Um dia após Adam dizer a Ara que iria voltar para sua cidade natal, os dois se reconciliaram.
Ambos estavam deitados na cama olhando para o teto. Adam com os braços cruzados atrás da cabeça como apoio, e Ara com as mãos no abdômen, e um aperto no peito.
"Acho que estou triste." Ara balbuciou, com alguns sentimentos emaranhados.
Adam curvou os lábios para baixo, tentando achar palavras para responder.
"Vai passar." ele achou o certo a se dizer. Nada ficava de forma permanente. Nenhum sentimento.
Ela se virou para olhá-lo. Ela tinha que admitir naquele momento. Ele parecia calmo. Como se não houvesse preocupações que pudessem o tirar do eixo. Ele dizia as palavras suavemente. Mas só Deus sabia quais eram seus pensamentos.
"Tenho que voltar e consertar as coisas com meu irmão."
"Você se escondeu esse tempo todo por causa disso? Com receio de encará-lo?" Ara não sabia qual era o motivo que separou os dois irmãos, mas deveria ser algo muito sério, algo que ela não podia imaginar.
"Jhon é bastante rígido, desde criança. Ele não sabe resolver as coisas sem ser de forma séria e racional. Para ele tudo precisa ter certo peso. Então não sei o que me aguarda. Se irei ser preso, ou até mesmo morto."
Ara estreitou as sobrancelhas.
"Morto? Pensei que vampiros eram imortais."
"Sim. Nós somos. Mas temos uma energia envolta num único núcleo. Se chama "priceless energy*". Nosso clã é o único que o possui. Se deixarmos de alimentá-lo podemos padecer pra sempre. Não somos nada sem ele."
"Como isso acontece, Adam?"
"Se capiturados, podemos ficar sem receber sangue por um certo tempo. Depois disso nos tornamos fracos e inábeis. E isso vai decaindo aos poucos até nos tornarmos inúteis para uma batalha, depois uma única luta, e depois a energia pode esvanecer. Ela suga a energia de nosso casco atual, depois não temos mais como alimentá-la. Então morremos."
"Seu irmão não te mataria, Adam. Nenhum irmão faria isso. Por pior que você tenha feito. Não acredito nisso, nem um pouco."
Adam queria contá-la. Ele tinha um segredo que ele mesmo se envergonhava. E nunca se perdoou por isso. Seus dias estavam sendo contados por algo maior do que ele. Algo que chegava a ser descomunal de tão grande. Por isso ele nunca achou que os seus lhe perdoariam. Muito menos seu irmão mais velho. Ele aceitou isso há bastante tempo. E ele tinha que resolver essa situação de forma justa.
O que eram cem anos confinado em um lugar sem nenhuma fresta para luz até a morte, comparado ao tratado que ele assinou algumas décadas atrás? Ter chego a pensar em traição para um objetivo pessoal que custava a dizimação de um clã inteiro. O seu clã.
Adam pensou nas palavras de Ara. Que tipo de esperança existia nelas? Não havia como acreditar.
"Um dia você saberá da verdade, e esse sentimento que sente por mim vai se desvanecer como o sereno ao raiar do dia."
Ara se virou, ficando com o corpo de lado totalmente.
"Não há mais nada em você que me impressione. Sinceramente, me sinto como se estivesse lendo um livro, e aos poucos as coisas vão sendo reveladas..." Ela começou dizendo num tom baixo. "No seu eu atual, se é que está sendo você mesmo, eu acredito nele."
Adam sentiu seu coração vacilar.
"Você é uma mulher difícil." ele disse, soltando uma risada baixa.
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SOUL BLOOD | Entre Vampiros e Humanos.
Teen FictionSinopse do livro: Como seria viver em dois mundos? O sombrio dos vampiros e o acolhedor dos humanos? E como seria se você fosse dos dois? Nessa parte Adam foge para a Coreia do Sul, carregando um grande segredo. Cria laços com os humanos e quase...