EMMA SAVÓIA
Eu poderia contar uma porção de momentos em que pensei em bater na minha própria cabeça por deixar o coração falar mais alto. Mas, ao ver o sorriso de Mathias enquanto ele segurava minha cintura, tudo parecia valer a pena.
— Um momento! — repito, tentando não gaguejar. — Você disse que também está apaixonado?
Não sei de onde tirei coragem para confessar meus sentimentos. Jurei para mim mesma que não me apaixonaria ao me casar, mas lá estava eu, rendida antes mesmo de negar qualquer coisa.
Quando disse que estava apaixonada, esperei que ele risse de mim e mandasse eu ir dormir. Mas ao invés disso, ele também confessou que tinha sentimentos por mim. Agora, estamos há uns vinte minutos nos olhando, como se tivéssemos acabado de descobrir a Terra é redonda.
— Sim! Eu estou apaixonado, Emma. — Mathias repete, com aquela voz rouca que me derrete. — Você chegou e fez morada no meu coração, algo que eu jamais permitiria se estivesse no meu estado 'normal'. Mas, adoro não estar no meu estado habitual. — Ele me puxa para mais perto, as palavras dele fazendo meu coração saltitar. — Eu amo você, quero cuidar de você e te respeitar. Nunca pensei que a vida de casado seria pra mim, mas agradeço aos céus por terem te trazido para mim.
Eu o abraço com força, meu coração preenchido de felicidade. Não quero largá-lo, só quero dizer o quanto o amo e nunca mais ficar longe dele.
— Eu te amo. — sussurro em seu ouvido, enquanto estou pendurada em seu pescoço.
— Eu amo mais. — Mathias beija minha bochecha, me fazendo sorrir. — Vamos dormir?
Eu mordo o lábio, fingindo pensar.
— Estava pensando em algo mais... — abaixo uma alça da blusa, deixando meu peito esquerdo exposto. — Divertido.
Ele joga a cabeça para trás, gargalhando.
— Gosto dessa diversão!
— Eu também. — sorrio, levando-o para a cama.
•
Acordo sentindo a cama vazia e o lado de Mathias está gelado. Enrolo o máximo que posso antes de abrir os olhos, mas eventualmente cedo à necessidade de encarar o mundo. Sento-me na cama, ainda de olhos fechados, e passo a mão pelos meus cabelos. Estão duros e embolados.
— Por Deus... — murmuro, me levantando e me olhando no enorme espelho. — Mathias vai pagar um cabeleireiro.
Vou até o banheiro e entro no banho — já que eu não estava vestida — deixando a água gelada correr pelo meu corpo, o que me faz sorrir. Após bons minutos, visto uma calça jeans branca, uma blusa bege soltinha e um salto da mesma cor. Com o cabelo já seco e pranchado, ponho um óculos e pego minha bolsa, saindo do quarto.
Conforme desço a escada, ouço risadas masculinas. Quando entro na sala de visitas, encontro todos os Savóia sentados ali. Mathias vem em minha direção, sorridente.
— Bom dia, bela esposa — beija meus lábios, e eu observo a surpresa nos olhos dos rapazes.
— Bom dia, querido. — retribuo o sorriso, e me viro para os outros. — Bom dia, rapazes!
— Bom dia, Emma. — respondem em uníssono, me fazendo querer tampar os ouvidos. Essa sincronia toda me dá nos nervos.
— O que fazem aqui? — pergunto, tentando não soar chateada.
— Viemos irritar seu marido. — Donato responde, comendo biscoitos que a governanta deve ter trazido.
— No sábado?
— Tem dia melhor? — Sebastian sorri, levantando as sobrancelhas.
— E suas esposas? — eles se olham entre si, e Armando é o único que responde.
— Elas nos expulsaram. Acho que estão organizando a festa de dez anos da Antonella. — ele explica, um sorriso de resignação nos lábios.
A festa. Claro, aquela que vai parar a mídia. Harper está tão animada quanto a própria filha. Imagino que a festa vai ser tão exagerada que vão sobrar fofocas até o próximo ano. Fico pensando em como eles gastam dinheiro, é de outro mundo.
— Harper exige sua presença. Estou aqui como pombo-correio. — Sebastian revira os olhos, pegando seu copo de uísque.
— Na realidade... — olho para Mathias, que arqueia uma sobrancelha. — Ficarei aqui com vocês.
Sento-me no sofá ao lado de Matteo, que coloca o braço por cima dos meus ombros, mas recebe um olhar feio do irmão.
— Por que prefere ficar conosco ao invés de ir com as mulheres? — Armando pergunta, genuinamente confuso.
— Vocês falam de roupas, joias, filhos... essas coisas! — Luigi, marido de Giana, se pronuncia.
— Sim... — cruzo as pernas, colocando a mão na coxa de Mathias. — Mas quero ficar com meu marido e conversar com vocês. Algo de errado? Não posso?
Os cinco se entreolham, claramente perplexos com minha escolha.
— Claro que pode. — Mathias beija minha testa. — Você quem decide, bela esposa.
— Cadelinha. — Matteo tosse de forma suspeita, fazendo todos rirem.
— O que faremos então? — Luigi pergunta, coçando a cabeça.
— Eu tenho uma ótima ideia. — sorrio maliciosamente.
•
Olho para os homens carregando vasos de plantas enormes, outros com cadeiras de descanso e espreguiçadeiras. Um grupo está com pilhas de livros nos braços. Estou adorando isso.
— Onde eu coloco esse troço? — Donato pergunta, equilibrando uma planta vermelha gigante.
— Tenha mais respeito com a Bôrdo Vermelho! — aponto para um canto específico do jardim. — Ali.
Ele se arrasta até lá, bufando, enquanto observo Sebastian e Matteo plantando buxinhos em uma fileira lateral. Mathias está ajeitando as espreguiçadeiras ao redor da piscina.
— Romances ficam aqui. — digo para Luigi e Armando, apontando para uma prateleira no corredor um. — Terror no corredor dois. Fantasia, lobisomens e vampiros vão para o três.
— Sim, senhora! — os dois fazem continência e eu sorrio, quase gargalhando.
Mathias se aproxima e abraça minha cintura.
— O casal pode esperar anoitecer!? — a voz irritada de Donato ecoa. — Temos um jardim ainda pra fazer. — Ele bate o pé no chão, impaciente.
Eu coloco esses homens super fortes e experientes para fazer o trabalho que eu não conseguiria sozinha. Separei dois grupos: um para as plantas e outro para a biblioteca. Donato deveria ficar na biblioteca, mas ele tem rinite, então achei melhor deixá-lo ao ar livre.
— Calma, Donato. A noite é longa. — provoco, sorrindo de forma inocente.
Ele apenas revira os olhos, mas se endireita, como se estivesse prestes a dar mais ordens. O TOC dentro de mim fica agitado ao ver que a planta não está perfeitamente centralizada, mas me contenho. Não hoje. Hoje é dia de aproveitar minha pequena vitória: Mathias me ama, e isso é mais que suficiente para meu coração — e meus pensamentos incessantes — se aquietarem, pelo menos por enquanto.
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O Cretino - Nova Era 7 - Conto
RomansaVol.7 Nova Era - Série da Máfia Mathias Savóia, o sétimo herdeiro da família, vive para o caos e o prazer, sem interesse em casamento ou filhos. Forçado por um acordo da família, ele deve abandonar suas noites sombrias para se casar com Emma Bianch...