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Voltar para casa não havia sido uma tarefa difícil, mas expulsar o trio havia. Miih me ligava de hora em hora na intenção de saber como eu estava, aquilo era irritante em certo ponto.

O tom laranja do pôr do sol tomou conta da sala, estava feliz com o final daquele dia. Amanhã seria diferente, um novo dia, novas chances. Me sentei próxima a janela, a fim de aproveitar todo aquele momento. A quanto tempo não fazia aquilo afinal? Permaneci ali até a lua ter tomado o lugar do sol.

Sophia dormia calmamente em seu carrinho, próximo ao sofá. Poderíamos passar o resto da noite ali, não era o lugar mais confortável da cada, no entanto, naquele momento, me trazia a paz que eu necessitava. Não sei ao certo quanto tempo passei olhando para a cidade e o céu, mas, diversas casas já se encontravam apagadas. Poucas pessoas ainda caminhavam pela rua. Passei a imaginar o que faziam ali, aproveitavam a noite? Ou talvez apenas estivessem voltando do trabalho.

O toque do meu celular despertou Sophia. Maldita seja a pessoa que me ligava. Busquei meu telefone, um pouco raivosa. Não seria Milena, ela iria trabalhar a noite, não havia motivos para continuar me ligando. Para minha surpresa o nome "Bruno Bittencourt" (N/A: nessa fic o PH é o pai do Victor - caso ainda não tenham percebido - e ao longo da história eu tenho me referido ao PH como "senhor Camilo", mas as vezes eu posso trocar o sobrenome, não se importem muito continua sendo a mesma coisa, e só pra que não se confundam o nome do coringa nessa história é Victor Augusto Camilo Bittencourt, por esse motivo eu posso trocar de vez em quando) tomava conta da tela. Atendi rapidamente, para ele me ligar algo ruim havia acontecido.

— boa noite senhorita Passos, me perdoe por ligar tão tarde.

— tudo bem senhor Camilo, aconteceu algo?

— nada com o que se preocupar, apenas quis ressaltar meu e-mail.

E-mail? Que e-mail?

— desculpa senhor, e-mail? - uma breve risada foi ouvida por mim do outro lado da linha. Céus, ele estava rindo? Pensei que era quase impossível isso acontecer.

— mandei para senhorita, mas não obtive resposta.

— ahh... Desculpa senhor Camilo, fiquei tão feliz pelo desfile que esqueci de ver os e-mails - não era totalmente mentira.

— tudo bem senhorita Passos, nos vemos amanhã certo?

— certo...? - respondi incerta, por sorte Bruno desligou.

Pensei em olhar o e-mail, mas as milhares de notificações me pareciam mais atrativas. O resmungo de Sophia me fez olhá-la.

— com fome pequena? - me aproximei da bebê, tomando a mesma em meus braços. A cozinha estava uma bagunça, tudo graças ao trio. Revirei os olhos, não achava nada que eu prescisava, porque tinham que mudar tudo de lugar? - aonde está sua mamadeira Sophia? Seus tios são a bagunça em pessoa.

A bebê nem prestava até no que eu falava, estava mais focada na alça de minha blusa. Revirei rapidamente a louça, e não havia nada ali. Os armários estavam praticamente vazios, boa parte dele estava na pia. Ótima mãe eu sou, não sei nem onde está a mamadeira de Sophia. Os leves resmungos de Sophia se tornaram mais frequentes, sabia que logo tudo isso se tornaria um belo choro. Revirei toda a cozinha, mas não achei. Pensei em ligar para Milena, mas ela deve estar ocupada nesse momento. Eu não sei iria atrapalhar o sono de Bradoock, ele teria um longo dia pela manhã. Já GS, bom ... Não fazia idéia do que estava fazendo e do que iria fazer no dia seguinte, então liguei pra ele, três tentativas e nada.

Sophia me olhava, suspirei cansada. Liguei para a única pessoa que poderia me ajudar no momento: Victor. O quarto toque me fez perder as esperanças, ele deveria estar ocupado.

— Babi...? - seu tom de voz sonolento tomou conta da cozinha do apartamento. Aí meu deus, eu o acordei, olhei desesperada para o relógio, 23:00. Me arrependi de ter ligado para ele, não queria o acordar.

— desculpa Victor, não queria te acordar - disse por fim, já tinha acordado ele, pelo menos deveria explicar o motivo.

— aconteceu algo?

Ouvi uma barulho no qual eu não consegui identificar, talvez fosse ele se sentando na cama ou talvez alguém estivesse ao seu lado. E se Suellen estiver com ele? Porque eu nunca penso direito antes de fazer algo.

— não, não aconteceu nada senhor Camilo, desculpa por ter te acordado - o resmungo de Sophia se tornou choro, eu estava perdida naquele momento.

— Babi o que está acontecendo? Porque Sophia está chorando

— está tudo bem Vic... Senhor Camilo, me perdoe por ter atrapalhado sua noite de sono, isso não se repetirá.

Desliguei rapidamente, antes que ele pudesse me responder. Minha relação com Victor era coisa do passado, atualmente ele era meu superior. Barba aonde você estava com a cabeça?

Sophia chorava em meu colo, pensei em fazer seu leite em um copo, porém não havia mais leite. O que eu faria agora? Como pude ser tão distraída assim? Passei a chorar junto com Sophia. Prescisava sair para comprar suas coisa, apesar de ser tarde.

Fui atrás de um casaco, vesti o primeiro que encontrei. Enrolei Sophia em uma coberta, peguei minha carteira e sai do apartamento. Tentei acalmar Sophia com a chupeta, o que não adiantou. Assim que entramos no elevador ela começou a chorar mais ainda, torci pra que nenhum vizinho acordasse com o choro dela. Assim que sai do elevador o porteiro me olhou, não consegui entender seu olhar, mas naquele momento nada mais me importava além de um supermercado.

Quando pisei na calçada me dei conta que não tinha pegado meu celular, ou seja, eu não poderia pedir um uber, e táxi naquela hora era algo impossível. Ótimo teria que ir andando, não poderia voltar para pegar meu celular, Sophia acordaria o prédio inteiro.

Tentei focar no caminho que fazia, porém com Sophia berrando em minha orelha seria impossível. Nunca desejei tanto que minha mãe estivesse ali para alcamá-la. Não tinha mais contato com meus pais a anos, mesmo assim, queria que eles estivessem aqui, eles saberiam o que fazer com Sophia.

Suspirei cansada. As poucas pessoas que passavam na rua, olhava para nós. Não conseguia fazer ela se acalmar, e não sei bem quando comecei a chorar também. Queria sentar no meio da rua e gritar, gritar para Carol voltar. Eu não dava conta, não conseguia fazer aquilo sozinha.

Congelei ao ver um carro ao nosso lado, não conseguia ver quem estava dentro. É agora que eu morro? Deus, por favor, eu pedi para trazer Carol de volta, não para me levará até ela. Tentei ir mais rápido, mas percebi que seria inútil. Seria minhas pernas, nada atléticas por sinal, com uma bebê o colo, contra uma pessoa no carro, porém o que custa tentar?

Como uma luz no fim do túnel, vi uma pequena farmácia aberta na esquina. Estava perto, talvez eu conseguisse.

Comecei a correr, Sophia se assustou com isso, quis rir dos seus olhinhos arregalados, porém não era um bom momento, meu foco tinha que estar totalmente na minha perna. Nunca fui de realizar exercícios físicos, e naquele momento estava repensando minhas atitudes, se saísse bem dali, e iria começar a fazer academia o mais rápido possível. Não sei como consegui chegar na farmácia, mas eu havia chegado. Meu fôlego não era um dos melhores, muito menos minha aparência, porém ali eu estava a salvo, certo?

Consegui comprar o leite de Sophia, e duas mamadeiras. Acho que a bebê entendeu o que estávamos fazendo já que parou de chorar. Após pagar me preocupei, e se a pessoa ainda estivesse ali? E se esperasse eu sair para fazer algo ruim comigo e com Sophia? O medo tomava conta do meu corpo, entretanto não tinha muito o que fazer, prescisava voltar para casa de algum jeito. Me agarrei mais em Sophia. Respirou fundo e saí da farmácia. Provavelmente todas as cores do meu rosto sumiram naquele momento, lá estava o carro estacionado na frente da farmácia. Aquela seria minha morte? Sério mesmo Deus?

— eu te amo Sophia - susurrei para a pequena em meus braços.

A porta  do carro se abriu. Não conseguia ver o rosto da pessoa, mas tinha um porte físico bom. Maravilha, não teria nem chance de correr, eu poderia tentar, no entanto seria alcançada rapidamente. Sem olhar para a pessoa passei a andar rapidamente, mas parei ao ser puxada pela cintura, geleia dos pés a cabeça.

Deus salve Sophia, foi a única coisa que eu pensei.

DE REPENTE, MÃE - BABICTOROnde histórias criam vida. Descubra agora