·20· Arcturus e Rea

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Depois de todo esse tempo?
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Helena Deutch

--Deutch?-- o chamado soou mais alto do que ela esperava pelo espelho.

Estendeu a mão para o objeto que deixara pousado na cômoda ao lado da cama, já que tinha resolvido tentar dormir em vez de ficar esperando, o que não adiantou porque ficou apenas se revirando.

--Black?-- responde num tom mais baixo que o normal.-- Dá para ver?

Pois parte do rosto dele aparecia no espelho.

--Dá.-- conta.

Ela rapidamente endireitou o espelho que segurava inclinado de modo que a maior parte pegava a imagem do teto.

--Posso te perguntar umas coisas?-- solta porque o que Héstia contara pairava em sua mente, tomando a prioridade até da primeira pergunta que achara importante fazer.

--Pode.-- ele responde como se já esperasse aquilo.

--Héstia me contou sobre a notícia que estão abafando, foi convocado para aquilo, não é?

Com certeza o sonserino não esperava aquilo e não só surpresa o tomaram como o que arriscaria ser vergonha pelo jeito que desviou o rosto do espelho.

--Foi.

--E qual foi sua parte?-- questionou soltando as palavras da pior pergunta de vez.

--Feitiço de silêncio, conter eles, nenhuma das piores. Comensais gostam de se provar, de cometer atos dos quais vão poder se vangloriar e eles se perdem no meio dessa fome por isso a ponto de nem darem tanta atenção ao entorno.-- ele fala.-- Foram poucos, eu e mais quatro, nenhum deles deu real atenção e nas horas importantes eu fiz parecer que estava no mesmo estado deles. Com Nott nem foi necessário, ele estava completamente imerso naquilo por ser a oportunidade perfeita de se provar ao Lord depois do tempo afastado e foi algum tipo de escape doentio.

Ela já ouvira falar dos Nott, tinham um dos piores histórico entre as chamadas famílias sangue puristas, existiam histórias que não sabiam se era verídicas sobre a presença e o que fora feito nas masmorras da mansão deles.

--Eu...sinto muito.-- eram as únicas palavras que achara.

--Está tudo bem.

Mas ele ainda não voltou o rosto de volta para o espelho.

--A Ordem tem seu nome? Héstia falou que Dumbledore os recebeu, mas não pareceu saber...

--Ele os recebeu de outro na minha posição, mas não cita meu nome para os aurores ou os que apenas estão lutando, é arriscado porque se me pegarem estou ferrado e a maioria não sabe que sou um espião para eles. E a preocupação de Héstia era a de que eu estivesse envolvido, como a neguei não houve mais problemas em relação a isso.

--Régulus.-- chama com a intenção de fazer ele finalmente voltar o rosto, mas não foi o que houve.

--Sabe, não era minha intenção nenhum desses assuntos quando pedi a Héstia que levasse o espelho a você, bem diferente disso aliás.-- ele fala.

--O que você quer com isso?-- era a primeira e importante pergunta que tivera que esperar.-- Porque o jeito que acabamos a conversa, eu fiquei muito surpresa com o aparecimento dela por um pedido seu.

--Você viu as abotuaduras, as viu e simplesmente mudou o que diria, se tornou defensiva quando viu o símbolo Black. E eu devia simplesmente ter ido embora, dar o que era melhor para você, mas não era o que eu queria, o que você queria aliás, mas as abotuaduras tiraram seu querer pelo que acha que é dever.

--Olha Régulus, você não...

--É, não sei, realmente não sei o que te faz ter essa questão e não posso simplesmente tirar isso de você. Então sem abotuaduras.

--O quê?

--Sem abotuaduras com símbolos, sem sobrenome, só desligamento disso.

Ela estava muito surpresa com as palavras, com a proposta dele.

--Não dá para simplesmente ignorar...

--Dá sim, sem assuntos que fiquem recordando e repetindo a tecla guerra que vai te fazer ficando se lembrando. Vamos só ignorar, tentar pelo menos.

--Não seria justo.-- fala.-- Com você, seu sobrenome faz uma parte de você pelo menos e então só ignorar essa sua parte, eu não acho que seria justo.

--Eu estou propondo isso, não precisa se culpar se a ideia é minha.

Helena poderia pegar aquele conforto dado por ele e aproveitar, porém existiam mais "mas".

--Régu...

--Isso, isso é algo importante.-- ele diz a interrompendo.-- No máximo sou Régulus Arcturus aqui.

--Arcturus?

--Nome do meio vindo de algum ancestral e você...

Soltar aqueles nomes seria como selar aquele acordo repentino e inesperado entre eles e ela se viu paralisada.

--Helena?

--A gente teve uma conversa tão...tão... e eu esperava nem te ver por um tempo, até te evitar se aparecesse na vizinha.-- confessa.-- Então vem isso de você que não parece ser algo de você, por mais que eu nem te conheça realmente.

--Não parece mesmo eu, de forma alguma e eu assumo isso. É só que você não respondeu o que queria, vieram amarras e eu só estava ansioso para escutar o que seria, não saber era demais e eu não acreditei quando disse que era melhor quando parecia organizar palavras importantes para soltar.

--Não tem como eu ser a pessoa a te ajudar porque não saberia ser ela, isso envolveria sermos próximos e eu sei que parece uma idiotice, mas eu não sei como contornar o suficiente para poder ser esse alguém. E eu queria ser pois também sou curiosa para saber mais de você, porque além do meu próprio preconceito posso ver que tem umaa pessoa com o pior cargo numa guerra, que se interessou por mitologia, que vai contra os ideais do meio em que cresceu, que disse palavras que se enterraram na minha mente, que tem ideias nada esperadas de virem de você, isso eu tirei em cinco vezes que te vi, contando essa, e esses vislubres foram suficientes para me deixar querendo conhecer mais de você, mesmo que isso vá totalmente contra a regra de vida que vivo e sigo.

--Agora que as disse vai se despedir e devolver o espelho?-- ele pergunta parecendo acreditar naquela possibilidade.

--Helena Rea.-- ela fala esperando que ele entendesse e realmente pareceu com o suspiro que soltou e o pequeno sorriso que deu.

--Obrigado, Rea.-- ele fala.

Como se ela ter se abrido, aceitado aquilo, significasse além do que podia imaginar para ele e se perguntou se talvez não tivesse que agradecer também porque poderia significar além do que poderia imaginar e uma parte de si se agitou com isso, contra isso, clamando por atenção e reconhecimento, mas ela decidiu fingir que não a via.

Talvez aquilo bastasse, ignorar a parte que se rebelava contra ignorar o sobrenome do de olhos acizentados. Talvez não. Mas só o tempo diria e pelo menos pelas horas seguintes deu.

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>Se nada mudar, frisem no se, terá um momento bem específico em que introduzirei a história já pronta na minha cabeça da Helena que até cogitei colocar nesse, contudo não pareceu a hora certa.

>Amo personagens que meio que usam falas de outros, ainda mais quando tem uma relação ali para acontecer ou acontecendo. Enfim, a leitora em mim surta e como escritora não poderia faltar.

>Votem 😉✨

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Sempre
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(In)quebráveisOnde histórias criam vida. Descubra agora