Capítulo 10

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EMMA SAVÓIA

Ao entrar na enorme suíte, não consigo evitar um sorriso de admiração.

— Aqui é lindo — comento, olhando ao redor. O ambiente é luxuoso, com um ar quase opressor, como se a própria casa esperasse que eu me comportasse de uma certa maneira.

— Que bom que gostou — Mathias responde, pousando a minha mala no canto do quarto, ao lado da sua. Ele parece despreocupado, mas sinto a tensão no ar. —Amanhã viajaremos cedo. Se quiser, pode ir dormir.

A festa de casamento ainda segue com energia lá fora, mas aqui dentro, parece que o tempo parou. Sinto um nó no estômago ao pensar no que está por vir. Mathias comprou uma mansão no centro da Sicília, não muito longe do condomínio da sua família, mas por enquanto, o local está vazio, com as paredes ainda esperando uma camada de tinta e os móveis por chegar. Amanhã, partiremos para nossa lua de mel em Londres.

— Ah! Sim — respondo, tentando esconder meu nervosismo. Sorrio de forma tímida, já sabendo o que ele espera que aconteça agora. Caminho lentamente até o banheiro e tranco a porta com cuidado. O ritual de verificar se a porta está realmente trancada é algo que faço há anos, parte do meu transtorno, mas é um segredo que ainda não compartilhei com Mathias.

Começo a tentar tirar o vestido, mas parece que o tecido se recusa a cooperar. Meus dedos tremem um pouco ao tentar alcançar o zíper. Droga!

— Mathias! — chamo, minha voz um pouco mais alta do que o normal. Ouço seus passos se aproximando da porta, e meu coração acelera.

— O que foi? — sua voz carrega uma pitada de diversão, como se estivesse achando graça na situação.

— Estou presa no vestido. Pode me ajudar? — tento manter a voz calma, mas o embaraço é inegável.

— Incrível — ele ri, e posso imaginar a expressão de deboche em seu rosto. O som da chave girando na porta faz meu coração disparar ainda mais.

Ele entra, sem blusa, apenas de calça social e descalço. O cabelo, desarrumado, lhe dá um ar ainda mais atraente. Ele caminha até mim, suas mãos firmes e confiantes, e em poucos segundos, sinto o alívio do vestido se abrindo nas minhas costas, o tecido caindo aos meus pés.

Nosso olhar se encontra no espelho, e meu corpo inteiro se aquece ao perceber a maneira como ele me observa. Estou apenas de lingerie vermelha, uma faixa de renda adornando minha coxa, e sinto-me vulnerável como nunca.

Fecho os olhos, tentando me esconder na vergonha, mas suas mãos seguram minha cintura, me virando suavemente para que eu o encare. Sinto o calor subir ao meu rosto, e uma parte de mim deseja desaparecer, fugir daquela situação tão intensa.

— Eu... eu preciso tomar um banho — sussurro, tentando encontrar uma desculpa para escapar por alguns minutos.

— Ou, podemos tomar banho juntos — ele propõe, sua voz baixa e sedutora.

Ele se aproxima, seus lábios colando aos meus com uma urgência que me faz perder o fôlego. O beijo é tão intenso quanto o do casamento, e sinto meus braços se moverem por vontade própria, envolvendo seu pescoço, enquanto suas mãos apertam minha cintura com possessividade. Ele me beija com uma paixão que nunca experimentei antes, e meus pensamentos começam a nublar.

Mas uma parte de mim, aquela que vive com o TOC, se agita. A ideia de compartilhar um espaço tão íntimo, de romper tantas barreiras ao mesmo tempo, me enche de ansiedade. Tento afastar esses pensamentos, mas eles permanecem, rondando como fantasmas indesejados.

Quando ele me levanta, pressionando-me contra a parede, seus beijos descendo pelo meu pescoço, sinto meu corpo responder, mas minha mente se enche de preocupação. E se ele notar algo errado? E se eu não for suficiente?

 O Cretino - Nova Era 7 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora