II • A carta de Jihoon

85 6 1
                                    

Tem algo sobre as ameixeiras que me lembram você.


Hana segurava a folha com as mãos levemente trêmulas. A bochecha rubra, já molhadas pelas lágrimas. Estava entre bater na porta de Jihoon a aquela hora da noite ou dormir com o peito gritando por uma explicação. E aquela foi a noite mais lenta que já tenha passado.

Pela manhã se encontrou com suas amigas. EunMi bateu palminhas em animação e sua imaginação já estava criando uma grande e espetacular história de amor. Mas Hana preferia manter a cabeça na terra, e não nas nuvens.

"O que eu devo fazer?" Hana as perguntou.

Ara mordeu os lábios pequenos e carnudos, não fazia ideia do que dizer, já que nunca recebera uma carta de amor.

"Você deve ir falar com seu amor. Aposto que vocês irão correr um para o outro e acabar dançando uma valsa." Mi disse, finalizando com os olhos fechados.

"Ara...?" Hana chamou atenção da amiga.

"Bem, se é algo vindo do Jihoon é verdadeiro. Não tenho dúvidas. E ele sempre cuidou de você. E agora vemos que ele não te via como uma irmã." Ara respondeu, dando de ombros em seguida.

"Você deve ir falar com ele."

Elas entraram em uma casa de verduras. Estava um entre e sai de pessoas. O que elas não esperavam encontrar era Jihoon e sua mãe.

"Céus... É ele." Hana paralisou.

"Vamos agir naturalmente. Como mulheres maduras." Mi disse baixinho só para elas ouvirem.

Jihoon as viu de longe. Era impossível para ele não reconhecê-las, ainda mais Hana com seus cabelos avermelhados. De repente seu coração começou a não só bater rápido, mas também a dar cambalhotas. Sua mãe também as viu, e puxou o filho na direção delas. Como olhar para Hana depois de ter se declarado?

"Olá meninas!"

Jihoon suspirou. Logo abriu um sorriso para não ficar desconfortável na frente de Hana.

"Bom dia, senhora Gi."

Ara olhou para Jihoon, que segurava o cesto de verduras, e sorriu. Sabia que ele estava nervoso. O conhecia muito antes das outras duas. Eles cresceram juntos. Ao menos conseguia ler suas expressões.

"Vocês ouviram o que estão fofocando pela vila?" A senhora perguntou com os olhos levemente arregalados.

"Sobre terem achado japoneses mortos na floresta?" Mi queria uma confirmação.

"Sim. Hoje cedo. Estão dizendo que aconteceu há mais de uma semana. E todos tem uma mesma marca. Em diferentes partes do corpo." A senhora Gi sentiu os pelos dos seus braços se arrepiarem. Era algo que estava assustando as pessoas do vilarejo.

As meninas tamparam a boca.

"Acha que são os coreanos, por vingança?"

"Não sei, querida. Ainda não há palpites de quem tenha sido. Mas os oficiais japonêses estão vasculhando as casas e tendas na floresta. Se não acharem o culpado, podemos sofrer as consequências..."

"Estão todos com muita raiva deles, poderia ser qualquer rebelde." Ara disse sensata. Queria muito poder sorrir com essa notícia. Fazer eles sofrerem tanto quanto o que os coreanos estavam sofrendo.

"Eles estão levando alguns coreanos para a terra deles. Para trabalhar como escravos." Hana diz, o que ouviu do seu pai no jantar da noite passada.

"Deus me perdoe dizer, mas quero que esses japoneses possam pagar por tudo de ruim que estão fazendo com pessoas inocentes..."

"Mas como é essa marca, senhora Gi?"

SOUL BLOOD | Entre Vampiros e Humanos.Onde histórias criam vida. Descubra agora