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9 de janeiro de 1999

— E então? Você mora aqui agora?

Hermione ergue os olhos de sua redação de Poções. Pansy está se espalhando em sua espreguiçadeira de sempre, o fogo atrás da lareira lançando brilhos alaranjados sobre sua expressão apertada, seus lábios franzidos. Ela está em outra elegante camisola de renda, o cabelo amarrado em um coque apertado.

— Olá, Pansy. — Ela olha para baixo. Tenta se lembrar de como deve ser o resto da frase que ela está escrevendo.

— Eu lhe fiz uma pergunta.

Hermione balança um ombro. É tudo o que ela pode realmente controlar. 

— A maioria de vocês não parece se importar.

Ela está estudando e passando a maior parte de seu tempo livre na Sonserina na semana passada, só voltando para a Grifinória para dormir. Ela não consegue se concentrar com todos os olhos nela — todos os sussurros. Não consigo pensar direito em ter Ron e Harry na mesma sala, sentindo que estão tão longe.

Nott e Zabini parecem achar quase engraçado toda vez que atendem à sua batida reveladora. Quando um deles a deixa entrar, ela geralmente se senta com eles na sala comunal — estuda, lê, pratica feitiços.

Quando Draco responde, as coisas ficam mais complicadas.

Ela realmente não falou com ele desde daquela manhã — desde aquele olhar no café da manhã. Não tem certeza de como se sentir perto dele.

Mas ele vai deixá-la entrar, e eles vão se sentar juntos na sala comunal também. Troque olhares complicados de vez em quando, quando um deles pega o outro olhando.

Seu grande gesto — um gesto que provou ser mais horrível do que grandioso — teve um... efeito complicado em seu relacionamento. Ela provou o que ele precisava que ela provasse. Provado que ela não tem vergonha. E ela usa o pingente todos os dias.

Mas eles não são um item. Não são um casal.

Nem são o que ela consideraria amantes.

Na verdade, parece que seu grande gesto fez mais para influenciar a Casa Sonserina como um todo do que o próprio Draco. Nott e Zabini parecem menos cautelosos com ela. Mesmo pessoas que ela raramente vê como Pucey e Bulstrode estão ficando mais confortáveis ​​com sua presença. Pararam de dar-lhe olhares de reprovação. Como se reconhecessem o que ela desistiu. O que ela fez consigo mesma.

Mas com Draco... com Draco, parece que ele está testando ela.

Esperando que ela voltasse correndo para a Grifinória chorando. Esperando que ela fingisse que não quis dizer isso.

Talvez ele não entenda a permanência disso. A permanência daquele momento em que os lábios dele tocaram os dela, imortalizado em estampa preto e branco.

— Eu me importo, — retruca Pansy, e Hermione é tirada de seus pensamentos. Olha para ela novamente e a estuda cuidadosamente.

— Por que?

E ela é verdadeiramente, verdadeiramente curiosa.

Pansy Parkinson é um enigma. Semanas e semanas atrás, Hermione tinha pensado que ela tinha tudo planejado. Pensava que ela era pouco mais que uma mistura amarga de preconceito de sangue, rivalidade da Casa e inveja geral, tudo escondido sob uma máscara quase sinteticamente bonita. Achei que ela tinha se agarrado ao braço de Draco todos esses anos pelo status e pela herança potencial, como Draco havia dito.

Agora, porém, ela não tem tanta certeza. Ela certamente não obteve uma resposta real da última vez que perguntou.

Porque Pansy Parkinson parece odiá-la tanto, ela quase age como se estivesse com medo dela.

Breath Mints / Battle ScarsOnde histórias criam vida. Descubra agora