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— podemos conversar? - Victor levantou os olhos de seus papéis para mim, estava surpreso.

— claro, aconteceu algo? - sentei-me de frente para ele tomando fôlego.

— não exatamente. - o modelo me encarou, esperando que eu continuasse. — quando te pedi para ir pela primeira vez, doeu, e muito, mas algo em mim dizia que era o certo. - respirei fundo. - a segunda, eu nem precisei sentir, você permaneceu aqui. Mas agora...

— agora...?

— eu não sei Victor, não consigo apenas... Te deixar ir.

— e o que quer Bárbara? Que eu sente nesta cadeira, e espere você decidir o que quer fazer! Que espere você me chamar de volta? - seu tom neutro me fez gelar, odiava quando ele o usava, nunca conseguia interpretar como ele estava realmente.

— não, eu não...

— fale Babi, o que lhe trouxe aqui?

Respirei fundo. Nem eu sabia o que fazia ali, poderia pedir que permanecesse em minha vida, que me amasse, mas não conseguia dizer em alto e bom som. Suplicar por amor é humilhante e nenhum ser humano devia se humilhar à tal ato, porém, ainda assim, eu queria me humilhar naquele momento.

— eu não sei. - Victor olhou o relógio em seu pulso.

— certo. Tem duas horas para pensar, até meu turno acabar.

— é dez da manhã, Victor.

— duas horas, Passos.

— esquece que eu estive aqui. - Victor riu. Olhei-o confusa. — qual a graça?

— você.

— desculpa?

— não é difícil dizer o que sente, ou pensa, Passos. Apenas fale.

— para você é fácil.

A porta da sala de abriu em um baque.

— desculpa interromper. - Marcos pediu - seu pai solicita sua presença, senhor Camilo.

Victor levantou-se, organizou rapidamente os papéis em sua mesa.

— vejo você lá em cima, daqui duas horas.

Encarei confusa o modelo sair da sala junto fo secretário.

[...]

— eu não sei o que significa Fun. — revirei os olhos, mesmo que a mulher não pudesse ver.

— como não? Bárbara Passos, você tem que saber.

Depois de ser "deixada" na sala do Camilo mais novo, acabei voltando para minha e ligando para Funbabe. A fala de Victor ainda rodava minha mente, não fazia ideia ao quê ele se referia.

— acontece que eu não sei. - suspirei cansada. Minha mesa estava uma bagunça, diversos desenhos estavam espalhados ali.

— pense em alguma coisa que seja apenas de vocês.

— Funbabe, não temos algo só nosso há anos.

— e o que tinham?

Como um estalo em minha mente.

— a cobertura.

— o que? Que cobertura mulher?

— nós vemos mais tarde, tchau Fun.

Desliguei rapidamente, não dando chance para a mulher responder. Chequei o relógio, ainda me restava uma hor e meia até vê-lo. Tentei focar nos papéis em minha mesa, mas não conseguia. Minha mente gritava por ele.

DE REPENTE, MÃE - BABICTOROnde histórias criam vida. Descubra agora