XLVI

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23 de fevereiro de 1999

Se ela sabe alguma coisa sobre a guerra, é como ela descasca a pele. Expõe as terminações nervosas. Aqueles meses que ela passou correndo, lutando — eles tiveram um efeito medido em seus instintos. Ela viu, levando seu tempo de reação de dez, talvez quinze segundos para quase zero. É por isso que ela já deveria ter sacado a varinha.

Mas ela esquece que Pansy também viu a guerra.

E naquele milissegundo que Hermione leva para avaliar a situação, Pansy prende o guarda nas barras atrás dele, a madeira de sorveira escura de sua varinha enfiando nas rugas carnudas de sua garganta.

— Onde ele está?  ela sibila, a voz como o fio de uma faca.

Hermione não se move para detê-la. Ainda não.

As barras ainda estão chacoalhando com o impacto, e os olhos redondos do guarda se arregalaram. Mas um sorriso inquieto e nervoso divide seu rosto enquanto seus olhos se deslocam entre os de Pansy. 

— Você acha que pode me ameaçar, garota? Eu sei tudo sobre você. Eu sei que você não tem permissão para usar essa varinha.

Pansy enfia a varinha tão profundamente em sua garganta, que parece uma nova órbita ocular, e seu barulho de engasgo é alto — horrível.

— Vou sangrar e estripar você aqui mesmo, seu Aborto imundo. Me teste.

Ainda assim, Hermione não pensa em intervir. É só quando o guarda dá uma risada ofegante e Pansy recua, todos os tipos de maldições em seus lábios, que ela dá um passo à frente e segura sua mão.

— Não. Não. Podemos precisar dele.

— Granger  — ela rosna, o olhar furioso ainda voltado para o guarda, mas Hermione fala rapidamente.

— Deixe-me. Eu posso – eu sei o que fazer, deixe-me.

O olhar de dúvida de Pansy é amplamente ofuscado pelo medo em seus olhos. É um olhar que diz que ela não tem tempo para adivinhar. Não tem tempo para voltar aos velhos hábitos, velhos preconceitos. Grifinória isso ou Grifinória aquilo. E quando ela se afasta do guarda, deixando-o balbuciando, Hermione sente que está confiando nela para não ser gentil.

Ela não será.

Legilimens, — ela estala no momento em que sua varinha está fora, e a corrida vertiginosa de ser puxada para a memória a lembra quanto tempo faz desde que ela praticou.

O mundo passa em fiapos desbotados de cinza por longos e sonolentos momentos enquanto a magia se instala, figuras fracas correndo em sua visão até que o tempo desacelere em torno do momento em questão. Aquele que ela está procurando.

O guarda ainda está em seu posto, apenas com roupas diferentes — e ele não está sozinho. Hermione fica tensa e tensa ao ver Dawlish em suas vestes de auror, curvado enquanto ele passa um pedaço de pergaminho dobrado para o guarda.

— Hoje à noite —, diz ele, a voz ecoa. — Você sabe onde deixá-lo. Quando a suspensão do julgamento expirar, você alertará o Wizengamot que o garoto Nott escapou.

O guarda acaricia seu queixo sujo. 

— Eu deveria enviar relatórios de status de prisioneiro para o andar de cima todas as manhãs. Você estaria me pedindo para mentir em formulários oficiais...

Você será compensado —, resmunga Dawlish.

A pausa que se segue é excruciante. O lábio do guarda se curva lentamente em um sorriso. 

Breath Mints / Battle ScarsOnde histórias criam vida. Descubra agora