23 de fevereiro de 1999
Se ela sabe alguma coisa sobre a guerra, é como ela descasca a pele. Expõe as terminações nervosas. Aqueles meses que ela passou correndo, lutando — eles tiveram um efeito medido em seus instintos. Ela viu, levando seu tempo de reação de dez, talvez quinze segundos para quase zero. É por isso que ela já deveria ter sacado a varinha.
Mas ela esquece que Pansy também viu a guerra.
E naquele milissegundo que Hermione leva para avaliar a situação, Pansy prende o guarda nas barras atrás dele, a madeira de sorveira escura de sua varinha enfiando nas rugas carnudas de sua garganta.
— Onde ele está? — ela sibila, a voz como o fio de uma faca.
Hermione não se move para detê-la. Ainda não.
As barras ainda estão chacoalhando com o impacto, e os olhos redondos do guarda se arregalaram. Mas um sorriso inquieto e nervoso divide seu rosto enquanto seus olhos se deslocam entre os de Pansy.
— Você acha que pode me ameaçar, garota? Eu sei tudo sobre você. Eu sei que você não tem permissão para usar essa varinha.
Pansy enfia a varinha tão profundamente em sua garganta, que parece uma nova órbita ocular, e seu barulho de engasgo é alto — horrível.
— Vou sangrar e estripar você aqui mesmo, seu Aborto imundo. Me teste.
Ainda assim, Hermione não pensa em intervir. É só quando o guarda dá uma risada ofegante e Pansy recua, todos os tipos de maldições em seus lábios, que ela dá um passo à frente e segura sua mão.
— Não. Não. Podemos precisar dele.
— Granger — ela rosna, o olhar furioso ainda voltado para o guarda, mas Hermione fala rapidamente.
— Deixe-me. Eu posso – eu sei o que fazer, deixe-me.
O olhar de dúvida de Pansy é amplamente ofuscado pelo medo em seus olhos. É um olhar que diz que ela não tem tempo para adivinhar. Não tem tempo para voltar aos velhos hábitos, velhos preconceitos. Grifinória isso ou Grifinória aquilo. E quando ela se afasta do guarda, deixando-o balbuciando, Hermione sente que está confiando nela para não ser gentil.
Ela não será.
—Legilimens, — ela estala no momento em que sua varinha está fora, e a corrida vertiginosa de ser puxada para a memória a lembra quanto tempo faz desde que ela praticou.
O mundo passa em fiapos desbotados de cinza por longos e sonolentos momentos enquanto a magia se instala, figuras fracas correndo em sua visão até que o tempo desacelere em torno do momento em questão. Aquele que ela está procurando.
O guarda ainda está em seu posto, apenas com roupas diferentes — e ele não está sozinho. Hermione fica tensa e tensa ao ver Dawlish em suas vestes de auror, curvado enquanto ele passa um pedaço de pergaminho dobrado para o guarda.
— Hoje à noite —, diz ele, a voz ecoa. — Você sabe onde deixá-lo. Quando a suspensão do julgamento expirar, você alertará o Wizengamot que o garoto Nott escapou.
O guarda acaricia seu queixo sujo.
— Eu deveria enviar relatórios de status de prisioneiro para o andar de cima todas as manhãs. Você estaria me pedindo para mentir em formulários oficiais...
— Você será compensado —, resmunga Dawlish.
A pausa que se segue é excruciante. O lábio do guarda se curva lentamente em um sorriso.
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Breath Mints / Battle Scars
FanfictionPor um momento, ela está quase tonta. Porque Draco Malfoy foi arruinado por esta guerra e ele está tão deslocado quanto ela - e sim, ele tem cicatrizes também. Ele tem uma ainda maior. Ela se pergunta se um dia eles vão comparar tamanhos. Conteúdo r...