VIII • Boatos

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Os boatos circularam com ostensiva rapidez pelo vilarejo.

As senhoras fofocavam em suas janelas que ficavam adjacentes a outras. Sempre aumentando um tanto da história. Como se em cada ponto de vista fosse adicionada uma estrofe. E a fofoca rolava como uma bola de neve, que vinha ficando cada vez maior e suja a cada dia.

Eles não se perguntavam se estavam sendo dramáticos demais, porém Hana estava achando aquilo tudo um drama digno de um livro.

Enquanto Adam estava deitado tranquilo num canto do estábulo, com a cabeça apoiada no feno. Os três amigos, apesar de Ara, estavam agitados e indignados.

"Eu sabia que isso ia acabar mal." Jihoon dizia com tanta agitação na voz que poderia se tornar em raiva.

"Como pode isso ter se tornado ainda pior do que já estava uma semana atrás?" EunMi disse, achando aquilo tudo uma enorme injustiça.

"Se acalmem. Porque aliás, Adam foi atrás de Ara. Isso é totalmente responsabilidade dele." foi a vez de Hana jogando as cartas na mesa.

Adam levantou uma sobrancelha e disse:

"Pergunte a Ara se ela quis se casar comigo."

Ara pegou um pouco de feno e jogou na direção de Adam, que nunca o atingiria daquela distancia; ele soltou uma risada.

"Não irei me casar com ele. De modo algum. Prefiro aguentar as fofocas. E pode ser que eles parem com isso daqui alguns meses."

"Você sabe que isso é impossível." Hana a disse, quase que revirando os olhos.

"Temos que chegar a alguma conclusão." Jihoon estava prestes a arancar os cabelos.

"Prestem atenção. Adam nem ao menos tem uma casa. Não tem linhagem. Veio de não sei onde. Querem que eu me case com ele?"

"As palavras machucam, Ara..." Mi nem mesmo terminou sua frase. Adam havia se levantado espalmando as calças. A expressão dele era vaga, Mi pensou, é claro que ele se importava.

"Ela está certa." Ele disse, dando de ombros. "E eu já tive o bastante dessa baboseira de casamento. Fui acusado de ser frio e de não ter sentimentos. Fui atrás dela e tentei concertar. Mas ela não quer ficar comigo, porque não tenho onde ficar ou para onde ir. Ou talvez seja porque eu sou o que acham. Já fiz o bastante."

Adam pegou seu casaco e o colocou com paciência, enquanto todos os olhavam com os olhos levemente arregalados. Estavam surpresos por ele ter dito tantas palavras.

"Se me dão licença." E então ele saiu do estábulo.

Hana olhou para Ara com reprovação. Ara desviou os olhos marejados. Mas é claro que ela estava se importando com as coisas que estavam falando sobre ela. Porque para o homem tudo era mais simples e fácil. Ninguém os acusaria de serem sem vergonha. Ou como era mesmo que as pessoas estavam a chamando? Ah, sim, de despudorada. E estavam dizendo que seus pais não lhe deram ensinos sobre bons modos que uma dama deveria ter. Ara não conseguiria manter aquela pose durona por muito tempo, estava quase se desmanchando; então ela correu.

Jihoon estava prestes a correr atrás dela, quando foi segurado por Hana, que o fez se conter.

Ela correu o mais rápido que pode para a floresta. Segurando a barra do vestido, os cabelos ondulados como uma donzela dos livros de conto de fada. Pensando, como poderia estar sendo tão dura com Adam. Como pode ter dito aquelas coisas sobre ele? A verdade era que ela não sabia como seria o futuro. E se ele a largasse para ir para outro país? Atrás dos pais, ou de qualquer outra coisa. No momento ela não tinha nada, mas não queria perder.

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