XXVII

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25 de dezembro de 1998

Diário,

O encontro trouxa — como conceito  não é totalmente ridículo, como se vê.

As filas são ridículas, e a Londres trouxa é superlotada, mas o chocolate quente é bom e o artesanato dos brinquedos é... tolerável.

Não, esqueça tudo isso. Encontros trouxas são provavelmente ridículos pra caralho.

Mas encontros trouxas com Granger são...

Porra.

Nós iremos. Preparem-se.

As coisas estão prestes a ficar muito feias para mim.

Draco

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3 de janeiro de 1999

Ela deixou todas as cartas fechadas, exceto uma carta muito breve e rabiscada de Gina que dizia:

Eu estarei lá em breve. Não entre em pânico.

Era datado do Natal, mas não havia chegado até o dia seguinte, junto com a maioria dos outros. Incluído no envelope estava o recorte do Profeta Diário, que Hermione acabou guardando em seu criado-mudo.

Mas ela foi muito cuidadosa para não olhar para os remetentes nas outras cartas. Tinha visto um escrito nos rabiscos furiosos de Ron e parou de verificar depois disso. Provavelmente havia um de Harry — talvez mais de um. Definitivamente vários da Parvati. Romilda. Eloise. Talvez até Neville, se ela tivesse que adivinhar. Provavelmente não Luna — ela tendia a não bisbilhotar. Ela estremeceu ao pensar em um de Molly Weasley, mas teve que aceitar que provavelmente também estava em algum lugar da pilha.

Felizmente, poucos alunos ficaram em Hogwarts durante as férias, e quase nenhum de seu ano. A atenção imediata que ela e Draco receberam do artigo veio principalmente na forma de primeiranistas cobiçosos — "não é romântico?" — e a ocasional e altiva desaprovação de alguns quarto e quinto anos que sabiam mais sobre sua história.

Draco, porém — ela estava muito apreensiva com a reação dele. Não sabia o que esperar. E ele a encarou com aquela expressão alarmada por uma quantidade preocupante de segundos. A fez duvidar e duvidar, do jeito que ele sempre faz.

Agora, porém, ele está com a cabeça no colo dela enquanto ela lê Merida Swoglot, então ela acha que deve ter feito algo certo.

Eles estão na Sala de Aula de Adivinhação, de novo. Tornou-se sua assombração regular. E enquanto ela lê, ele lança variações preguiçosas de feitiços sobre suas cabeças, bocejando. Nos últimos dias, não mais impedidos pela necessidade de se esgueirar, eles descobriram o quanto gostam da companhia silenciosa um do outro.

Não há necessidade de falar. Não há necessidade de entreter um ao outro.

Apenas um silêncio mútuo e pouco exigente.

Ela não costuma quebrar. Odeia. Mas hoje ela sente que deve.

— A que horas o trem chega?

Os dragões de papel de Draco hesitam no ar. Comece a voar no sentido anti-horário. 

— Meio-dia, — ele diz, examinando sua varinha. — Mas você já sabia disso.

— Você pode me culpar por estar nervoso?— Ela olha para ele por cima da borda do livro. Ele não olha para ela.

Breath Mints / Battle ScarsOnde histórias criam vida. Descubra agora