__ Cuidado querida.__ Tia Maily disse ao adentrarmos meu quarto.
Havia duas semanas desde o ocorrido, havia recebido alta, e durante o tempo em que estive no hospital, Tyler e Theo foram me visitar, dona Sophie e o sr. George apareceram também, menos o sr. Wayne.
Graças ao enfermeiro Henri, meus dias foram legais naquele hospital, até que enfim pude voltar para casa. O incidente na escola resultou em seis professores e vinte e três crianças assassinadas. Um pesadelo da pior espécie aconteceu naquele lugar, e com certeza um trauma ficou, não só em mim, mas em Tyler e Theo também.
__ Oi Dua.__ Depois de quase cinco horas da minha chegada, o sr. Wayne havia adentrado meu pequeno quarto.__ Como você esta?__ Nossa, só agora ele se preocupou.
__ Viva.__ Parece que ele entendeu meu sarcasmo.
__ Que bom que estás melhor.
__ Bem, não graças ao senhor.__ Cruzei os braços.
__ Não estou entendendo.__ Oh nossa.__ O que você quer?
__ Que pelo menos o senhor aparecesse uma vez naquele maldito hospital e dissesse: Que bom que estás bem Dua. Obrigado por cuidar dos meu filhos.
__ É a sua obrigação cuidar deles.
__ É a sua obrigação.__ Gritei estressada.__ Mas você é tão idiota que os outros tem que fazer o trabalho por você. Não me arrependo de ter pulado na frente daquele projétil pelo Tyler. Sim, eu faria de novo, mas pelo menos uma vez na vida se sinta agradecido pelos sacrifícios que as pessoas fazem.
__ Você está sendo injusta, Dua.
__ Injusta? Injusto é o senhor achar que o meu dever é se jogar em frente a um projétil toda vez que alguém tentar matar os garotos. Não tenho sete vidas não.
__ Eu não disse isso.
__ Sabe senhor Wayne, eu vi dois garotinhos da idade dos meninos mortos na turma deles. Vi pessoas feridas nos corredores, vi cenas indesejáveis e tuve que manter a minha voz a mais calma possível para que os garotinhos não percebessem nada. Os mantive vendados o tempo todos, eles não viram nada a não ser o tiro que levei. Sabe porque? Para que eles não ficassem traumatizados, como eu estava ficando. Os meninos assassinados sr. Wayne, eram amigos do Tyler. Você acha que ele ficaria bem vendo os melhores amigos mortos? Você acha?__ Seus olhos encheram de lagrimas.__ Porque eu não fiquei, eu não fiquei bem, eu não estou bem, por saber que dez dos colegas de Tyler e Theo não estão mais vivos e que eles poderiam não estar também. Então senhor Wayne, não venha me dizer que fui injusta em querer que o senhor aparecesse lá e verificasse se eu pelo menos estivesse bem. Porque eu não estou...
E tudo ficou estranho, suas passadas foram rápidas em minha direção, ele me puxou para um abraço, era um abraço apertado e bom.
__ Eu estive lá.__ Sua voz saiu nun sussurro.__ Eu te vi. Só não consegui falar com você, porque em partes, você estava lá por minha culpa.__ O encarei.__ Eu deveria ter levado o tiro no seu lugar...__ E então uma lágrima escorreu pelos seus olhos.
__ Por favor, se aproxime dos meninos. Dê atenção a eles.__ Limpei suas lágrimas.
__ Me promete uma coisa.__ Sua mão segurou em minha bochecha.__ Me promete que vai me ajudar a ser um pai melhor. Me ajude a me aproximar do Tyler. Promete.__ Apenas confirmei com a cabeça.__ Me prometa, me dê a sua palavra.
__ Eu prometo.
__ E por favor, eu não falei ao Tyler e ao Theo que alguns dos amiguinhos deles partiram. Me ajuda a contar?
__ Ajudo.__ Ele sorriu meigo.
Foi o sorriso mais bonito que já vi, e era uma droga achar seu sorriso bonito, porque eu sabia que jamais teria algo com ele.
Demorou cerca de cinco secundos até que tia Maily andentrou o quarto depois da saída do sr. Wayne.
__ Ele te demitiu?
__ Não. Ele não é doido.__ Ela sorriu nervosa.
__ Vocês brigaram muito alto. Todos os empregados ouviram e algumas das camareiras começaram a dizer que vocês tem um romance.
__ Não temos um romance tia.__ Peguei um livro.__ Ele é muita areia para o meu caminhãozinho.
__ Sei. Não quero que der liberdades ao sr. Wayne, para que não aconteça com você o que aconteceu com as outras babás que trabalharam aqui.__ Então como ela adentrou o quarto, tia Maily saiu.
Deixou para trás uma garota com várias perguntas sem respostas.
#Continua...
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UMA BABÁ CAIPIRA
RomanceDua Raymond deixa sua vida no campo e todo o seu passado, para tentar algo novo na cidade ao lado da sua tia Maily. Aos vinte e três anos, a garota havia perdido os pais e precisava trabahar para conseguir ajudar a sua tia de meia idade. Ela só não...