•37• Não estou te deixando

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Depois de todo esse tempo?
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Helena Deutch
24/09/1978

Ela estava observando os dois mini ruivos despertos colocados no assento deles, não estavam concentrados em nada especial, apenas percorrendo o olhar ao redor, decifrando aquele ambiente familiar. Não era difícil imaginar que um dia outros dois ruivos haviam sido aqueles bebês curiosos pelo seu entorno.

--Gideon falava que ele e Fabian ensinariam eles a como funcionava serem gêmeos, como se houvesse um grande segredo que apenas eles saberiam.--Molly fala colocando o prato que segurava para servir de volta ao balcão e se sentando na frente da corvina, os ombros despencando.

Falava. Você poderia não querer aceitar a perda, mas ela se infiltrava, não era uma escolha, era algo irrevogável que te perseguia até seu esconderijo e que te levava ao uso do passado.

Ela não tinha uma resposta, desde que estava ali foram várias as vezes que não encontrara uma, mas não é como se eles quisessem uma, o que precisavam era de presença e tempo. Helena preencheu o prato deixado, repousando ele na frente dela.

--Se alimente, vou falar para Arthur que o almoço está pronto e fazer Fabian comer ao menos um pouco.-- fala enchendo outro prato e o pondo numa bandeja.

A ruiva a olhou com gratidão.

--Obrigada.

Ela não precisava de agradecimentos, estava fazendo o que podia para ajudar, não poderia tirar a dor, encurtar ela, mas se lembrava de Aurnia levando caçarolas para ela e o pai, dos dias que passava na casa dela porque Jason precisava de um tempo, a própria senhora havia conhecido sua mãe e sofrido com sua ausência, porém se tornara quem encontrava alívio do luto se ocupando de ser o refúgio seguro para outros que sofriam. O luto no fim era um percurso solitário, mas precisava de tempo também, então como ela pudesse aliviar o empurrar da realidade para Molly o faria.

Arthur lhe lançou um olhar preocupado de onde estava sentado com Gui, Carlinhos e Percy, mas ficou mais tranquilo quando disse que o almoço estava pronto e que Molly os esperava depois de lavarem as mãos.

O leve ranger da porta do quarto onde Fabian estava pareceu um corte profano de silêncio, um que despertou o ruivo que tinha afinal dormido na cadeira.

--Não estou com fome.-- ele fala assim que vê a comida.

--Fabian...

--Você não deveria estar aqui, Lena.

Ele se decepcionou se esperava que fosse assentir, deixar a bandeja e dar meia volta. Já o havia feito, mas daquela vez repousou a bandeja na cômoda e se sentou encostada na parede.

--Assim que você comer.-- fala porque se preocupava com ele, com seu jejum desde a noite anterior onde havia ingerido apenas um sanduíche.

--Por quê?

--Estou preocupada com você, Fabian.

--Então é a única.

(In)quebráveisOnde histórias criam vida. Descubra agora