(In)quebráveis

•33• Idealizador

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Depois de todo esse tempo?
•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

Remus Lupin

Remus quase poderia apostar ser visível a olho nu a seriedade de Keralie escorrendo e tomando em seu lugar a ternura ao observar a sobrinha adormecida no carrinho parado ao lado da mesa da cozinha.

--Ela já estava sentindo sua falta.-- Zoe fala com um sorriso.-- Ficou distraída com Adrian, mas ele teve que ir para o bar e parece que eu não consigo cobrir sua ausência tão bem, então só se aquietou quando o sono venceu.

--Você é ótima, Zoe e agradeça Adrian por mim.-- fala.-- Remus venho comigo por querer conversar com você.

A mulher voltou os olhos para o castanho, havia uma curiosidade genuína brotando neles.

--Bem, é claro que podemos conversar, querido.-- ela diz.-- Antes, imagino que aceite um café, Keralie?

--Seria ótimo, Zoe.

--E quanto a você, Remus?

--Aceito, obrigado.

Ela se virou para a cafeteira, o cheiro da cafeína já vinha iludindo o ambiente, então logo as xícaras estavam postas.

--Então qual é o assunto, Remus?

O Lupin olha rapidamente para Keralie que estava sentada a sua frente, recebendo de volta um olhar firme de incentivo.

Sincero e natural, relembra o principal conselho dela.

--Há quase um mês eu apareci na casa de Keralie, de fato foi para ajudá-la com o ocorrido com a irmã em parte, mas não era a razão principal. Eu...-- ele toma um gole do café para ganhar tempo, sabia que não era o melhor, mas a mente tinha emperrado bem no pior momento possível para formular palavras contínuas a sua fala, em vez disso pareceu se voltar para brotar uma dúvida nele.

Por que afinal ele se achara apto para aquilo? Por Merlin, ele era um recém saído de Hogwarts, um licantropo...o fluxo negativo foi interrompido ali, lembrou-se de Keralie dizendo-lhe que era preconceituoso mesmo sem querer em relação aquilo e associar a condição licantropa como uma incapacidade de fazer o que deveria fazer ali era uma prova daquilo. Todavia também havia a voz de Sirius e Tiago dizendo que ele estava melhorando, superando aquilo, ambos o incentivando a cumprir sua missão do dia, colocando fé nele e uma parte dele sabia que a fé deveria vir dele próprio, não era saudável que fosse a que recebia de outros a empurrá-lo para frente, mas daquela vez ela teria que bastar, seria a sensação de não poder decepcioná-los que venceria o emperro.

--Você?-- Zoe instiga.

--Eu fui com uma proposta até ela para aceitar entrar numa organização que está sendo formada, é algo que está se solidificando aos poucos, então nós precisamos de ajuda, de mais integrantes que façam parte do grupo que é a razão dessa formação e você pode não ser uma licantropa de fato, mas você faz parte.

--E que organização é essa que está sendo formada?

--Uma com intenção de fazer nós, licantropos, conquistarmos um espaço onde teremos voz, uma que possibilite nossa união com outros que estejam dispostos a nos ajudar a sairmos da margem na qual fomos postos para ocuparmos o espaço que merecemos e nos é negado somente por sermos quem somos. É algo muito difícil, eu tenho ciência de que estamos tentando arrancar uma raiz que está há muito tempo sendo alimentada, Zoe, mas está na hora de pararmos de achar que é impossível porque não é.