O Cretino - Nova Era 7 - Conto

Capítulo 13

MATHIAS SAVÓIA

— Algo me diz que Mathias está apaixonado.

O barulho das risadas de Armando e Matteo enchem o ambiente, ecoando em meus ouvidos enquanto tento processar o que meu irmão acabou de insinuar. Apaixonado? Eu? Isso soa como um insulto. Faço uma careta, lançando um olhar mortal na direção dos dois idiotas.

— Começou a comer merda também? — olho para Matteo, meu irmão gêmeo, com a testa franzida. — Se apaixonar nunca foi uma opção, e nunca será!

Matteo apenas levanta as sobrancelhas, um sorriso de quem sabe mais do que devia se forma em seus lábios. Ele decide me cutucar onde dói.

— Você sabe que eu não estava falando disso, não é? — a voz dele é tranquila, mas carregada de intenção. — Só constatei um fato. E você se defendeu como se não tivesse escolha em se apaixonar.

Arregalo os olhos, sentindo o sangue ferver de raiva e nervosismo. Ele está tentando me encurralar. O desgraçado sabe que estou preso em minhas próprias palavras.

— Acho que alguém se enrolou na própria história. — Armando canta, divertido, enquanto eu penso seriamente em atirar no meu próprio irmão. Mas não posso. Não quero acabar com minha vida, e de quebra, deixar Grace viúva antes mesmo do casamento.

Então, opto por fingir que nada foi dito. Faço uma careta, cruzo os braços e finjo desinteresse.

— Eu vou ficar calado, porque não sou obrigado a dar satisfações! — resmungo, fazendo um biquinho infantil, o que só serve para arrancar gargalhadas dos dois.

Idiotas. Nem parece que Armando também é cadelinha da esposa. E Matteo... ah, meu querido irmão, ele pode não estar casado ainda, mas está prestes. E eu estarei lá, pronto para zoá-lo até ele não aguentar mais.

E é aí que a verdade bate em cheio. Estou me apaixonando por Emma. E já digo que não era algo que eu queria. Meus planos sempre foram claros e diretos: casar com ela, manter minhas escapadas e indiferença, ter um herdeiro e me divorciar. Simples. Limpo. Sem complicações.

Mas, de alguma forma, não consegui seguir nenhuma dessas etapas. Mesmo antes de termos transado, eu juro que tentei, tentei me envolver com outras mulheres. Mas não deu. Meu corpo, minha mente, meu maldito coração, só queriam saber dela. Aquela mulher de língua afiada que não parece ligar para mim. Será isso obra do destino ou apenas karma? Seja o que for, odeio essa sensação.

— Ui, a princesa ficou ofendida! — Armando continua com sua provocação.

Reviro os olhos, resmungando:

— Idiotas.

•

Eu e Matteo saímos da mansão de Armando e viemos até a minha. Emma e eu retornamos da lua de mel à pouco menos de uma semana, não tivemos tempo de nos organizarmos direito na nova casa, já que estou trabalhando na localização do diário que está mais perto do que imaginávamos. Tudo está uma completa loucura.

— Tem uísque?

— Deve ter no meu escritório. — respondo sem muito interesse, ainda pensando no que Matteo disse. Ele me lança um olhar curioso enquanto caminhamos até a entrada da minha nova casa.

— Por que você tem um escritório se trabalha em missões e nem vai usá-lo?

— Porque sou um homem de respeito, seu imbecil. — dou-lhe um tapa na nuca, e ele me olha feio, mas não diz nada.

Quando abrimos a porta de entrada, a visão de Emma no topo da escada, pintando uma parede de cor vinho, me faz parar. Ela está usando um shortinho verde claro e uma regata preta, o cabelo preso em um rabo de cavalo. Ela tem um avental de pintor sujo de tinta e está cantarolando uma música desconhecida para mim. É uma cena tão simples, mas tão... dela. Aquele toque de normalidade que eu não esperava, mas que agora parece tão certo.