Capítulo 4

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MATHIAS SAVÓIA

— Não acredito! Você é um imbecil.

A voz do meu irmão Matteo ecoa pela minha cabeça, cortante como uma faca afiada, mas a dor que ela provoca é amplificada pela ressaca que me atormenta. Eu realmente não deveria ter bebido tanto na noite passada. A cada pulsação, sinto o peso da noite anterior, não só nas têmporas latejantes, mas também na crescente sensação de que cometi um grande erro.

Depois que Emma me viu beijando a empregada, tentei me explicar, mas ela simplesmente agiu como se nada tivesse acontecido. Normalmente, isso seria um alívio; não precisar encarar uma noiva ofendida facilita minha vida.

Mas havia algo perturbador naquela reação contida. Não sei exatamente o que, mas algo está errado. E ainda assim, uma parte de mim pensa que isso é uma bênção disfarçada — se ela não se importa, não há razão para eu mudar nada na minha vida. Casamento indesejado, problemas evitados.

E agora estou aqui, na boate que frequento regularmente, sendo buscado pelo meu irmão, que insiste em me dar uma bronca interminável. Sua voz irritantemente firme corta o silêncio de forma implacável.

— Eu sei — resmungo, tentando ao máximo encerrar essa conversa sem sentido.

— A sua sorte é que nossa mãe não viu isso. Caso contrário, suas bolas estariam fodidas. Você sabe o quanto ela sonhou com esse momento. Você não pode estragar isso, Mathias.

Reviro os olhos, tentando resistir ao impulso de soltar um suspiro exasperado.

— Olha só, senhor perfeição. Eu nunca quis e nunca vou querer me casar. Esse casamento não poderia ter vindo em um momento pior. Agora que eu finalmente posso aproveitar a minha vida de solteiro, vou ter que me prender a isso? Se você se importa tanto com o que nossa mãe pensa, casa você, então. Vá atrás da mulher que você enrola há mais de cinco anos.

Um tapa rápido na minha cabeça me traz de volta à realidade.

— O assunto aqui, seu otário, não sou eu. É você! Ou acha que um dia eu não vou ter que me casar? Eu aceito o que é necessário para a famiglia. E mesmo não a conhecendo ou amando, vou respeitá-la o máximo possível. Já pensou um pouco em Emma? Ou acha que está sendo fácil para ela? Ela também está sendo obrigada a se casar com um homem que não conhece e muito menos ama.

— Se ela disser 'não' no casamento, eu irei agradecer — murmuro, com um toque de sarcasmo. Matteo me encara com um olhar que diz tudo.

— Ela vai dizer sim, porque está nítido que ela vai honrar sua palavra. E espero que você faça o mesmo!

Solto uma risada amarga.

— Não há amor, não há respeito! Mas vou conversar com ela, se isso faz você se sentir melhor.

— Você vai se apaixonar por ela, e Emma vai pisar na sua cara. Pode anotar.

Ignoro o comentário e me levanto, pronto para sair dali.

— Tenho que ver meu terno. Vai comigo?

— Não, vou treinar com Armando. Mas antes, você vai na casa da sua noiva pedir desculpas.

Sinto minha paciência se esvaindo.

— Tá falando sério? Eu sou o mais velho, eu deveria mandar em você.

— Só vai.

— Otário — murmuro, rolando os olhos enquanto saio da boate.

Enquanto me dirijo à casa de Emma, minha mente começa a maquinar uma maneira de contornar essa situação. Talvez se eu aparecer com um presente, algo que a distraia do que aconteceu... Toda mulher gosta de joias, certo? Talvez uma joia da Tiffany faça com que ela esqueça o incidente. Se não, pelo menos é um gesto que demonstra que estou tentando, o que pode acalmar Matteo e nossa mãe.

 O Cretino - Nova Era 7 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora