesseiras que fariam de tudo por poder e dinheiro. Não que eu esteja reclamando, claro, mas quero entender o que se passa nessa cabeça.

— Não quero decepcionar meus pais. Eles fizeram o possível e o impossível para eu ter uma infância normal, dentro dos limites da associazone. Eu quero isso para os nossos filhos, que eles tenham uma vida normal.

Dou uma risada amarga.

— Eles nunca terão uma vida normal com essa família.

Ela suspira, e vejo a frustração em seu rosto.

— Não importa, o nosso esforço já pode bastar, não é?

— Não existe nosso esforço, existe o seu esforço para isso tudo — encaro seus olhos cor de chocolate, tentando decifrar as emoções por trás deles. Emma balança a cabeça, quase exasperada.

— Isso não interessa. Não sei onde eu estava com a cabeça em pensar que você se importaria — ela olha para o céu, soltando uma risada amarga — Vai aceitar meu pedido ou não?

— Vou precisar analisar isso, bela noiva — ela arqueia uma sobrancelha, claramente irritada com o apelido, mas eu continuo — Ficar fora dos limites do condomínio será bem complicado. Se houver algum atentado contra nós, não teremos a mesma proteção que teríamos aqui.

Emma assente, mas sua voz é firme.

—Eu sei disso, mas prefiro correr o risco.

Essa mulher realmente acredita em um conto de fadas.

—Isso implica sacrificar a vida do nosso futuro filho para sua falsa infância normal?

— Você não entende mesmo, mas isso não importa mais — ela ajeita o vestido, que já está perfeito, e volta sua atenção para mim.— Melhor voltarmos. Não quero que pensem besteira.

— Tem medo que falem algo? — provoco, sabendo que ela é muito mais complexa do que aparenta.

— Não tenho medo, tenho respeito pelo sobrenome dos meus pais — ela passa por mim, seu corpo movendo-se com uma segurança que me surpreende, e estou certo de que algo em mim desperta quando ela age assim —Vai ficar me admirando ou vai vir?

Dou uma risada e a sigo

—Mandona — murmuro próximo ao seu pescoço, vendo-a estremecer levemente — Eu gosto disso.

— Problema é seu — ela responde secamente, mas posso notar um leve rubor em seu rosto, percebo como ela passa a mão freneticamente pelo tecido do vestido, posso contar dez vezes que ela faz a ação.

 O Cretino - Nova Era 7 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora