XX • O começo de um furor.

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Adam caminhava pelos corredores com uma raiva tremenda, como se seus nervos estivessem prestes a implodir. Era algo novo, uma energia de adrenalina desconhecida. Sua volta a vida causou um estrago por onde passava, usando as lanças dos guardas para os apunhalar o peito, e as adagas para cortarem suas cabeças e as lançarem longe. Seus olhos ferviam de um vermelho fumegante, e os dentes arrancavam as carnes dos pescoços dos vampiros jovens. Sua bela imagem estava manchada, ensanguentada, até mesmo sua silhueta refletida pelo sol da manhã.

Quando arrebentou a grade da cela onde Ara estava, ele parou, e tentou se recompor. Estava desesperado por vê-la, por protegê-la. Ela só tinha a ele, então teria que fazer isso com tudo que conseguia ter, arrancando energia de onde não tinha para poder a manter a salvo. Era dessa forma que ele estava destemido a viver. Era apenas no que pensava. Sua imagem? Que grande merda. Um filho da puta de um rebelde? Poderia ser. Mas ela havia salvo sua alma, e ele nem mais tinha uma.

Ara se levantou em um solavanco quando viu tudo destruído e espalhado pelo chão. Ela ficou de pé com o punho cerrado, em posição de defesa, até enxergar Adam na nuvem de poeira que se levantou. A mente dela trabalhou rápido, sua respiração se acelerou de imediato, e teve uma leve vertigem novamente, caindo de joelhos.

Adam a pegou no colo, checando seu rosto em busca de ferimento, no qual havia muitos, e passou sua mão sobre sua cabeça.

- Hey, fica comigo. Aguenta firme, vou te tirar daqui. - ele balbuciou, lhe beijando a testa. E os olhos dela foram abrindo novamente em um sorriso faceto.

- Está brincando? Estou ótima...

Então ele riu, encostando sua testa na dela. Ara segurou seu rosto, passando os polegares pelas bochechas do vampiro, e repetiu as mesmas três palavras anteriores, como não mais um segredo.

- Eu te amo.

Ele ao ouvir aquelas palavras, agora um pouco mais lúcido, maneou a cabeça, como sem acreditar. Aquela mulher estava lhe dizendo que o amava em meio ao caos, depois de passar por tanta coisa sozinha e sabe Deus o que mais passou até chegar ali. Com o corpo machucado, e febril. Relutando para se manter acordada em seus braços. Ara era a personificação de firmeza que ele nunca vira na vida além de sua mãe. Aguentando as pontas, mesmo na dor.

Os lábios do vampiro se curvaram em um sorriso. E chegando perto do ouvido dela, ele disse:

- Quem não amaria?

Ela levantou a mão lhe dando um tapa no ombro, rolando os olhos.

- É mesmo, e quem não?

- Não sei, Henry e mais uma porrada de vampiros que estão atrás de mim nesse exato momento?

- Isso não importa, você tem uma bela de uma ajudante bem aqui. - A voz de ara saiu jocosa.

- Uma bela ajudante mesmo...

Adam desceu seus olhos para os lábios empalamados de Ara, que iam ganhando vermelhidão com o rubor que se instalou em seu rosto quando o percebeu. E ele inclinou o rosto, chocando as duas bocas, em um beijo desesperado, com um cenário lamentável a volta deles. Assim que ele os separou, sorriu ladinamente, e a segurou firme nos braços.

Mais guardas estavam entrando pelo enorme buraco da cela, e Adam se aprontou. Seus chutes o faziam cair longe, derrubando os outros que entravam, e isso lhe deu distração para subir as escadas do palácio, e encontrar um quarto para poder usar a janela, já que mal sabia as saídas, e com certeza havia muito deles em todas elas. Tudo isso com Ara em seu colo, segurando firmemente e sentindo seu coração quase explodir.

Henry quando fora avisado, sentiu seu corpo vibrar em puro ódio enraizado. Viu suas veias escuras pulsarem sobre a pele fina e branca. O copo que estava em suas mãos foi parar estilhaçado na mesa, e ele correu, descendo as escadas até o último andar do castelo. Seus olhos se arregalaram quando viram seus homens espalhados pelo chão, corpos jovens destroçados e as paredes respingadas de sangue preto e já seco. Ele passou as mãos nervosas sobre seus fios loiros.

SOUL BLOOD | Entre Vampiros e Humanos.Onde histórias criam vida. Descubra agora