XII • A pousada

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Dois dias haviam se passado.

Adam e Ara estavam indo muito bem enquanto caminhavam para o vilarejo próximo.

Ara conseguia comer, e até caçava! Com certo treino, conseguiu dominar. E assim que conseguiu acertar seu primeiro alvo, foi uma festa.

Ela gostava de ser independente, antigamente passava longo tempo lendo e treinando algumas técnicas de cultivo para ajudar seus pais. Sempre que queria aprender algo era só ir até seus tios, eles sempre lhe ensinavam de bom grado, pois sabiam que Ara era esforçada para as coisas, e muito persistente também.

Logo, ela ia apredendo a se virar sozinha, até mesmo quando Adam estava por perto. Aí mesmo que ela gostava de mostrar a mulher incrível que ela era.

Adam estava por perto, estava apanhando algumas mangas, quando ouviu gritos de Ara, veio apressadamente ver o que era. Se deparou com a moça pulando e se esperneando de felicidade.

"O que pegou?" ele a perguntou, se aproximando.

Com um estilingue feito de materias pegos de um comerciante que haviam encontrado pela estrada - no qual ela teve que lhe dar a pulseira que sua mãe havia lhe comprado da cidade. Ara achou que seria muito útil para caçar, e conseguir sua própria comida.

"Não sei! Vamos ver." ela disse hesitante, porém não deixou de dar mais alguns pulinhos, até chegar onde o bixo estava deitado. "É um pássaro."

Adam caminhou até lá. Se abaixando ao seu lado, ele olhou a expressão contorcida dela; careta de nojo.

"O que foi?" ele perguntou.

"É que... tenho pena de comer aves e pássaros."

"Então, por que a matou?"

"Agi por impulso..." ela disse, quase num murmúrio.

"Tudo bem. Deixe aí. Peguei algumas mangas." Ele estendeu as duas frutas corpulentas para ela, que fez seu rosto se ilumiar.

"Isso eu posso comer tranquilamente!"

Os dois continuaram a caminhar. Pegaram uma estrada de barro, e ao longe avistaram algumas carruagens vindo. Porém estavam vindo no sentido contrário ao que eles iam. Pareciam estar indo para a cidade.

As solas dos sapatos de Ara estavam ficando desgastados. E sua pele já não estava tão hidrata quanto costumava estar. Ela não via a hora de chegar no próximo vilarejo, e poder comprar alguns dotes para si mesma. Quando fugiu tinha pego uma bolsinha de dinheiro, que escondia em seu armário de roupas. Ela daria para Adam, caso ele precisasse, mas nunca imaginou que não mais voltaria.

Ela avistou uma pedra ao lado da estrada, daria um bom assento. E foi até lá.

"Só falta mais três dias." ela disse em meio a um suspiro de cansaço.

"Se continuarmos parando só chegaremos lá na próxima semana." Adam disse, de pé em sua frente.

"Só uma pausa rápida." assim que disse, foi inevitável fazer uma careta de dor, pois estava com muitos calos não tratados no pé.

"O que foi? Onde dói?" Adam falou se agachando. Suspendeu o pé dela com a mão, e com a outra tirou seu sapato.

"Não!" Ara puxou seu pé de volta. Não queria de jeito algum mostrar qualquer tipo de fragilidade, e isso dificultaria ainda mais o caminho deles.

Adam a olhou com a expressão séria, porém não havia frieza. Ela foi cedendo aos poucos. E ao retirar o sapato ele pode ver o quão crítico estava aqueles machucados.

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