nós não iremos fazer amor?

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Noah passou o percurso todo falando. Eu queria tanto prestar atenção em tudo, mas quando eu me distraía no trânsito por questões de segundos, ele já estava falando de outra coisa. Foi impossível acompanhar. Agora o que nos restou foi um silêncio enquanto carregamos as plantas para o jardim. Eu digo que irei levar os vasos para o terraço num outro dia, uma vez que estou muito cansado para subir escadas com peso. Ele concorda ao caminhar junto comigo em direção a porta.

Contudo, só é preciso que eu feche a porta, após entrarmos, que sinto sua mão na minha cintura enlaçando-me e puxando-me exalando ardor. Deixo-me ir, quero ser dele hoje à noite. Só dá tempo de tirarmos nossos tênis desesperadamente antes de nos fundirmos e ele colocar a ecobag dele no sofá. Sua mão esfrega a minha nuca, assim como seus lábios se esfregam aos meus. Tateio o interruptor para ligar as luzes, mas em breve estou contra a parede. Ele vem sem piedade, sem zelo, sua língua na minha pega fogo e sinto o gostinho lascivo do inferno. Enrolo sua cintura com meus braços, sinto-me extremamente fácil desse jeito. Toda vez que ficamos separados, sinto falta de passar um tempo com ele. Me odeio por isso, mas eu sinto.

— Ei — afasto o rosto para falar. Mesmo assim, ele puxa meu cabelo enquanto inclina o rosto para beijar meu pescoço. — Vamos subir... Ir ao meu quarto.

Olha-me atentamente por alguns segundos, concorda com a cabeça e me segue à medida que caminho para as escadas. Estamos de mãos dadas e eu juro que um ano atrás eu não faria a mínima ideia disso. Estamos fazendo um mês, será que em breve faremos um ano? Dois? Três? Isso me assusta. Acho que nunca estive muito tempo com alguém na minha vida, as únicas relações que são duradouras não passam de raras amizades. É que o tempo passa, tudo é efêmero, eu mudo a roupagem a cada cinco anos e no final nem sei me reconhecer muito bem. Como agora. Estou entrando com o meu namorado no meu quarto e eu jurava que não teria nada com ele que não fosse uns beijos aqui e acolá, talvez um sexo casual numa noite de bebedeira, e depois nunca mais. Olha eu aqui...

Olha nós dois aqui... Mal ligamos as luzes e são beijos e mais beijos. Pega na minha cintura, aperta a língua na minha, sua respiração mais alta que o normal. Parece uma dança, é que giramos no quarto, ele parece querer me engolir e eu acho isso tão incrível. Enroscando um ao outro, caímos na cama como se pudéssemos cair ao mar. Ele vem por cima me enfeitiçar, descendo o beijo morno pelo pescoço, conquistando-me por inteiro. Ainda assim, apoio-me com as mãos no colchão da cama, sentado, sentindo os arrepios que os seus beijos causam em mim. A maioria dos caras com uma boa pegada que já fiquei eram completos babacas. Noah não é um babaca, veja só como ele é uma puta excessão na minha vida. Ele me beija tão amorosamente que é impossível desgostar.

Só que assim que ele abre meu cinto, eu seguro sua mão e o impeço de continuar. Eu amo Noah. Mas se tem uma coisa que ele é, é apressado. Às vezes é bom só sentir a tensão e a vontade rolar. Não precisamos ir diretamente ao pote de ouro. É bom almejá-lo por um tempo.

— Calma — eu rio enquanto aperto o cinto outra vez na cintura. — Quem disse que iremos fazer isso?

— Uh... Nós não iremos fazer amor? — questiona-me, e percebo pela sua expressão que ele está um pouco chateado com essa conclusão.

— Eu te trouxe aqui para outra coisa... — apoio-me num dos seus ombros para conseguir impulso com o intuito de me levantar.

Deixo-o sentado na cama, vou ao closet. Eu deixei a caixa de presente dele ao lado do espelho, por isso pego e volto ao quarto. Aproximando-me lentamente, estendo o braço com a caixa para o Urrea e ele me olha confuso por um tempo. Às vezes não sei se ele se faz ou realmente é lerdinho.

— Seu presente — conto. — Tudo bem que não falamos sobre presentes, mas eu quis te dar.

— Você já não me deu um presente? — ele pega a caixa, que é preta e tem lacinho dourado, e analisa por uns instantes.

crises et chocolat  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora